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por Altamirando Carneiro

 

Pérolas evangélicas

Na questão 742 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta: "Qual a causa que leva o homem à guerra?"
A resposta dos Espíritos: "Predominância da natureza animal sobre a espiritual e satisfação das paixões. No estado de barbárie os povos só conhecem o direito do mais forte, e é por isso que a guerra, para eles, é um estado normal. À medida em que o homem progride ela se torna menos frequente, porque ele evita as suas causas, e quando ela se faz necessária ele sabe adicionar-lhe humanidade".
Na questão seguinte (743), Kardec pergunta: "A guerra desaparecerá um dia da face da Terra?"
Resposta: "Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Então, todos os povos serão irmãos".
Os mesmos motivos que levam o homem à guerra, também o levam à prática da violência. É neste sentido que Jesus, no Sermão do Monte, disse: "Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados Filhos de Deus". (Mateus, 5:9.)
Todos são filhos de Deus, mas existem os que cumprem a Sua vontade e os que se rebelam contra ela. Os pacificadores, portanto, cumprem a Sua vontade, obedecem às Suas leis e Dele se aproximam. Estes são os que merecerão, com prioridade, a bem-aventurança.
Por isso, ainda no Sermão do Monte, Jesus disse: "Vós sois o sal da terra: e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens". (Mateus, 5:13.)
Explicando o ensinamento, Pedro de Camargo (Vinícius), no livro Em Busca do Mestre, diz: "Singular analogia. Contudo profundamente sábia. O sal é o condimento por excelência, usado na arte culinária para temperar os alimentos. Temperar é equilíbrio, é harmonizar os manjares com o paladar. Esse é o papel que compete aos discípulos do Mestre na sociedade: funcionar como elemento equilibrador, temperando todos os excessos. Equilíbrio é harmonia, e harmonia é felicidade".
Disse ainda Jesus: "Vós sois a luz do mundo: não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte. Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos os que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus". (Mateus, 5:14 a 16.)
É bastante sugestiva a imagem que Jesus faz da candeia. Ninguém a acende para colocá-la escondida sob o alqueire (antiga vasilha de metal para medir produtos secos - trigo, arroz etc. - equivalente hoje a 36,27 litros).
Assim é o Evangelho: a luz que ilumina, que dá significado e valoriza a vida. Mas, como diz Richard Simonetti no livro A Voz do Monte, se o homem procura suas lições apenas para seu conforto e bem-estar, sua claridade ficará aprisionada no egoísmo e de nada valerá. Qual a função da luz, senão a de iluminar o ambiente onde ela se acende? Simonetti diz que assim é, pois, a luz da escola cristã, iluminando o interior dos Espíritos que a recebem, reflete-se no exterior, mediante a conduta e ações desses Espíritos.
Complementando o assunto, ainda nesta série de ensinamentos do Sermão do Monte, a conclamação de Jesus: "Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus" (Mateus, 5: 48). Deus é a perfeição absoluta e cabe à criatura relacionar-se com o Criador tomando-o como modelo para a perfeição relativa, cujas características se resumem na caridade e ressaltam na sabedoria e no amor.
São as características do homem de bem que, como assinala Kardec, no capítulo XVII (Sede perfeitos), item 3 de O Evangelho segundo o Espiritismo, "é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, assim mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem".
 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita