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por Ricardo Baesso de Oliveira

 

Deolindo e os cursos de Espiritismo


Resolvi escrever sobre isso motivado por uma visita recente (com máscara e tudo o mais, e vacinado!) à Livraria espírita cristã, entidade que tem mais de sessenta anos de existência, em nossa cidade de Juiz de Fora, no estado de Minas. Interessava-me adquirir obras de Deolindo Amorim, para uma apreciação mais atenta de suas ideias. Surpreendeu-me o fato de que a livraria não dispusesse de um único exemplar de nenhuma de suas obras.

Não pude furtar-me ao pensamento de que esquecemos, muito facilmente, aqueles que construíram os edifícios que hoje nos albergam. Deolindo, para quem não sabe, foi um dos grandes divulgadores dos cursos sistematizados de estudos espíritas, nos últimos anos da década de 50, do século passado, no Instituto de cultura espírita do Brasil (ICEB) fundado por ele (e outros), no Rio de Janeiro.

Disse, na época, que seu maior objetivo era justamente despertar interesse pelos estudos espiritualistas em geral, e, de um modo especial, melhorar o nível intelectual de doutrinadores e expositores da Doutrina Espírita, dando-lhes oportunidade franca de formar um lastro de cultura capaz de atender às próprias exigências da vida moderna em relação à divulgação da doutrina.[i]

Questionado por que o Instituto de Cultura Espírita do Brasil desempenhava seu papel através de um curso regular de Espiritismo, Deolindo respondeu:
O Instituto é uma entidade nova, mas não tem a pretensão de ser original, visto como a ideia de cursos de Espiritismo é muito mais antiga do que a nossa geração, conquanto muitas pessoas ainda vejam nisto um arremedo acadêmico, sem utilidade para o progresso do Espírito. Não é verdade, e é o bom senso, é a experiência que o demonstra. Que nos baste apenas recordar que partiu do próprio Allan Kardec a primeira ideia de um curso regular de Espiritismo. Está em “Obras Póstumas”, no projeto de 1868, já muitas vezes citado. Um curso – dizia ele – para “desenvolver os princípios da ciência e difundir o gosto pelos estudos sérios”. A ideia, portanto, vem de longe. Kardec, com a sua iluminação espiritual, já previa há quase um século, a repercussão do Espiritismo também na cultura humana, e por isso ele próprio chegara a dizer que o Espiritismo ainda viria retificar os erros da História.[ii]

Os cursos regulares de Espiritismo se generalizaram, e poucas agremiações espíritas não os oferecem. Os mais jovens devem acreditar que esses cursos sempre existiram, pois Kardec, em sua época, se referiu enfaticamente à importância deles, mas, na verdade, quase oito décadas foram necessárias para que os cursos se tornassem uma realidade.

Alguns anos depois de Deolindo, em 1970, no Paraná, Alexandre Sech cria o COEM – Curso de orientação e educação mediúnica, cujos resultados notáveis são observados por quase todos nós.

Finalmente, nos anos 80, a Federação espírita brasileira, oferece o ESDE – Estudo sistematizado da Doutrina espírita.

Felizmente, confrades de boa vontade disponibilizaram alguns livros de Deolindo, gratuitamente, através da internet. Podemos assim, revisitar suas ideias e compartilhar os pensamentos desta importante figura do movimento espírita brasileiro.


 

[i] Site do ICEB

[ii] idem



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita