A
medicação de São
Francisco
Chico Xavier comentava
que muitas pessoas
procuravam o Centro
espírita para encontrar
a solução dos seus
problemas já pronta, sem
a mínima cota de
participação do sofredor
em atendimento à
realidade de que
obteremos ajuda na
medida em que nos
ajudarmos. E isso é
realmente observado no
dia a dia quando a
frequência à Casa
espírita oscila pelo
fato do afastamento
daqueles que não
conseguiram dos
Espíritos o que
necessitavam, deixando
de frequentar essa ou
aquela Instituição que
não atendeu aos pedidos
formulados. Muitos
chegam até a
classificá-las como
fracas ou fortes
conforme tenham ou não
seu clamor atendido pelo
plano espiritual.
Lembro-me, muito ao
longe, de uma história
que circula no meio dos
adeptos do Espiritismo,
não sei se com o título
da farmácia de Deus ou
coisa semelhante, onde
as pessoas podiam entrar
e adquirir porções de
remédios para soluções
de suas dificuldades.
A procura por esse lugar
era muito grande! O povo
se aglomerava!
Formavam-se filas muito
longas porque, afinal,
os problemas e os
sofredores eram tantos!
Uns buscavam algumas
gramas de paz para
utilizar no lar. Outros
procuravam por alguma
quantidade de
felicidade, por menor
que fosse. Muitos
procuravam nas
“mercadorias” expostas
aos necessitados, alguma
dose de consolo pela
partida de um ente
querido através do
fenômeno da morte.
Como seria oferecida a
conformação que muitos
corações aflitos
procuravam? Por peso, em
centímetros, ou, talvez,
alguns milímetros? E
assim desfilavam
ansiosos na expectativa
de encontrarem as
soluções que os fizessem
felizes e possuidores da
paz tão almejada pelo
Espírito encarnado.
No final de um longo
corredor que se perdia
de vista, havia um local
onde se retiravam os
“produtos” de cada alma
necessitada. Mas, quando
chegava ao ponto para
retirar aquilo que fora
escolhido, para o
espanto geral, recebiam
apenas pequenas
sementes! Sim! Sementes
de paz, de alegria, de
conformação, de
humildade, de resignação
e tudo o mais que se
fazia necessário a cada
alma aflita. Apenas
sementes!
A Providência Divina
fornece a cada um de
seus filhos o gérmen de
todas as soluções de que
temos necessidade. Ao
necessitado cabe
cultivar o que já temos
no íntimo de nosso ser e
suficiente para nosso
crescimento espiritual
em busca da perfeição
que é o nosso destino
como nos convida o
Criador.
Sendo conhecedor dessa
realidade que teimamos
em não entender, São
Francisco nos deixou
algumas medicações que o
levou a uma consagrada
vitória sobre o mundo,
mesmo com todo o
sofrimento que
caracterizou a sua
reencarnação no século
XIII. Vamos a ela?
“Senhor, fazei de mim um
instrumento da vossa
paz!
Onde houver ódio, que eu
leve o amor;
Onde houver ofensa, que
eu leve o perdão;
Onde houver discórdia,
que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que
eu leve a fé...”
Não vamos transcrever em
sua totalidade a tão
sobejamente conhecida
oração de São Francisco
que, segundo alguns
respeitáveis estudiosos,
não nasceu da pena do
Santo de Assis, mas
inspirada em seus
exemplos constantes de
vida.
A medicação deixada por
ele ou por inspiração
dele, para todos nós que
caminhamos em nossa
estrada evolutiva, é a
atitude de realizar por
ele mesmo o que era
necessário para todos os
encarnados. São
Francisco não ficou
esperando e nem pedindo
a Deus que ocorresse um
milagre e caíssem dos
céus as bênçãos para os
corações aflitos da
existência. Ele pediu ao
Criador para ser o
instrumento, ou seja,
para realizar o trabalho
necessário para a
concretização do bem na
face do planeta.
Na maioria das Casas
espíritas falta essa
conscientização. Fica-se
aguardando que do Alto
desça sobre cada
necessitado, não a
semente, mas a solução
já pronta para os
problemas. Aquele que
pede não se dispõe a
realizar a parte que lhe
cabe no socorro que
busca. Chico observou
bem de perto essa
realidade. Podemos dizer
que viveu essa realidade
em meio a tantos
necessitados que
socorreu
incansavelmente.
Falta-nos a compreensão
de que é dando que se
recebe! De que é
perdoando que se é
perdoado! E é amando que
se é amado!
A receita, mais uma vez
está bem clara!
O problema é saber qual
a nossa disposição em
colocar a medicação em
nosso dia a dia na busca
do socorro que sempre
estamos a necessitar na
jornada terrestre.
Jesus, alguns séculos
antes, deixou medicações
semelhantes ao poverello de
Assis.
Parece-me que até hoje
relutamos em aviar a
receita na farmácia de
nossa consciência!