Mensagem de
Georges sobre os Espíritos puros
(Parte 1)
“Ficamos sujeitos a
enganos sobre o sentido de certas expressões e de certos
fatos, em virtude do hábito de interpretarmos os outros
de acordo com as nossas próprias condições.” (ALLAN
KARDEC)
Como a mensagem de Georges
merece um pouco mais de desenvolvimento e teremos que
relembrar muita coisa para podermos analisar sua
mensagem, por isso resolvemos tratar dela neste artigo à
parte.
É oportuno informar que na
Revista Espírita 1860 existem várias mensagens
assinadas “Georges (Espírito familiar)”. Allan
Kardec via que “Suas comunicações, como Espírito, trazem
a marca de uma tal superioridade” (KARDEC, Revista
Espírita 1860, p. 265) e São Luís, protetor da
Sociedade Espírita de Paris, disse que ele “encontra-se
colocado entre os Espíritos superiores”. (KARDEC,
Revista Espírita 1860, p. 265.)
Para se ter uma visão de
conjunto torna-se necessário mencionar alguns pontos
sobre os Espíritos puros e os anjos da guarda,
resumindo-os ao máximo possível, porquanto, algo isolado
do conjunto, como seria o caso de tomarmos somente a
mensagem de Georges, poderá não corresponder a tudo que
se tem sobre eles.
1)
O Livro dos Espíritos:
a) 113 – Primeira Classe.
Classe Única (Escala Espírita: Primeira Ordem –
Espíritos puros)
[…] São os mensageiros
e ministros de Deus, cujas ordens executam para a
manutenção da harmonia universal. Comandam todos os
Espíritos que lhes são inferiores, ajudando-os a se
aperfeiçoarem e lhes designam missões. […]
São chamados, às vezes,
de anjos, arcanjos ou serafins.
Os homens podem entrar em
comunicação com eles, mas presunçoso seria aquele que
pretendesse tê-los constantemente às suas ordens.
(KARDEC, O Livro dos Espíritos, Parte Segunda,
cap. 1, Petit, p. 76, grifo nosso.)
Podemos
evocar os Espíritos puros “[…] mas muito raramente
atenderão. […]” (KARDEC, O Livro dos Espíritos,
Parte Segunda, cap. 1, Petit, p. 76, grifo nosso.)
b) Questão 490:
Que se deve entender por
anjo da guarda?
“O Espírito protetor,
pertencente a uma ordem elevada.” (KARDEC, O
Livro dos Espíritos, p. 238, grifo nosso.)
c) Questão 495:
[…] tendes sempre ao
vosso lado seres que vos são superiores, prontos
sempre a vos aconselhar e amparar, a vos ajudar a
escalar a áspera montanha do bem, e que são amigos mais
firmes e mais devotados do que as mais íntimas ligações
que possais contrair na Terra, […] vosso anjo da
guarda estará convosco: […]. (KARDEC, O Livro dos
Espíritos, p. 240, grifo nosso.)
d) Questão 507:
Todos os Espíritos
protetores pertencem à classe dos Espíritos superiores?
Poderão alguns contar-se entre os das classes
intermediárias? Um pai, por exemplo, pode tornar-se o
Espírito protetor de seu filho?
“Pode, mas a proteção
supõe certo grau de elevação e um poder ou uma virtude a
mais, concedidos por Deus. […].” (KARDEC, O Livro
dos Espíritos, p. 244, grifo nosso.)
e) Questão 509:
Mesmo no estado de
selvageria ou de inferioridade moral, os homens também
têm os seus Espíritos protetores? Caso tenham, esses
Espíritos são de ordem tão elevada quanto a dos
Espíritos protetores dos homens muito adiantados?
“Cada homem tem um
Espírito que vela por ele, mas as missões são relativas
ao seu objetivo. Não dais a uma criança, que está
aprendendo a ler, um professor de filosofia. O
progresso do Espírito familiar segue de perto o do
Espírito protegido. Tendo vós mesmos um Espírito
superior que vela por vós, podeis, por vossa vez,
tornar-vos o protetor de outro que vos seja inferior,
e os progressos que este realize, com o auxílio que lhe
dispensardes, contribuirão para o vosso adiantamento.
[…].” (KARDEC, O Livro dos Espíritos, p. 244,
grifo nosso.)
f) Questão 514, comentário
de Allan Kardec:
O Espírito protetor, anjo
de guarda, ou bom gênio é
o que tem por missão seguir o homem na vida e ajudá-lo a
progredir. É sempre de natureza superior, com relação
ao protegido. (KARDEC, O Livro dos Espíritos,
p. 245, grifo nosso.)
g) Questão 519:
As aglomerações de
indivíduos, como as sociedades, as cidades,
as nações, têm Espíritos protetores especiais?
“Têm, pela razão de que
esses agregados são individualidades coletivas que,
caminhando para um objetivo comum, precisam de uma
direção superior.” (KARDEC, O Livro dos Espíritos,
p. 247, grifo nosso.)
h) Questão 520:
Os Espíritos protetores
das coletividades são de natureza mais elevada do que os
que se ligam aos indivíduos?
“Tudo é relativo ao
grau de adiantamento, quer se trate de
coletividades, quer de indivíduos.” (KARDEC, O Livro
dos Espíritos, p. 247, grifo nosso.)
i) Questão 888:
Não olvideis jamais que
o Espírito, qualquer que seja o grau de seu
adiantamento, sua situação como reencarnado, ou na
erraticidade, está sempre colocado entre um
superior, que o guia e aperfeiçoa, e um inferior, para
com o qual tem que cumprir esses mesmos deveres.
[…]. (KARDEC, O Livro dos Espíritos, p. 381,
grifo itálico do original, negrito nosso.)
2)
O Evangelho segundo o
Espiritismo:
PREFÁCIO. Todos temos,
desde o nosso nascimento, um Espírito bom que se ligou a
nós e nos tomou sob a sua proteção. […].
Seu nome pouco importa,
pois pode acontecer que ele não tenha nome conhecido
na Terra. Invocamo-lo, então, como nosso anjo
guardião, nosso bom gênio. Podemos mesmo
invocá-lo sob o nome de qualquer Espírito superior,
que nos inspire a mais viva e particular simpatia.
Além do nosso anjo da
guarda, que é sempre um Espírito superior, temos
Espíritos protetores que, embora menos elevados, não são
menos bons e benevolentes;
são parentes, ou amigos, ou, algumas vezes, pessoas que
não conhecemos na existência atual. […]. (KARDEC, O
Evangelho segundo o Espiritismo, p. 339, grifo
nosso.)
3)
O Céu e o Inferno:
12. […] Os Espíritos
puros são os messias ou mensageiros de Deus para a
transmissão e execução das suas vontades. Executam
as grandes missões, presidem à formação dos mundos e
à harmonia geral do universo, tarefa gloriosa a que
se não chega senão pela perfeição. Os da ordem mais
elevada são os únicos a possuírem os segredos de
Deus, inspirando-se no seu pensamento, de que são
diretos representantes. (KARDEC, O Céu e o
Inferno, p. 37, grifo nosso.)
13. As atribuições dos
Espíritos são proporcionadas ao seu progresso, às luzes
que possuem, às suas capacidades, experiência e grau de
confiança inspirada ao soberano Senhor. […] os mais
dignos compõem o supremo conselho, sob as vistas de
Deus, é atribuída a chefes superiores a direção
de turbilhões planetários, e a outros conferida a de
mundos especiais. Vêm, depois, pela ordem de
adiantamento e subordinação hierárquica, as
atribuições mais restritas dos prepostos aos progressos
dos povos, à proteção das famílias e indivíduos, ao
impulso de cada ramo de progresso, às diversas operações
da Natureza até os mais ínfimos detalhes da Criação.
Neste vasto e harmônico conjunto há ocupações para todas
as capacidades, aptidões e esforços de boa vontade;
ocupações que são aceitas com júbilo, solicitadas com
ardor, por serem um meio de adiantamento para os
Espíritos que aspiram a elevar-se. (KARDEC, O Céu
e o Inferno, p. 37, grifo nosso.)
5)
A Gênese:
“A missão dos Espíritos
protetores é um dever que eles aceitam
voluntariamente e que é, para eles, um meio de
adiantamento, segundo a maneira pela qual a
realizam.” (KARDEC, A Gênese, p. 105, grifo
nosso.)
6)
Revista Espírita 1865:
[…] Há duas espécies de
perfeições bem distintas uma da outra: as perfeições
relativas que nos são inspiradas pelo guia do
momento, guia, bem longe ainda do cume da escala das
perfectibilidades, mas ultrapassando somente seus
protegidos em razão da compreensão da qual são
capazes. (KARDEC, Revista Espírita 1865, p. 250,
grifo itálico do original, negrito nosso.)
Finalizando, citaremos a
obra Filosofia Espírita – Volume X, o
Espírito Miramez, que explicitando essa resposta, q.
509, diz:
A evolução do protetor é
de acordo com o protegido.
Junto a um Espírito altamente evoluído, movendo-se em um
corpo de carne, certamente que a justiça colocará
como guia um Espírito de maior elevação do que um
Espírito ignorante. Quem poderá guiar um
missionário envolvido nos fluidos da carne, a não ser um
missionário mais elevado que lhe possa dar melhores
orientações acerca da sua missão? […].
O apoio a um índio em
estado espiritual embrionário que nesta reencarnação
começa a despertar o raciocínio não pode ser igual ou do
mesmo nível ao do protetor de Francisco de Assis. A
própria razão nos diz que não deve ser assim.
[…] Se os lares têm
igualmente seus protetores, as cidades também são
apoiadas por algum Espírito elevado na ordem a que
pertence tal comunidade. Em todo o Universo, todos
os indivíduos e agrupamentos, tudo que existe tem seus
responsáveis, tendo como Guia Supremo, Deus. (MAIA,
Filosofia Espírita – Volume X, p. 101, grifo nosso.)
Esse conjunto de
informações, que aqui relembramos, não fornece nenhum
elemento com o qual poderemos afirmar que os anjos da
guarda sejam os Espíritos puros.
(Continua na próxima edição desta revista.)
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