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por Anselmo Ferreira Vasconcelos

 

"Ajuda-te a ti mesmo"


As abundantes evidências demonstram com meridiana clareza que a humanidade terrena atualmente encarnada luta contra pungentes problemas e dificuldades de toda sorte. Corroborando a previsão de que “os tempos são chegados”, temos sido pressionados diuturnamente para encontrar forças e resiliência, de modo a não sucumbirmos. Nessa altura dos acontecimentos, é preciso admitir que não há quem não esteja passando por pelo menos algumas agruras existenciais. Desde os mais ricos até os mais pobres estão igualmente sujeitos a esses “abalos sísmicos”, metaforicamente falando, prenunciadores de grandes transformações nas consciências e nos valores esposados. Em decorrência da pletora de turbulências que têm nos arrastado, sobra-nos o dever e a responsabilidade de continuarmos lutando com determinação a “boa luta” - até a hora que Deus assim quiser.

Nesse processo caótico em que se transformou nosso mundo, onde a infelicidade, a agressão verbal e física e as ideias desvirtuadas ainda prevalecem, muitos há que abdicam de adquirir ou desenvolver a sua força interior. Preferem, cumpre reconhecer, se alimentar de pensamentos doentios que lhes corroem a vontade própria e, em decorrência, se abstém de reagir. Adotam o isolamento como parceiro preferido e, em assim agindo, se esquecem de encarar a vida – a sagrada escola de aperfeiçoamento dos valores e das virtudes das criaturas humanas. Mais ainda, tais pessoas preferem se manietar às decepções e frustrações quando não o próprio medo de enfrentar o desconhecido, isto é, um novo relacionamento, trabalho, amizades etc.

De maneira geral, tais indivíduos se alimentam da depressão e amarguras. Em casos mais extremos, acabam partindo para o autocídio – destruindo maravilhosas possibilidades de progresso e evolução, sem falar do novo e terrível débito contraído junto às leis divinas. Entretanto, há felizmente remédio para esse mal tão amargo que acomete a tantos: a imperiosa vontade de agir em benefício da sua própria recuperação.

Ou seja, sair desse ciclo autodestrutivo pressupõe a internalização de esperanças na automelhoria, de pensamentos estimulantes e construtivos, mas, sobretudo, no desejo sincero de se autoajudar. Esse é um passo fundamental e inalienável que equivale ao ensinamento evangélico concernente ao “buscai e achareis”. Nesse sentido, cabe reconhecer que Deus e a espiritualidade podem e fazem muito em nosso favor, mas há limites que eles não podem ultrapassar, isto é, o da nossa ação concreta.

Para ilustrar o raciocínio vale recordar determinada pessoa de minha relação de amizades. Trata-se de uma pessoa extremamente simpática, mas, quase sempre, exibe um olhar melancólico e tristonho. É mãe solteira de um filho problemático, que certamente lhe agrega grande peso à existência. Até onde sei, ela não foi feliz em seus poucos relacionamentos amorosos. Com o passar dos anos, ela ganhou o indesejado sobrepeso, em parte, talvez, de seu reduzido grau de autoestima. Além disso, mergulhou completamente no trabalho, dali extraindo toda a sua força e energia. É uma profissional altamente respeitada em seu meio. Com efeito, o trabalho é inegavelmente uma importante dimensão da vida, mas, convenhamos, não é tudo. Precisamos de muito mais para alcançar o equilíbrio e a lucidez.

Parece que minha amiga simplesmente deixou de viver... E com a perda da sua mãe há alguns anos atrás, as coisas ficaram mais difíceis. Tornou-se cada vez mais ensimesmada a ponto de sentir falta da solidão. Segundo a minha percepção, ela deixou voluntariamente de vislumbrar a luz para se fixar apenas em seus dramas existenciais. Por conseguinte, passou a ter problemas cardíacos e, ao que me consta, adiou uma outra cirurgia importante. Em resumo, sua vida enfrenta uma perigosa espiral descendente que pode levá-la a um abrupto término, o que seria muito complicado para o seu Espírito. 

Em contrapartida, o indivíduo enovelado pelas teias do permanente desalento e da inação deve sinalizar de maneira coerente a vontade de se reerguer à luz das experiências acrisoladoras. O que isso significa? Basicamente viver com intensidade e estar pronto para o que vier. Errar, acertar, tentar novamente e se expor são caminhos vitais para tal desiderato. Assim sendo, devemos aceitar tanto os ventos da calmaria como os das tempestades purificadoras, pois ambos, a seu tempo e hora, nos farão bem. Ademais, se temos confiança em Deus e a ele nos conectamos com fervor, então, não nos faltarão os recursos necessários e providenciais. Em outras palavras, teremos dentro de nós os elementos transcendentais indispensáveis à nossa vitória. 


 
 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita