Quase que, por toda parte da Terra, encontramos os companheiros sofredores ou desorientados, à feição de viajores sem bússola, que lhes aponte o rumo certo. Muitas vezes, estarão detendo a fortuna amoedada e outros exibem superioridade intelectual manifesta pela inteligência cultivada que já conquistaram, mas transportam consigo o íntimo atormentado que procuram disfarçar. Isso, porém, não os torna menos infelizes. Tanto quanto ocorre aos irmãos francamente desventurados, seja pela penúria material ou por amargas provações ocultas, guardam a impressão de que o frio da adversidade lhes vergasta a vida por dentro de si mesmos. E a lista desses companheiros se alonga, cada vez mais, conforme se nos faz possível relacionar: os doentes; os desabrigados; os esquecidos; os angustiados; os perturbados; os tristes; os cansados; os desesperados; os quase suicidas; os abandonados; os revoltados; os desanimados; os desiludidos; os arrependidos; os desvalidos; os insatisfeitos; os desnorteados; os marginalizados; os injuriados; os que carregam o fardo da direção; os que administram, entre a inquietação e a responsabilidade; os subalternos incompreendidos; os desempregados por culpa própria; os que cometem atos puníveis pela justiça; os desertores do próprio dever; os sanatorizados sem razão; os acusados por faltas que não perpetraram; os que a necessidade costuma enlouquecer de sofrimento; e tantos outros que não conseguimos enumerar. Para esses companheiros sob a ventania das provações foi escrito este livro. Por isso mesmo, denominamo-lo “Refúgio”. Que este refúgio de paz e amor, compreensão e boa vontade, possa confortá-los e reerguer-lhes o ânimo, em nome de Jesus, nosso Divino Mestre e Senhor, são os nossos votos.