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por Maurício Rodrigues

 

Saúde mental reclama compreensão espiritual do ser


O jornal Correio Braziliense, em seu editorial de 29/01/21 intitulado “A saúde mental pede socorro”, trouxe importante reflexão sobre o tema, destacando o agravamento nos quadros de depressão, ansiedade e outras patologias mentais. Destacou-se o Brasil como segundo país em número de depressivos nas Américas e também com maior prevalência de ansiedade, baseado em dados da OMS.

A matéria informa que estudos preveem expressivo aumento do número de casos ligados ao sofrimento mental pós-pandemia e sugere a necessidade urgente de buscar ajuda profissional. Destaca-se advertência dos especialistas sobre quadros de depressão e ansiedade levarem a distúrbios do sono, agressividade, baixo nível de tolerância, abuso de substâncias psicoativas e ideação suicida. Após enfatizar a necessidade de conscientizar a população sobre a importância de cuidar da saúde mental, destaca a necessidade de mudança de hábitos, alimentação saudável, atividades físicas, meditação e manutenção de uma rede socioafetiva como recursos importantes para conquistar qualidade de vida.

A temática desafia naturalmente o espírita a reflexionar sobre o assunto e buscar, no repositório doutrinário, suporte que lhe esclareça sobre uma perspectiva que inclua outros ingredientes importantes como as experiências da vida física e extrafísica que somam os milênios, bem como a pluralidade das existências (Q 166 b OLE) e a necessidade do conhecimento de si mesmo conforme indicam os instrutores da vida maior (Q 919 OLE).

A doutrina espírita apresenta um vasto conteúdo em sua estrutura doutrinária e traz luz a esse drama humano colocando-nos em outro patamar de compreensão; apresenta circunstâncias geradoras de conflitos íntimos e revela a origem provável de inúmeros transtornos psíquicos, quando explica a saga do Espírito imortal, esse viajante ainda desconhecido em sua intimidade espiritual.

Uma contribuição extraordinária veio a lume por meio de Léon Denis com o livro “O problema do ser, do destino e da dor”. Há pouco mais de cem anos, esse inspirado filósofo espírita apresentava, em três partes dessa preciosa obra, um detalhamento das descobertas feitas pelo codificador nas obras básicas do Espiritismo, nos apresentando conceitos como: “Só o Espírito pode julgar e compreender o Espírito, e isso na razão do grau de sua evolução” (Pág. 63) e “É necessário o choque das provações, as horas tristes e desoladas para fazê-lo compreender a fragilidade das coisas externas e encaminhá-lo para o estudo de si mesmo, para a descoberta de suas verdadeiras riquezas espirituais”. (Pág. 359.)

O conhecimento espírita oferece a possibilidade de aprofundar a investigação da mente humana por meio dos registros da consciência espiritual que explica a trajetória do ser imortal, e assim descortina novo horizonte de compreensão, ajudando a decifrar enigmas que desafiam a ciência do comportamento humano.

O Espiritismo pode ser um valioso aliado na conquista e manutenção da saúde mental e espiritual com vasto conjunto de recursos à disposição de todos, por meio de sua literatura edificante, filmes, seminários, congressos, arte espírita, e, no espaço de amor das casas espíritas, o atendimento fraterno, passe ou fluidoterapia, tratamento espiritual (em tempos de pandemia muitas ofertas fraternas continuam sendo oferecidas a distância através de plataformas virtuais diversas).

A procura por uma instituição espírita permite acesso à essência do Espiritismo por meio de sua filosofia, como bússola para nortear a vida; sua ciência, para esclarecer as relações com os Espíritos, e a religião, nos ligando à mensagem do Cristo, tendo por consequência a gradual conquista íntima da plenitude.

É tranquilizador para a alma ter a possibilidade de acessar ensinamentos libertadores de consciência que estimulam a criatura, numa oportunidade de conhecer a si mesma, além de trazer explicações esclarecedoras como as que constam do evangelho: “De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se o preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida” - item 4 Cap. V de E.S.E (Causas atuais das aflições).

Estar aberto ao conhecimento espírita e acolher a realidade espiritual pode ser a diferença entre a lágrima persistente da desesperança e o sorriso resignado da alma sobre o seu futuro.

É possível desfrutar da alegria de viver em cada alvorecer, com o coração pleno de paz e esperança, vencer a tristeza e o desânimo, iluminar nossos dias com fé e caminhar confiantes para o futuro feliz que nos aguarda, eis o consolador prometido pelo Cristo nos acolhendo e solicitando pequena cota pessoal de esforço redentor para a vitória sobre nós mesmos.

 

Fontes:

Correio Braziliense - edição de 29/01/21 (Editorial).

O Livro dos Espíritos – FEB Ed. 2003 (Trad. Guillon Ribeiro).

O Evangelho segundo o Espiritismo – FEB Ed. 127 – 2007 (Trad. Guillon Ribeiro.)

O problema do ser, do destino e da dor – FEB - 26 Ed. 05/2003.

 

Nota da Redação:

Maurício Rodrigues é palestrante espírita radicado no Distrito Federal. O texto acima foi contemplado no concurso A Doutrina Explica – 2020-2021, promovido pelo Jornal Brasília Espírita (www.atualpa.org.br), com o objetivo de sensibilizar para a leitura, o uso da biblioteca espírita e levar a conhecer alguma metodologia de pesquisa para apoiar o estudo doutrinário, além de incentivar os participantes para o potencial de racionalização e explicação da realidade social e espiritual pela Doutrina Espírita. 



 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita