Cumprir as promessas
Uma visão da natureza humana que ignore o poder das
emoções é lamentavelmente míope. A própria denominação
“Homo sapiens”, a espécie pensante, é enganosa à luz do
que hoje a ciência diz acerca do lugar que as emoções
ocupam em nossas vidas.
Daniel Goleman
Fazer pequenas promessas aos filhos, mas não cumprir,
parece bobo ou inconsequente. Até porque, no geral, não
envolve questões muito relevantes. Implicam situações
como prometer um sorvete depois da escola ou levar o
filho ao parque no fim de semana.
Mas aí a vida atarefada dos adultos faz outras
prioridades tomarem os planos com as crianças. Ou tão
somente o esquecimento, que impede que o combinado
aconteça.
Tem gente que não dá importância para as promessas
feitas aos filhos. De outro lado, como os filhos
aprendem no início da vida principalmente pelos
exemplos, se os pais querem que os filhos cumpram os
compromissos que assumam na vida, procurem eles próprios
cumprir com a palavra com eles. Quem cresce acostumado
com o desrespeito aos combinados achará isso normal e,
de maneira semelhante, poderá descumprir as promessas
feitas aos próprios filhos, amigos, colegas de
trabalho...
Na escola, estudei com uma menina que era muito
desconfiada em relação à mãe, que dizia uma coisa e
acabava fazendo outra. Ela sempre contava que não
conseguia respeitar a mãe, pois ela facilmente ignorava
o que prometia, sendo incapaz de agir com integridade
com os filhos.
Pode acontecer de um pai ou uma mãe não conseguir
cumprir uma promessa? Claro que sim. A vida oscila e
imprevistos acontecem. Contudo, se a promessa não é
cumprida por um motivo importante, é necessário explicar
isso aos filhos. Conversar é o melhor caminho para
evitar confusão e desentendimentos. Seja qual for o
motivo, deixar claro que não foi intencional, reiterando
como o cumprimento daquele combinado teria relevância na
vida da família. Se possível, refazer o combinado e
cumpri-lo em um novo momento.
Ainda, sempre que frustrar a expectativa das crianças,
depois de se justificar, é significativo também o adulto
pedir perdão. Desculpar-se é uma lição importante para
ser treinada entre os membros da família e uma
demonstração de nossa vulnerabilidade para os filhos.
Além do mais, todos estamos sujeitos ao erro, embora
cientes da relevância de cumprir as promessas feitas aos
filhos – e mesmo aquelas que pareçam insignificantes.
Elas não são.
Por fim, uma regra básica de convivência: não prometa
para uma criança algo que não tem certeza de que irá
conseguir cumprir. É importante levar em consideração
que as relações entre pais e filhos se constroem com
sinceridade e laços de confiança, nunca com exemplos
reiterados de falsas ilusões.
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