Sofres
Sofres agravo e injúria, a golpes no caminho;
Entretanto, alma boa,
Se queres carregar as chagas dolorosas
Como espinhos de dor, recobertos de rosas,
Ama, serve e perdoa.
Sofres a ingratidão dos que estimas no mundo,
Arde-te o coração em sofrimento e chama,
Mas se anseias fazer das lágrimas que choras
Estrelas, orações, risos e auroras,
Perdoa, serve e ama.
Sofres angústias mil pelo ideal que abraças,
Na fé que te abençoa;
Se desejas, porém, achar na mágoa que te alcança
A fonte de água viva da esperança,
Ama, serve e perdoa.
Sofres acusações indébitas na estrada,
Em rajadas de pedra a desfazer-se em lama;
Se procuras, no entanto, a paz e a luz da escola,
Pela luta do bem, ao fel que desconsola,
Perdoa, serve e ama.
Em toda provação que o mal te arme na vida,
Se buscas transformar a sombra que enodoa
Em lições de bondade e canções de alegria,
Perdoa, serve e ama, em tudo, dia a dia,
E seja com quem for, ama, serve e perdoa.
Do livro Antologia da
Espiritualidade, obra psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier.