Imensa dívida!
Nos Estados Unidos não existe um sistema previdenciário de saúde como em nosso país. Reclamamos do nosso, mas existem aquelas pessoas que, no país do Tio Sam, nem um sistema precário possuem.
Nessa época da pandemia pelo coronavírus, um senhor dirigiu-se à secretaria de um hospital onde fora tratado para acertar a conta referente à sua internação devido à Covid 19, e espantou-se com a taxa de 500 dólares cobrada pelo oxigênio utilizado para salvar-lhe a vida, fora as demais despesas, evidentemente.
A funcionária que o atendia, percebendo o espanto daquele senhor, propôs-lhe um prazo para o acerto da dívida. O homem, entretanto, esclareceu que não se surpreendia pelo valor cobrado pelo oxigênio utilizado apenas em dois dias de tratamento, mas fez uma reflexão muito profunda! Ele que estava com 70 anos de idade respirara o ar que a Providência Divina proporciona aos habitantes do planeta Terra por todos esses anos, sem nunca ter que pagar nada a Deus!
Qual será a nossa dívida para com o Criador por esse corpo físico repleto de recursos que nos mantém a vida na escola do mundo físico?
Quanto devemos por um coração que pulsa incansavelmente desde o ventre materno e que é a razão de imensa alegria dos casais que o veem e ouvem através do ultrassom nos exames do pré-natal?
Quanto devemos à Providência Divina pelos pulmões que continuam a nos manter vivos no corpo mesmo depois que adormecemos, agredido tantas vezes pelo hábito do cigarro?
Qual será nossa dívida pelos rins que filtram determinadas impurezas do corpo mantendo as condições de uma vida saudável?
E como avaliar a nossa dívida para com o fígado, essa usina de trabalho que analisa e corrige o sangue que passa por ele sem cessar, depurando-o das substâncias nocivas ao corpo que habitamos, mesmo quando agredido pelo vício do álcool?
Qual seria o valor do nosso trato gastrointestinal preparando os alimentos que ingerimos e absorvendo-os para fornecer o material necessário à manutenção da vida orgânica?
Como avaliar nossos globos oculares que permitem visualizarmos as coisas belas da vida que a natureza nos proporciona, sem nos referirmos aos entes queridos a quem amamos tanto?
E a nossa voz? Qual seria o seu preço? Somente aqueles que dela se veem privados poderiam nos oferecer um orçamento mais correto!
Perguntemos aos amputados ou paralisados sobre os valores das pernas que nos permitem o deslocamento para onde desejarmos.
O que dizer de nossas mãos, esses instrumentos perfeitos que nos permitem os mais complexos movimentos e as mais saudáveis utilizações? Na dúvida, procuremos o auxílio dos que não as possuem para a devida avaliação.
Quando o Evangelho aborda a questão da dificuldade do rico de entrar no reino dos céus, sendo mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, sem entrarmos na discussão do real significado dessa passagem, ponderemos se com todos os recursos que o nosso corpo físico nos oferece de maneira incansável durante anos seguidos de uma existência na carne, se não podemos nos incluir entre os ricos da referência citada.
Qual o valor de um corpo físico que proporciona de forma incansável tantos meios para bem utilizarmos nossa reencarnação?
Façamos uma conta grosseira com o auxílio dos amputados, cegos, surdos e mudos, paralisados, deficientes mentais, daqueles que vivem dependentes de uma hemodiálise e, talvez, obtenhamos um valor, embora muito distante, da realidade sobre o quanto devemos ao Criador por tanto que recebemos.
O senhor norte-americano não se espantou diante dos 500 dólares cobrados por dois dias de utilização do oxigênio necessário à sua sobrevivência, mas com o quanto estaria a dever para Deus por ter respirado de graça durante os 70 anos que já vivera!
Obviamente que o Criador nada nos cobra pelo muito que nos permite ter nessa avalanche de recursos que o corpo coloca à nossa disposição ininterruptamente a cada dia no corpo material, mas existe um cobrador inflexível que nos apresentará essa conta em cada retorno nosso ao mundo espiritual e que se chama consciência!
Estaremos preparados para enfrentar essa conta e justificar os desvios cometidos em nossas escolhas, nos caminhos pelos quais enveredamos na posse do livre-arbítrio, nos vícios sustentados, nos desequilíbrios cometidos e que promoveram o desgaste antecipado de nosso uniforme utilizado na escola da Terra?
Perante Deus não existirá nenhuma conta, mas perante a consciência teremos uma imensa dívida!