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por Paulo da Silva Neto Sobrinho

 

Na solene assembleia, ao apagar das luzes de 1799, quem portava a tiara rutilante?


“Geralmente os filósofos ficam namorados de suas teorias, e as defendem apaixonadamente.” (Alexandre Aksakof)


Na obra Cartas e Crônicas, psicografia de Chico Xavier (1910-2002), é registrada a mensagem do Irmão X, pseudônimo do Espírito Humberto de Campos, intitulada “Kardec e Napoleão”.

Temos visto vários confrades, que julgamos não haver necessidade de nominalmente citá-los, identificarem o personagem portador da tiara rutilante como sendo Allan Kardec (1804-1869). Acreditamos não se tratar dele, mas é oportuno que o identifiquemos.

Na mensagem temos que a assembleia ocorreu em 31 de dezembro de 1799. São mencionados destacados personagens históricos que dela fizeram parte, incluindo Allan Kardec. Também alguns encarnados lá compareceram, entre eles Napoleão.

Vamos transcrever alguns parágrafos, enumerados na fonte, o que vai facilitar a identificação quando os comentarmos.

14 Imediatamente uma estrada de luz, à maneira de ponte levadiça, projetou-se do Céu, ligando-se ao castelo prodigioso, dando passagem a inúmeras estrelas resplendentes.

15 Em alcançando o solo delicado, contudo, esses astros se transformavam em seres humanos, nimbados de claridade celestial.

16 Dentre todos, no entanto, um deles avultava em superioridade e beleza. Tiara rutilante brilhava-lhe na cabeça, como que a aureolar-lhe de bênçãos o olhar magnânimo, cheio de atração e doçura. Na destra, guardava um cetro dourado, a recamar-se de sublimes cintilações…

17 Musicistas invisíveis, através dos zéfiros que passavam apressados, prorromperam num cântico de hosanas, sem palavras articuladas.

18 A multidão mostrou profunda reverência, ajoelhando-se muitos dos sábios e guerreiros, artistas e pensadores, enquanto todos os pendões dos vexilários arriavam, silenciosos, em sinal de respeito.

19 Foi então que o corso se pôs em lágrimas e, levantando-se, avançou com dificuldade, na direção do mensageiro que trazia o báculo de ouro, postando-se genuflexo, diante dele.

20 O celeste emissário, sorrindo com naturalidade, ergueu-o, de pronto, e procurava abraçá-lo, quando o Céu pareceu abrir-se diante de todos, e uma voz enérgica e doce, forte como a ventania e veludosa como a ignorada melodia da fonte, exclamou para o Napoleão, que parecia eletrizado de pavor e júbilo, ao mesmo tempo:

– Irmão e amigo ouve a Verdade, que te fala em meu espírito! Eis-te à frente do apóstolo da fé, que, sob a égide do Cristo, descerrará para a Terra atormentada um novo ciclo de conhecimento…

(segue uma belíssima preleção, buscando tocar o coração do Imperador)

32 Confiamos, pois, ao teu espírito valoroso a governança política dos novos eventos e que o Senhor te abençoe!…

33 Cânticos de alegria e esperança anunciaram nos céus a chegada do século XIX e, enquanto o Espírito da Verdade, seguido por várias cortes resplandecentes, voltava para o Alto, a inolvidável assembleia se dissolvia…

34 O apóstolo que seria Allan Kardec, sustentando Napoleão nos braços, conchegou-o de encontro ao peito e acompanhou-o, bondosamente, até religá-lo ao corpo de carne, no próprio leito. (XAVIER, F. C. Cartas e Crônicas.)

Os principais pontos que merecem ser ressaltados para a identificação:

14. A expressão “uma estrada de luz” é um simbolismo com o qual se faz referência de vários Espíritos puros que chegam para participar da assembleia.

16. Havia entre eles um de destacada autoridade, que tinha uma tiara à cabeça e um cetro dourado na mão direita, passando uma ideia de ser um Espírito comparável a um rei.

18. Diante desse ser iluminado, todos se ajoelham, demonstrando exatamente essa posição superior que ele tinha.

20. É designado de “celeste emissário”, ou seja, alguém que vinha em nome de Deus. “O Céu pareceu abrir-se” uma possível referência a algo semelhante que aconteceu com Jesus após ser batizado por João Batista.

33. O “celeste emissário” é citado como sendo o Espírito de Verdade, no momento em que voltava para o Alto.

34. Diz que Allan Kardec, presente à assembleia, sustenta Napoleão nos braços, para religá-lo ao corpo, fato que ocorreu após o Espírito de Verdade retornar à região celeste de onde veio.

Entendemos que, com que vimos nessa análise, não há nenhuma possibilidade desse personagem iluminado ser outra pessoa que não o Espírito de Verdade, que, segundo pesquisa que fizemos, é o próprio Jesus.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita