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por Martha Triandafelides Capelotto

 

Aprender a fazer


“Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos.” (O Livro dos Espíritos - Questão 685/A.)


Quando falamos que a Doutrina Espírita guarda um rico manancial de possibilidades educativas, não se revestem de exagero essas palavras. O conteúdo universalista da Doutrina e, ser ao mesmo tempo, uma revivência aos ensinamentos primeiros do Cristianismo, como regra de conduta a seguir, oferece-nos roteiros que possibilitam transformações a partir do saber e do conhecimento. Como nos ensina Ermance Dufaux, “a informação espírita é cultura, e a cultura em si não abriga o saber, porque o saber implica o uso da informação para gerar a transformação – meta essencial da proposta espírita”.

Por outro lado, nem sempre se apresenta fácil saber como fazer para que todas essas informações que nos chegam sejam praticáveis, uma vez que estamos atrelados, cada um de nós, a níveis diferentes de compreensão e entendimento. Por sua natureza tríplice, por sua origem divina e por sua destinação eterna, todos os homens são iguais. Por filiação a um mesmo Pai, todos os homens são irmãos. Mas, por sua individualidade, todos os homens são diferentes.

 Assim, como fazer para que a educação moral se revele em cada um como instrumento de aperfeiçoamento espiritual? Como aprender a dialogar? Como vencer o melindre? Como perdoar incondicionalmente? Como amar os inimigos? Como superar os impulsos mentais de violência e tantas outras questões igualmente importantes e que, se não forem praticadas, retarda a ascensão espiritual?

O que fica bastante nítido é que o momento conclama uma nova tomada de posição. Para instruir é preciso uma pedagogia mais palpável que permite ao estudante uma absorção vivencial dos conhecimentos.

Desse modo, poderíamos trazer aqui sugestões dadas pelo Espírito acima mencionado, no tocante a quatro situações, tais como: 1) a transmissão do conteúdo: não é mais importante acumular informação, mas saber pensar, saber organizar o trabalho, saber gerenciar o conhecimento. Contextualizar é aprender a estabelecer uma relação de parceria com o conhecimento espírita, a fim de transformá-lo em instrumento do crescimento pessoal; 2) A pedagogia do afeto: é a didática da relação parceira, interativa, pois na vida a relação nunca é monologal; 3) Os projetos vivenciais: além do gestor do conhecimento, o centro espírita deve ser um laboratório de encontros humanos, com projetos de estudo e oficinas para esferas específicas de necessidades, mentalidade educativa centrada em valores pelo desenvolvimento de competências, dinâmicas de expressão e criatividade nos campos da vida interpessoal e 4) Os relacionamentos educativos: os projetos não podem ser artificiais. Sua eficácia é comprovada no próprio círculo onde se efetiva, através de relações de afeto que são tecidas entre os convivas, base segura e produtiva para grupos que buscam a contextualização.

As sugestões apresentadas podem ser aplicadas em qualquer outro ambiente. Não só no Centro Espírita.

Em breve síntese, algumas medidas que poderão ajudar os rumos educacionais do século XXI, aprendendo “a saber” fazer para promover a transformação espiritual.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita