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por Rogério Coelho

 

A necessária viagem ao próprio interior


É preciso abandonar a terra sáfara dos equívocos e do egoísmo


"Eu Sou o Caminho..." 
 - Jesus.  (Jo., 14:6)


Até agora ainda não logramos nossa definitiva alforria espiritual porque temos viajado pelos oceanos das reencarnações sem um mapa norteador que orientasse nosso périplo evolutivo através dos milênios, esquecendo-nos que Jesus, nosso "Modelo e Guia", é o Caminho... Ora, jamais poderemos empreender uma viagem sem primeiro atinar com a direção e adequar a bagagem indispensável à caminhada. Sendo Jesus o Caminho, a meta é: o Reino de Deus.

"O Reino de Deus está no meio de vós." - Jesus (Lc., 17:21)

Faz-se necessário um mapa: visualizemos, pois, o mapa da Palestina e teremos ao Norte: Damasco; ao Sul: Jerusalém; a Leste: Jericó; a Oeste: Emaús. Essas cidades, ligadas entre si por duas linhas perpendiculares, tomam o formato de uma cruz, símbolo daquela que devemos tomar em regime de despojamento do "eu propínquo", para, a partir de então, seguir a Jesus em direção ao Reino dos Céus.

"Em verdade vos digo que, se não converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no Reino dos Céus." - Jesus. (Mt., 18:3)

Nossa viagem começa no rumo norte, em direção à cidade de Damasco. Mas, o que significa Damasco?!

Sob o Sol inclemente do meio-dia, Saulo, caindo do cavalo, ajoelha-se nas areias escaldantes do deserto sírio, nas proximidades de Damasco, e, ante a mirífica e luminosa presença de Jesus, converte-se em Paulo, de perseguidor a seguidor, e, rendido em total submissão ao Mestre, indaga: ─ "Senhor! Que queres que eu faça?"

"A lama abrasada pelo calor do Divino Oleiro, se converte em vaso precioso. O lodo pestilento devidamente atendido converte-se em delicado perfume na intimidade da flor". (Joanna de Ângelis).

Faz-se, portanto, necessário que o "homem velho" atravesse o árido deserto da própria inutilidade, abandone a terra sáfara dos equívocos e egoísmo, convertendo-se no "homem novo" e disponha-se à mesma indagação: ─ "Senhor!... Que queres que eu faça?

"Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me." - Jesus. (Mt., 16:24)

Nossa direção agora é o Sul: Jerusalém! O que significa Jerusalém?

Era em Jerusalém que se encontrava o Templo de Salomão, onde os judeus se reuniam nas demonstrações de espiritualidade. Logo, tem isso o sentido de renúncia às coisas da horizontalidade, isto é, aos tesouros terrestres que estamos sempre a amealhar em detrimento dos tesouros dos Céus, prendendo-nos aos cipoais terrestres.

Foi em Jerusalém que o Mestre - em transportes de renúncia - doou Sua vida em holocausto!

"Somente com a renúncia sincera poderemos alcançar o Reino da Luz, prometido pelo Salvador." (Neio Lúcio)

"Meu Pai trabalha até hoje, e eu também." - Jesus (Jo., 5:17)

Seguimos agora para o Leste em direção a Jericó. O que significa Jericó?

Jericó era a cidade onde morava Zaqueu. Lá as pessoas dedicavam-se ativamente ao comércio. Várias rotas comerciais se entrecruzavam ali. Logo, temos aí o símbolo do trabalho.

"Para que o homem se integre na recepção da herança divina, não pode dispensar as certidões de trabalho próprio." (Emmanuel).

Há muito trabalho a realizar tanto na esfera do próprio "eu" quanto na dedicação aos que nos rodeiam. Lembremo-nos de que o próprio Mestre nos conclamou a esse posicionamento dinâmico em favor dos filhos do Calvário: "(...) curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios" (Mt., 10:8).

"O trabalho no bem é salvadora diretriz. Importa trabalhar sem esmorecimento, recordando que, de há muito o Senhor nos aguarda, precedendo-nos os impulsos de renovação com o próprio sacrifício."  (Joanna de Ângelis)

Finalmente chegamos à última etapa, onde, completado o grande périplo, lograremos atingir as condições básicas para a definitiva alforria espiritual e, eis que surge à nossa frente a cidade de Emaús, na direção Oeste. Que significa Emaús?

"E partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: cuida dele e tudo o que mais gastares eu to pagarei quando voltar." - (Lc., 10:35)

Iam dois discípulos pelo caminho de Emaús, falando entre si de tudo que havia sucedido. E aconteceu que Jesus se aproximou, e ia com eles. Cleófas admira-se, porque o "Desconhecido" parecia ignorar os acontecimentos recentes de Jerusalém. A seguir, porém, maravilham-se ambos com a sabedoria d`Aquele que os acompanhava ao ouvirem as narrativas que começavam por Moisés e por todos os profetas e lhes explicava o que se achava nas Escrituras.

Emaús, portanto, simboliza o acompanhamento, a volta, o retorno ao proscênio da Caridade para a complementação da obra. Nas leiras de trabalho no bem com Jesus, além das condições de conversão, renúncia e trabalho, faz-se necessário o acompanhamento, para revisão, para verificação do real aproveitamento e, principalmente, promoção e crescimento dos tutelados, evitando malversação de recursos na prática da beneficência... Assim, estaremos - por certo - acompanhando o Mestre dos mestres, seguindo-O no rumo da Eterna Luz.

Podemos, então, resumir o mapa de nossa viagem ao País de nossa Alma do seguinte modo: Norte - Damasco - conversão; Sul - Jerusalém - Renúncia; Leste - Jericó - Trabalho; Oeste - Emaús - Acompanhamento.

Com tais diretrizes, naturalmente lograremos o êxito na grande e necessária viagem ao interior da própria alma, realizando as condições básicas para o definitivo ingresso no Reino Maior, alforriando-nos em definitivo da planície dos equívocos e alcandorando-nos aos Cimos Gloriosos da Espiritualidade Superior, reino da paz imarcescível e da felicidade sem mescla. (1)


(1)
  Este artigo foi inspirado em uma palestra de Divaldo Pereira Franco.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita