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por Rogério Miguez

 

Você não está sozinho


O noticiário informa, a todo momento, que a Humanidade avança celeremente, a passos largos, na aquisição de avançados conhecimentos científicos sobre o funcionamento do macrocosmo.

Notícias sobre descobertas em Marte se fazem comuns. Poderosas sondas, após serem lançadas com sucesso da superfície terrestre, viajam por anos a fio alcançando regiões jamais investigadas ou observadas pelo homem, em setores próximos do espaço sideral de nossa Via Láctea.

O lado escuro da Lua foi finalmente visitado por um pequeno robô que analisou a sua superfície e algumas camadas interiores do solo lunar.

A procura por indícios de vida extraterrestre é um dos focos desta corrida espacial, da qual participam pouquíssimos competidores, contudo, à custa de quantias inimagináveis na construção de sondas, robôs e foguetes, pois, sem estes avançadíssimos dispositivos, não há como dar continuidade à exploração do incomensurável Universo.

E a Humanidade maravilhada enaltece estes significativos progressos, orgulhosa de seu saber técnico e científico, entretanto, com preocupação, observamos que, enquanto as missões espaciais se multiplicam rumo ao macrocosmo, na Terra, o microcosmo dos humanos ainda intriga e desafia a ciência a entender por quais razões há tantas dores e sofrimentos grassando entre os terráqueos.

Busca-se a vida fora da Terra, enquanto a vida terrestre ainda se desenvolve entre tantas incertezas, desigualdades, misérias e enigmas.

Um dos grandes desafios a ser vencido, seguramente, é o de encontrar uma solução ao que já se convencionou chamar de o mal do século: a depressão.

O homem olha as estrelas com os olhos desbravadores, ávido por conhecer orbes distantes, tal qual fez no passado ao explorar os desconhecidos e longínquos rincões da Terra, rumando intrépidos em busca de novas terras, singrando pelos então ainda inexplorados sete mares. Todavia, o alcance de sua vista parece olvidar de priorizar o que se passa no seu planeta interior, este, permanecendo relativamente esquecido, aguarda que mudanças ocorram no modo como se vive para, quem sabe, controlarmos e, talvez, solucionarmos a problemática dos deprimidos que sofrem, muitos silenciosamente, as suas variadas dores íntimas sem saber como lidar, muito menos como evitar a instalação deste cenário desafiador em seu mundo íntimo.

Entretanto, a seu dispor, já há bom tempo, a humanidade dispõe de uma Doutrina eminentemente consoladora que pode lançar muita luz sobre a temática, bem como sobre outros enigmas que intrigam sociólogos, filósofos, médicos, psiquiatras, psicólogos, entre tantos. Estes pensadores e pesquisadores materialistas, em sua maioria, buscam uma firme resposta para as causas desta doença, porém, baseando suas hipóteses e propostas saneadoras apenas na constituição da matéria, ignorando ou desconsiderando totalmente que o mal do século se radica de fato na alma, e não na química dos átomos e estruturas moleculares, assim, não atingem o cerne da questão, em consequência, o número de aflitos com depressão vem aumentando exponencialmente.

Há no Espiritismo algumas chaves mestras, podendo ser utilizadas para abrir portas do conhecimento hoje fechadas, que permitirão investigar, sob outra ótica, estas condutas intrigantes, amargurando milhões de indivíduos que não conseguem bem suportar as naturais adversidades da vida, enquanto outros, as encaram com relativa naturalidade. Esta significativa dificuldade em enfrentar os contratempos do cotidiano faz com que os primeiros, desalentados, se entreguem, passando a viver:

· isolados do trabalho e dos familiares com claros prejuízos à sua economia moral;

· evitando os contatos sociais tão necessários para a manutenção do equilíbrio interior;

· desgostosos e sem esperança em dias melhores, vislumbrando apenas horizontes sombrios para o futuro;

· inquietos e irritadiços, tristes e desanimados, amedrontados e receosos com tudo e com todos, tornando a vida quase insuportável;

· experimentando insônia ou distúrbios do sono, o que os fadiga mais ainda, consumindo as suas já escassas energias;

· regularmente apresentando um quadro de saúde debilitada, pois a mente, atuando continuadamente em parcial desequilíbrio, fustiga o corpo biológico conduzindo a outras doenças, em outras áreas do corpo físico;

· com o ávido desejo para a chegada da morte na expectativa de se verem livres de todas estas mazelas, entre tantas outras indesejadas características presentes no universo íntimo dos deprimidos.

Em resumo, é como se vivessem imersos em um interminável e cruel pesadelo, sem condições de despertar deste sonho mau, temporariamente incapazes de enxergar a beleza da vida, com as suas incontáveis alegrias possíveis de serem experienciadas quando os sentimentos negativos não prevalecem no interior do ser humano.

E quais seriam algumas destas chaves mestras:

· A noção da individualidade do Espírito e sua sobrevivência ao fenômeno da morte. De posse desta proposta, poder-se-ia informar ao doente da alma que seu sofrimento terá termo, nesta ou em outra vida. E mais, ciente da impossibilidade de se autodestruir, poderá encontrar meios de renovar as suas combalidas forças para jamais sequer cogitar sobre o uso da falsa porta de escape da vida pelo suicídio. Aprenderá que da morte escaparemos sempre, da vida jamais.

· A compreensão dos mecanismos de provas e expiações, que alcançam a generalidade dos Espíritos. Muitas vezes o Espírito deprimido experimenta apenas uma expiação, resposta amarga de condutas distantes das leis divinas exercitadas em existências anteriores, ou seja, uma colheita indesejada de uma semeadura equivocada no passado. Entendendo que é o autor de sua própria desdita, poderá se pacificar, reconhecendo que precisa de tempo para readquirir seu equilíbrio emocional.

· A necessidade da reencarnação para se alcançar a relativa perfeição, meta fatal de todos os seres vivos. Para aquele que sofre hoje, a lei de Deus das muitas vidas é uma informação importantíssima, pois passa a entender que no futuro, às vezes, até nesta mesma existência, estará livre deste indesejado estado, que é sempre passageiro.

· O mecanismo da obsessão, causa principal da depressão, talvez a chave mestra mais importante para investigar com mais propriedade as causas deste mal que vitima incontáveis vidas. Conscientizado sobre a realidade da existência do mundo espiritual e sua intensa relação com o mundo corporal, nem sempre positiva, o depressivo poderá, através de renovadas condutas, impedir que seja atormentado por Espíritos temporariamente desorientados – os obsessores -, sobrecarregando o seu universo íntimo com apreensões artificiais. Poderá ajudar sobremaneira em seu processo de readaptação à normalidade da vida, se aprender como se forrar do assédio pernicioso da obsessão.

· O aprendizado de que Deus é justo e amoroso com todos os Seus filhos. Com este conhecimento, poderá encontrar paz interior na certeza de que não foi esquecido ou preterido pelo Criador ao nascer e, por conta desta suposta desatenção de Deus, agora teria que amargar uma existência sombria e monótona, tão peculiar àqueles sofrendo do mal do século. Não, a justiça divina jamais permitiria tal injustiça.

Os profissionais que lidam com a saúde mental, bem como outros pensadores, dedicados e valorosos estudantes da mente humana, dispõem de explicações insuperáveis, através da Doutrina dos Espíritos, para abordar outras causas da depressão – as espirituais -, entretanto, infelizmente, insistem em manter estas chaves mestras sem uso, abandonadas nas estantes. Estas valiosas ferramentas lhes permitiriam melhor orientar a todos aqueles prisioneiros de si mesmos, em suas árduas lutas para suportar a vida, dia após dia.

Até agora, abordamos a questão, basicamente destacando as possibilidades oferecidas pelo Espiritismo no suporte àqueles que se especializaram nas práticas psicológicas e médicas, contudo, mesmo se não pudermos consultar estes profissionais, por razões diversas, a riqueza da Doutrina é tamanha que também oferece seguras orientações para o acometido, temporariamente pelo mal da depressão, utilizar por si mesmo, ainda que esteja só.

Nas horas em que você estiver se sentindo solitário, com seus pensamentos em uma espiral sem fim, sem aparente saída, muito menos respostas às suas muitas indagações íntimas, lembre-se que todos nós temos um Espírito, designado por Deus, para nos acompanhar de perto, ajudando sem descanso em nosso processo evolutivo, sendo este Espírito de grande evolução, capaz de, seguramente, nos comunicar uma tranquilidade adicional tão necessária para atenuar o conflito pessoal em horas críticas de desalento.

Este anjo guardião pode ser chamado mentalmente em todas as horas, visto que a missão dele é de nos apoiar, assim, sempre que estejamos em dúvida de como proceder, de que forma continuaremos a “tocar” a vida, mentalizemos este amigo do espaço com firmeza e convicção através de uma prece e conversemos com ele mentalmente, apresentemo-nos de coração aberto e, certamente, ele nos ajudará comunicando calma, alívio e novas forças para atravessar estes graves momentos quando tudo parece não funcionar, e a vida passa a não fazer mais nenhum sentido.

Jamais estamos sozinhos, sempre temos alguém para nos escutar, não importa o que tivermos feito.

E, para ajudar ainda mais na retomada do equilíbrio, leiamos muito, ocupemos as nossas mentes, não deixando-as ao abandono, façamos sempre uma faxina, por meio dos bons livros, nas ideias derrotistas e sombrias que cultivamos, pois as entidades desocupadas do espaço gostam e se aproximam de mentes ociosas. Não permitamos que elas ocupem a nossa casa mental, comunicando as suas tristezas e desgostos, que ainda carregam, mesmo já desencarnadas, às muitas que já cultivamos e nos atormentam.

Deus é Pai amoroso e não desampara nenhuma de suas ovelhas, ainda mais aquelas sentindo-se desgarradas por conta de seus estados íntimos de solidão, apartadas do rebanho, com Ele, podemos vencer e retornar ao convívio pacífico e salutar com os nossos muitos companheiros de jornada.

É possível vencer a depressão!


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita