Descriminalização
Ainda se discute quanto
à possibilidade de
descriminalização de
condições como o aborto,
as drogas e a
posse/porte de armas. A
esse respeito trago para
a reflexão o seguinte
pensamento de André
Luiz:
É imperioso, assim, que
a sociedade humana
estabeleça regulamentos
severos a benefício dos
nossos irmãos contumazes
na infidelidade aos
compromissos assumidos
consigo próprios, a
benefício deles, para
que se não agreguem a
maior desgoverno, e a
benefício de si mesma, a
fim de que não regresse
à promiscuidade
aviltante das tabas
obscuras, em que o
princípio e a dignidade
da família ainda são
plenamente desconhecidos. [i]
André referia-se ao
divórcio, que não
deveria ser facilitado,
mas o texto se aplica a
outras questões
importantes. A ideia
central é essa: deve a
sociedade estabelecer
regulamentos severos
para proteger o
indivíduo de si mesmo, e
proteger a sociedade de
ações que colocam em
risco o bem-estar
pessoal e coletivo.
Alguns indivíduos não
precisam de regras para
agir corretamente;
outros, apesar das
regras de comportamento
social, se conduzirão de
forma indesejável, mas
existe uma multidão de
pessoas, entre esses
dois extremos, que podem
caminhar para um lado ou
para outro, dependendo
de certas condições. E
os princípios
estabelecidos como
normas podem, para esse
grupo, se constituir de
um freio salutar.
Quase sempre, a
flexibilização social de
regras de comportamento
vem acompanhada de um
agravamento nos índices
do malfeito. De forma
equivalente, as
proibições e a
vigilância em relação ao
cumprimento dessas
proibições se mostram
efetivas na redução de
atitudes indesejáveis.
Vejamos alguns exemplos.
A campanha de
esclarecimento dos
malefícios do cigarro e
diferentes leis
proibitivas relacionadas
ao tabagismo reduziu, de
34,8% em 1989 para 12,6
% em 2019 o percentual
de tabagistas no
Brasil. [ii]
A lei seca relacionada à
condução de veículos
reduziu
significativamente o
número de mortes no
trânsito. [iii]
A criminalidade aumenta
quando se legaliza a
posse/porte de armas.[iv] Em
uma análise publicada em
2017 sobre o assunto, o
professor do Insper
(Instituto de ensino e
pesquisa) e pesquisador
em análise econômica do
direito, Thomas Conti,
aborda 61 trabalhos
acadêmicos sobre o tema
publicados entre 2013 e
2017, muitos deles
revisões a partir de
outras dezenas de
pesquisas. Ele conclui
que “as evidências são
completamente contrárias
à afirmação de que
colocar mais armas em
circulação não
aumentaria o número de
mortes acidentais”.[v]
Desde a legalização
do uso recreativo de
maconha no Canadá, em
outubro de 2018 (o Canadá
tornou-se o primeiro
país do G7 onde o
consumo recreativo da
erva também é legal), o
consumo da droga cresceu
no país, de
acordo com um novo
estudo da Insight West,
um instituto de
pesquisas canadense.
Segundo a pesquisa, quase
um quarto dos
entrevistados (23%)
afirmou ter feito uso da
droga desde a
legalização. Dentre
os antigos consumidores,
16% também afirmaram que
aumentaram o consumo
depois que ele foi
legalizado.
Mesmo com a liberação, 38%
dos consumidores de
maconha afirmaram ter
adquirido a droga ilegalmente no
primeiro trimestre de
2019. O preço
da droga é mais baixo no
mercado negro, cerca de
40% inferior.[vi]
Statistics Canada,
outro instituto que mede
as estatísticas do país,
estima que cerca de 75%
dos usuários de maconha
ainda usam cannabis
ilegal.[vii]
Após a legalização do
aborto no Reino Unido, o
número anual de abortos
subiu de 23 mil para 191
mil, um aumento de 730%,
diante de um crescimento
populacional de apenas
10% ao longo do mesmo
período.[viii]
Se desejamos uma
sociedade próspera,
pacífica e feliz,
devemos buscar uma
aproximação cada vez
maior das leis humanas
com as leis divinas. O
que não é bom para Deus,
não pode ser bom para o
homem.
Kardec esclarece:
[...] Jesus
quis dizer que era
necessário que a lei de
Deus fosse cumprida, ou
seja, que fosse
praticada sobre toda a
Terra inteira, em toda a
sua pureza, com todos os
seus desenvolvimentos e
consequências, pois de
que serviria ter
estabelecido essa lei se
fosse para privilegiar
alguns homens ou mesmo
um só povo? Todos os
homens, sendo filhos de
Deus, são, sem
distinções, objetos do
mesmo cuidado.[ix]
E também:
[...] o mal é sempre o
mal, e se o não fora,
poder-se-ia, escudado no
raciocínio, desculpar
todos os crimes e até
matar a pretexto de
prestar serviços. [x]
[i] Evolução
em dois mundos,
de André Luiz,
parte II, cap.
8.
[ii] Instituto
Nacional do
Câncer, 05/03/2021.
[iii] Correio
Braziliense,
18/06/2020.
[iv] BBC
News Brasil,1
agosto 2019, 'Se
há mais armas,
há mais crimes',
diz
criminologista
americano.
[vii] BBC
News Brasil, 4
janeiro 2020.
[ix] O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
cap. 1, item 3.
[x] O
Céu e o Inferno,
parte II, cap.
5.