O bônus-hora
Figura nas páginas de “Nosso Lar” a compreensão acerca
do bônus-hora. No capítulo 23 da referida obra, André,
na companhia da senhora Laura, queria saber sobre o bônus-hora,
se era uma espécie de serviço amoedado.
Ela explica: “Não é propriamente moeda, mas ficha de
serviço individual, funcionando como valor aquisitivo.
Em Nosso Lar a produção de vestuário e alimentação
elementares pertence a todos em comum. Há serviços
centrais de distribuição na Governadoria e departamentos
do mesmo trabalho nos Ministérios. O celeiro fundamental
é propriedade coletiva”.
Isto nos leva a uma meditação, qual seja, a depender da
natureza e complexidade da atividade, o valor aquisitivo
pode ser duplicado ou triplicado.
O essencial é ofertado pela colônia. Ou seja, provisões
de pão e roupa. No entanto, os que se esforçam na
obtenção do bônus-hora conseguem certas prerrogativas na
comunidade social.
Ainda sobre a temática, André pergunta: “O
administrador ganhará oito bônus-hora na atividade
normal do dia, e o operário do transporte receberá a
mesma coisa? Não é o trabalho do primeiro mais elevado
que o do segundo?”
A senhora Laura sorriu e respondeu:
“Tudo é relativo. Se, na orientação ou na
subalternidade, o trabalho é de sacrifício pessoal, a
expressão remunerativa é justamente multiplicada. (...)
A maioria dos homens encarnados está simplesmente
ensaiando o espírito de serviço e aprendendo a trabalhar
nos diversos setores da vida humana. Por isso mesmo, é
imprescindível fixar as remunerações terrestres com
maior atenção. Todo o ganho externo no mundo é lucro
transitório. (...) é indispensável considerar que
setenta por cento dos administradores terrenos não pesam
os deveres morais que lhes competem, e que a mesma
porcentagem pode ser adjudicada a quantos foram chamados
à subordinação. Vivem, quase todos, a confessar ausência
do impulso vocacional, recebendo embora os proventos
comuns aos cargos que ocupam. Governos e empresas pagam
a médicos que se entregam à exploração de interesses
outros e a operários que matam o tempo. Onde, aí, a
natureza de serviço? Há técnicos da indústria econômica,
que nunca prezaram integralmente a obrigação que lhes
assiste e valem-se de leis magnânimas, à maneira de
moscas venenosas no pão sagrado, exigindo abonos,
facilidades e aposentadorias. Creia, porém, que todos
pagarão muito caro a displicência”.
Eis outra consideração da senhora Laura de que aqui
fizemos um recorte devido à longa resposta. O trabalho,
no mundo espiritual, apresenta outro significado. Assim
como a remuneração desse trabalho.
Conforme a narrativa da nobre senhora, no mundo físico,
raros são os que se dedicam de fato e são assíduos ao
trabalho. Raros são os que compreendem a relevância da
sua função no âmbito da sociedade e desempenham suas
atribuições da melhor maneira possível.
A maior parte está preocupada com facilidades e
remunerações polpudas. E preferem matar o tempo em
outras atividades, mas sempre às expensas da empresa ou
dos governos. Lá, no mundo espiritual, a situação é
diversa. A análise é mais profunda, complexa e,
consequentemente, o bônus-hora é correspondente à
natureza da atividade desenvolvida.
Adiante, André pergunta se podemos ofertar os nossos
bônus-hora a favor dos amigos.
E dona Laura responde: “Perfeitamente. Poderemos
repartir as bênçãos de nosso esforço com quem nos
aprouver. Isto é direito inalienável do trabalhador
fiel. Contam-se por milhares as pessoas favorecidas em
Nosso Lar, pela movimentação da amizade e do estímulo
fraternal. Quanto maior a contagem do nosso tempo de
trabalho, maiores intercessões podemos fazer.
Compreendemos aqui que nada existe sem preço e que para
receber é indispensável dar alguma coisa”.
Aqui fica evidente que para se ter maiores intercessões
é necessário dar algo de si. É imperioso considerarmos
que conforme os créditos morais e de caridade de que
dispomos, nós podemos solicitar a ajuda a algum
familiar, amigo ou por nós mesmos.
Por fim, André pergunta sobre a questão da herança.
E dona Laura responde que não há complicações a este
respeito, visto que os valores são revertidos ao
patrimônio comum: a manutenção da residência adquirida
para o abrigo da família espiritual; o auxílio das
organizações espirituais por onde ela trabalhou; o
próprio auxílio ao seu processo de reencarnação etc.
A obra “Nosso Lar” é bastante fecunda em diversos
aspectos da vida espiritual. Caso o(a) leitor(a) queira
acompanhar os comentários que tenho feito a respeito do
livro, pode acompanhar por meio do canal no YouTube.
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