Na erraticidade
“Conhece-te a ti mesmo, e o teu saber iluminará o
Universo.” – Sócrates
Contou-nos certo dirigente de um centro espírita que um
veterano orador certa feita, em uma de suas costumeiras
palestras na casa, fez uma afirmativa não muito de
acordo com os ensinamentos da doutrina. Disse ele que os
Espíritos têm um prazo fixo para permanecerem na
erraticidade.
O confrade dirigente, discordando da afirmativa do
orador, foi depois ter uma conversa com o orador, que
sempre trouxe suas palestras dentro das bases da
Codificação.
E entendeu o que houve. Um fato mais comum do que
pensamos. Nosso orador leu tal informação em obra que
traz conteúdo em desacordo, traz “novidades” que muitos
oradores descuidados não percebem, que muitos conceitos
passam longe da lógica da doutrina. Buscando autores
duvidosos, muitos conceitos são entendidos de forma
errada e acabam criando confusão no entendimento do
Espiritismo.
No capítulo 6 de O Livro dos Espíritos, que trata
da vida espírita, na questão 223, Kardec pergunta:
- A alma reencarna logo depois de se haver separado do
corpo?
- Algumas vezes reencarna imediatamente, porém de
ordinário só o faz depois de intervalos mais ou menos
longos. Nos mundos superiores, a reencarnação é quase
sempre imediata. Sendo aí menos grosseira a matéria
corporal, o Espírito, quando encarnado nesses mundos,
goza quase de todas as suas faculdades de Espírito,
sendo seu estado normal o dos sonâmbulos lúcidos entre
vós.
Na questão 224, temos:
- Que é a alma no intervalo das encarnações?
- Espírito errante, que aspira a novo destino que o
espera.
a) Quanto podem durar esses intervalos?
- Desde algumas horas até alguns milhares de séculos.
Propriamente falando, não há extremo limite estabelecido
para o estado de erraticidade, que pode prorrogar-se
muitíssimo, mas não é perpétuo. Cedo ou tarde, o
Espírito terá que volver a uma existência apropriada.
Concluindo: Precisamos consultar outras fontes, se temos
aí Kardec e os Espíritos que o assessoraram com mediana
clareza?
Agir diferente disso não é querer inventar?
Não será o caso de querer mostrar uma sapiência que não
temos?
Raymundo Rodrigues Espelho é autor do
livro Retalhos de recordações.
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