As rodas
da vida
Bom dia, amigos
leitores!
Enquanto eu esperava o
retorno de minha esposa,
que conduzi para
tratamento no
CBV/Hospital de Olhos,
em Brasília, sentei-me
do lado de fora do
nosocômio. Dali observei
os movimentos dos
passantes e
acompanhantes, como foi
o caso do menino de
cerca de três anos e
seus pais. O pai faria
uma consulta
oftalmológica.
Então, vi quando o
menino veio correndo,
após despedir-se do pai,
e subiu no colo de sua
mãe, que estava sentada.
Em seguida, ele desceu e
ficou brincando com seu
carrinho sob a
vigilância materna.
Passei, então, a
observar os pacientes
que voltavam amparados
por seus acompanhantes
ou enfermeiros. Senhor
idoso, com grande
dificuldade de
deambular, foi levado
por seu jovem
acompanhante até o carro
que os aguardava;
enfermeiro cuidadoso
guiou moça de triste
expressão, em cadeira de
rodas, até o interior do
prédio; e senhora
d'olhos vendados foi
amparada por sua filha
até sumir do alcance dos
meus olhos.
Lembrei-me então da
história do príncipe
Sidarta Gautama. Após
ter visto, em espírito,
um velho, um doente, um
cadáver e um monge,
Gautama deixou mulher e
filho para trás,
devolveu as roupas
principescas que usava
ao pai, vestiu-se de
monge e foi para o
deserto, em busca da
autoiluminação.
Conseguida esta, após
anos de renúncia às
paixões do mundo,
deduziu que a causa do
sofrimento é o desejo.
Ao longo do tempo,
conquistou adeptos à sua
crença, que se expandiu,
passou a ser conhecida
como Budismo e Gautama
foi considerado Buda,
que, em sânscrito,
significa "o iluminado".
Longe de mim dizer que
minha visão possa ser
comparada com a do Buda.
Entretanto, ao ver as
cenas descritas acima,
refleti nas conclusões
iniciais pregadas por
esse iluminado Espírito:
as três primeiras visões
representam a natureza
do mundo; a quarta
simboliza a solução para
as misérias humanas.
Então podemos dizer que
o monge simboliza a
espiritualidade proposta
por Deus a cada um de
nós para nos libertarmos
das misérias inerentes
às paixões nefastas.
Ao contrário das visões
do Buda, minha primeira
visão representa o
compromisso da família
ante a educação da
criança e, portanto, a
mais importante de todas
que vi. Também ali há um
simbolismo...
Pouco antes de morrer,
aos 80 anos de idade,
Buda disse isto em suas
últimas palavras: "A
decadência é inerente a
todas as coisas. Com a
mente clara, dê a devida
atenção à sua salvação".
Lembrei-me então desta
máxima espírita: "Fora
da caridade não há
salvação". Paz e luz!