"Ajuda-te a ti mesmo"
As
abundantes evidências demonstram com meridiana clareza
que a humanidade terrena atualmente encarnada luta
contra pungentes problemas e dificuldades de toda sorte.
Corroborando a previsão de que “os tempos são chegados”,
temos sido pressionados diuturnamente para encontrar
forças e resiliência, de modo a não sucumbirmos. Nessa
altura dos acontecimentos, é preciso admitir que não há
quem não esteja passando por pelo menos algumas agruras
existenciais. Desde os mais ricos até os mais pobres
estão igualmente sujeitos a esses “abalos sísmicos”,
metaforicamente falando, prenunciadores de grandes
transformações nas consciências e nos valores esposados.
Em decorrência da pletora de turbulências que têm nos
arrastado, sobra-nos o dever e a responsabilidade de
continuarmos lutando com determinação a “boa luta” - até
a hora que Deus assim quiser.
Nesse processo caótico em que se transformou nosso
mundo, onde a infelicidade, a agressão verbal e física e
as ideias desvirtuadas ainda prevalecem, muitos há que
abdicam de adquirir ou desenvolver a sua força interior.
Preferem, cumpre reconhecer, se alimentar de pensamentos
doentios que lhes corroem a vontade própria e, em
decorrência, se abstém de reagir. Adotam o isolamento
como parceiro preferido e, em assim agindo, se esquecem
de encarar a vida – a sagrada escola de aperfeiçoamento
dos valores e das virtudes das criaturas humanas. Mais
ainda, tais pessoas preferem se manietar às decepções e
frustrações quando não o próprio medo de enfrentar o
desconhecido, isto é, um novo relacionamento, trabalho,
amizades etc.
De
maneira geral, tais indivíduos se alimentam da depressão
e amarguras. Em casos mais extremos, acabam partindo
para o autocídio – destruindo maravilhosas
possibilidades de progresso e evolução, sem falar do
novo e terrível débito contraído junto às leis divinas.
Entretanto, há felizmente remédio para esse mal tão
amargo que acomete a tantos: a imperiosa vontade de agir
em benefício da sua própria recuperação.
Ou
seja, sair desse ciclo autodestrutivo pressupõe a
internalização de esperanças na automelhoria, de
pensamentos estimulantes e construtivos, mas, sobretudo,
no desejo sincero de se autoajudar. Esse é um passo
fundamental e inalienável que equivale ao ensinamento
evangélico concernente ao “buscai e achareis”. Nesse
sentido, cabe reconhecer que Deus e a espiritualidade
podem e fazem muito em nosso favor, mas há limites que
eles não podem ultrapassar, isto é, o da nossa ação
concreta.
Para ilustrar o raciocínio vale recordar determinada
pessoa de minha relação de amizades. Trata-se de uma
pessoa extremamente simpática, mas, quase sempre, exibe
um olhar melancólico e tristonho. É mãe solteira de um
filho problemático, que certamente lhe agrega grande
peso à existência. Até onde sei, ela não foi feliz em
seus poucos relacionamentos amorosos. Com o passar dos
anos, ela ganhou o indesejado sobrepeso, em parte,
talvez, de seu reduzido grau de autoestima. Além disso,
mergulhou completamente no trabalho, dali extraindo toda
a sua força e energia. É uma profissional altamente
respeitada em seu meio. Com efeito, o trabalho é
inegavelmente uma importante dimensão da vida, mas,
convenhamos, não é tudo. Precisamos de muito mais para
alcançar o equilíbrio e a lucidez.
Parece que minha amiga simplesmente deixou de viver... E
com a perda da sua mãe há alguns anos atrás, as coisas
ficaram mais difíceis. Tornou-se cada vez mais
ensimesmada a ponto de sentir falta da solidão. Segundo
a minha percepção, ela deixou voluntariamente de
vislumbrar a luz para se fixar apenas em seus dramas
existenciais. Por conseguinte, passou a ter problemas
cardíacos e, ao que me consta, adiou uma outra cirurgia
importante. Em resumo, sua vida enfrenta uma perigosa
espiral descendente que pode levá-la a um abrupto
término, o que seria muito complicado para o seu
Espírito.
Em
contrapartida, o indivíduo enovelado pelas teias do
permanente desalento e da inação deve sinalizar de
maneira coerente a vontade de se reerguer à luz das
experiências acrisoladoras. O que isso significa?
Basicamente viver com intensidade e estar pronto para o
que vier. Errar, acertar, tentar novamente e se expor
são caminhos vitais para tal desiderato. Assim sendo,
devemos aceitar tanto os ventos da calmaria como os das
tempestades purificadoras, pois ambos, a seu tempo e
hora, nos farão bem. Ademais, se temos confiança em Deus
e a ele nos conectamos com fervor, então, não nos
faltarão os recursos necessários e providenciais. Em
outras palavras, teremos dentro de nós os elementos
transcendentais indispensáveis à nossa vitória.
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