Amigo libanês
"Um amigo é uma pessoa com a qual se pode pensar em voz
alta." - Ralph
Waldo Emerson
Há vários séculos (cerca de 5000 anos!), o Líbano – por
situar-se estrategicamente às margens do Mar
Mediterrâneo e entre a Europa e a Ásia – sempre foi
entreposto de comércio e transporte mundial.
A habilidade de seu povo em comerciar – desde os
fenícios – certamente foi e é influenciada pelos fatores
acima referidos.
“A cultura do Líbano é uma miscelânea de várias
civilizações, ao longo de milhares de anos.
Originalmente, o Líbano foi a terra dos fenícios e,
posteriormente, ocupado por assírios, persas, gregos,
romanos, árabes, fatímidas, cruzados, turcos otomanos e,
franceses.”
Diferencia-se totalmente da cultura de outros países
árabes, pela mente aberta, por suas várias
Universidades, o povo alfabetizado, e tratarem a mulher
com dignidade. Além do idioma árabe, falam também o
francês e o inglês.
O famoso cedro do Líbano margeia as encostas de uma de
suas duas cadeias de montanhas. Sua história e sua
cultura é rica; seu povo, generoso. Consta que, ao
acolher um viajante, oferecem-lhe, entre outras coisas o
café – para eles símbolo da fraternidade.
Por muitos de seus caminhos de pedra andou Jesus, a
divulgar sua magnífica mensagem de harmonia e paz.
Após sua independência, em 1943, até 1975, Beirute
(capital do Líbano), foi conhecida como a Suíça do
Oriente Médio. Europeus investiram maciçamente na
região, estimulando o turismo, além de outros interesses
que não cabe aqui indicar.
Após o ano de 1975, o país sofreu com sucessivas
guerras.
Israel, oprimindo dolorosamente os Palestinos (embora
sejam, em sua origem, povos irmãos), anexando partes de
seu território, motivou sangrentos combates, de parte a
parte.
Muitos palestinos emigraram para o sul do Líbano, na
divisa com Israel, e, a partir dali, disparam seus
ataques contra os judeus, atraindo retaliações que
atingem não só os palestinos, mas também civis
libaneses, de todas as idades. Tais conflitos perduram
há décadas, gerando dores incontáveis.
Em 4 de agosto de 2020 houve dolorosa e extraordinária
explosão, no porto de Beirute, destruindo não só o
porto, mas grande parte da linda cidade, agravando os já
imensos sofrimentos de seus habitantes.
Espanta-me a mim a crueldade com que judeus tratam os
palestinos. Até parece que não foram vítimas do
inconcebível Holocausto. Será que se esqueceram dessa
tragédia que se abateu sobre seu povo?
-.-
Entre os amigos sinceros que cultivo, admiro e respeito,
conto com um de origem libanesa, de personalidade
invulgar.
Veio muito jovem para o Brasil, onde aprendeu nosso
idioma e até se tornou Professor de nossa língua pátria,
que aprendeu a amar.
É sabido que nós brasileiros acolhemos fraternalmente
irmãos de todas as pátrias, e que apreciamos sua rica
diversidade cultural em várias áreas.
Temos enorme afinidade com árabes em geral – conheceram
os mascates? –, japoneses, italianos e originários de
todas as pátrias.
É notável que árabes e judeus – que se entredevoram no
Oriente, a se guerrearem há séculos, em nosso país
convivem fraternalmente. No Rio de Janeiro vivem lado a
lado, no comércio. Chegam aqui e se contagiam do
espírito pacífico da maioria dos brasileiros.
Esses fatos enriqueceram a cultura de nosso amado Brasil
– amado também por todos que emigram para cá! –, que se
enriqueceu, ao acolher tudo de bom que todos os povos
têm!
Nota-se essa influência não só na culinária riquíssima,
mas na música e nas artes em geral! E as suas apreciadas
frutas?
-.-
Voltando ao nobre amigo, destaco nele, entre outras
virtudes, a serenidade, a afabilidade e a pureza de
sentimentos.
Se um grupo no qual ele se encontra, mesquinhamente fala
mal de algum ausente, após correr a roda da
maledicência, volta-se para ele e indagam-lhe o que tem
a dizer, ele generosamente responde:
– E ele não tem alguma virtude que possamos ressaltar?
Silêncio ensurdecedor se forma imediatamente,
desfazendo-se o grupo!
Construiu bela família que, nestes últimos tempos,
presentearam a ele e à esposa, com netos que os encantam
e que amam permanecer na casa dos avós, pela ampla
liberdade que ali usufruem!
“Dizem que quando Deus tem compaixão dos velhos,
manda-lhes netos.”
Por amar sua família, valoriza muito frase de autor
anônimo, que lhe repassei:
“A gente aprende a ser filho quando se torna pai; e
aprende a ser pai quando se torna avô!”.
E sua generosidade? Quando é para compartilhar ações que
beneficiam os semelhantes, ele colabora prontamente. E o
faz com alegria estampada na face. Disso, tivemos mais
de uma prova.
Espero que nossa amizade se perpetue séculos afora e que
se multiplique na Terra uma multidão de homens com esse
belo caráter!
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