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por Marcos Paulo de Oliveira Santos

 

O bônus-hora


Figura nas páginas de “Nosso Lar” a compreensão acerca do bônus-hora. No capítulo 23 da referida obra, André, na companhia da senhora Laura, queria saber sobre o bônus-hora, se era uma espécie de serviço amoedado.

Ela explica: “Não é propriamente moeda, mas ficha de serviço individual, funcionando como valor aquisitivo. Em Nosso Lar a produção de vestuário e alimentação elementares pertence a todos em comum. Há serviços centrais de distribuição na Governadoria e departamentos do mesmo trabalho nos Ministérios. O celeiro fundamental é propriedade coletiva”.

Isto nos leva a uma meditação, qual seja, a depender da natureza e complexidade da atividade, o valor aquisitivo pode ser duplicado ou triplicado.

O essencial é ofertado pela colônia. Ou seja, provisões de pão e roupa. No entanto, os que se esforçam na obtenção do bônus-hora conseguem certas prerrogativas na comunidade social.

Ainda sobre a temática, André pergunta: “O administrador ganhará oito bônus-hora na atividade normal do dia, e o operário do transporte receberá a mesma coisa? Não é o trabalho do primeiro mais elevado que o do segundo?”

A senhora Laura sorriu e respondeu:

Tudo é relativo. Se, na orientação ou na subalternidade, o trabalho é de sacrifício pessoal, a expressão remunerativa é justamente multiplicada. (...) A maioria dos homens encarnados está simplesmente ensaiando o espírito de serviço e aprendendo a trabalhar nos diversos setores da vida humana. Por isso mesmo, é imprescindível fixar as remunerações terrestres com maior atenção. Todo o ganho externo no mundo é lucro transitório. (...) é indispensável considerar que setenta por cento dos administradores terrenos não pesam os deveres morais que lhes competem, e que a mesma porcentagem pode ser adjudicada a quantos foram chamados à subordinação. Vivem, quase todos, a confessar ausência do impulso vocacional, recebendo embora os proventos comuns aos cargos que ocupam. Governos e empresas pagam a médicos que se entregam à exploração de interesses outros e a operários que matam o tempo. Onde, aí, a natureza de serviço? Há técnicos da indústria econômica, que nunca prezaram integralmente a obrigação que lhes assiste e valem-se de leis magnânimas, à maneira de moscas venenosas no pão sagrado, exigindo abonos, facilidades e aposentadorias. Creia, porém, que todos pagarão muito caro a displicência”.

Eis outra consideração da senhora Laura de que aqui fizemos um recorte devido à longa resposta. O trabalho, no mundo espiritual, apresenta outro significado. Assim como a remuneração desse trabalho.

Conforme a narrativa da nobre senhora, no mundo físico, raros são os que se dedicam de fato e são assíduos ao trabalho. Raros são os que compreendem a relevância da sua função no âmbito da sociedade e desempenham suas atribuições da melhor maneira possível.

A maior parte está preocupada com facilidades e remunerações polpudas. E preferem matar o tempo em outras atividades, mas sempre às expensas da empresa ou dos governos. Lá, no mundo espiritual, a situação é diversa. A análise é mais profunda, complexa e, consequentemente, o bônus-hora é correspondente à natureza da atividade desenvolvida.

Adiante, André pergunta se podemos ofertar os nossos bônus-hora a favor dos amigos.

E dona Laura responde: “Perfeitamente. Poderemos repartir as bênçãos de nosso esforço com quem nos aprouver. Isto é direito inalienável do trabalhador fiel. Contam-se por milhares as pessoas favorecidas em Nosso Lar, pela movimentação da amizade e do estímulo fraternal. Quanto maior a contagem do nosso tempo de trabalho, maiores intercessões podemos fazer. Compreendemos aqui que nada existe sem preço e que para receber é indispensável dar alguma coisa”.

Aqui fica evidente que para se ter maiores intercessões é necessário dar algo de si. É imperioso considerarmos que conforme os créditos morais e de caridade de que dispomos, nós podemos solicitar a ajuda a algum familiar, amigo ou por nós mesmos.

Por fim, André pergunta sobre a questão da herança.

E dona Laura responde que não há complicações a este respeito, visto que os valores são revertidos ao patrimônio comum: a manutenção da residência adquirida para o abrigo da família espiritual; o auxílio das organizações espirituais por onde ela trabalhou; o próprio auxílio ao seu processo de reencarnação etc.

A obra “Nosso Lar” é bastante fecunda em diversos aspectos da vida espiritual. Caso o(a) leitor(a) queira acompanhar os comentários que tenho feito a respeito do livro, pode acompanhar por meio do canal no YouTube. Para acessar, clique aqui



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita