Ressurreições
Foi em Betânia, palavra
hebraica que significa
"Casa do pobre", ou
ainda "Casa da Graça",
que aconteceu o episódio
denominado
a Ressurreição de
Lázaro.
A passagem, descrita no
Evangelho de João (11: 1
a 54) - transcrevemos o
relato da Bíblia
de Jerusalém - mostra
que depois do
fato, intensificou-se a
ira dos que queriam
condenar Jesus.
"Havia um doente,
Lázaro, de Betânia,
povoado de Maria e de
sua irmã Marta. Maria
era aquela que ungira o
Senhor com bálsamo e lhe
enxugara os pés com os
cabelos. Seu irmão
Lázaro se achava doente.
As duas irmãs mandaram,
então, dizer a Jesus:
'Senhor, aquele que amas
está enfermo'. A
essa notícia, Jesus
disse: 'Essa doença não
é mortal, mas para a
glória de Deus, para
que, por ela, seja
glorificado o Filho de
Deus'.
Ora, Jesus amava Marta e
sua irmã e Lázaro.
Quando soube que este
estava doente,
permaneceu ainda dois
dias no lugar em que se
encontrava; só depois,
disse aos discípulos:
'Vamos outra vez à
Judeia!' Seus discípulos
disseram-lhe: 'Rabi, há
pouco os judeus
procuravam apedrejar-te
e vais outra vez para
lá?' Respondeu Jesus:
'Não são doze as horas
do dia? Se alguém
caminha durante o dia,
não tropeça, porque vê a
luz deste mundo; mas se
alguém caminha à noite,
tropeça, porque a luz
não está nele'.
Disse isso e depois
acrescentou: 'Nosso
amigo Lázaro dorme, mas
vou despertá-lo'. Os
discípulos responderam:
'Senhor, se ele está
dormindo, se salvará!'
Jesus, porém, falara de
sua morte e eles
julgaram que falasse do
repouso do sono. Então
Jesus lhes falou
claramente: 'Lázaro
morreu. Por vossa causa,
alegro-me de não ter
estado lá, para que
creiais. Mas vamos para
junto dele!' Tomé,
chamado Dídimo, disse
então aos condiscípulos:
'Vamos também nós, para
morrermos com ele!'
Ao chegar, Jesus
encontrou Lázaro já
sepultado havia quatro
dias. Betânia ficava
perto de Jerusalém a uns
quinze estádios. Muitos
judeus vieram até Marta
e Maria, para as
consolar da perda do
irmão. Quando Marta
soube que Jesus chegara,
saiu ao seu encontro;
Maria, porém, continuava
sentada, em casa. Então,
disse Marta a Jesus:
'Senhor, se estivesses
aqui, meu irmão não
teria morrido. Mas ainda
agora sei que tudo o que
pedires a Deus, ele te
concederá'.
Disse-lhe Jesus: 'Teu
irmão ressuscitará'.
'Sei, disse Marta, que
ressuscitará na
ressurreição do último
dia!'
Disse-lhe Jesus: 'Eu sou
a ressurreição. Quem crê
em mim, ainda que morra,
viverá. E quem vive e
crê em mim jamais
morrerá. Crês nisso?'
Disse ela: 'Sim, Senhor,
eu creio que tu és o
Cristo, o Filho de Deus
que veio ao mundo'.
Tendo dito isso,
afastou-se e chamou sua
irmã Maria, dizendo
baixinho: 'O Mestre está
aí e te chama!' Esta,
ouvindo isso, ergueu-se
logo e foi ao seu
encontro. Jesus não
entrara ainda no
povoado, mas estava no
lugar em que Maria o
fora encontrar. Quando
os judeus, que estavam
na casa com Maria,
consolando-a, viram-na
levantar-se rapidamente
e sair, acompanharam-na,
julgando que fosse ao
sepulcro para aí chorar.
Chegando ao lugar onde
Jesus estava, Maria,
vendo-o, prostrou-se aos
seus pés e lhe disse:
'Senhor, se estivesses
aqui, meu irmão não
teria morrido'. Quando
Jesus a viu chorar e
também os judeus que a
acompanhavam, comoveu-se
interiormente e ficou
conturbado. E perguntou:
'Onde o colocastes?'
Responderam-lhe:
'Senhor, vem e vê!'
Jesus chorou. Diziam,
então, os judeus: 'Vede
como ele o amava!'
Alguns deles disseram:
'Esse, que abriu os
olhos do cego, não
poderia ter feito com
que ele não morresse?'
Comoveu-se de novo Jesus
e dirigiu-se ao
sepulcro. Era uma gruta,
com uma pedra
sobreposta. Disse Jesus:
Retirai a pedra! Marta,
a irmã do morto,
disse-lhe: Senhor, já
cheira mal: é o quarto
dia! Disse-lhe Jesus:
'Não te disse que, se
credes, verás a glória
de Deus?' Retiraram,
então, a pedra. Jesus
ergueu os olhos para o
alto e disse:
‘Pai, dou-te graças
porque me ouviste. Eu
sabia que sempre me
ouves; mas digo isso por
causa da multidão que me
rodeia, para que creiam
que me enviaste'.
Tendo dito isso, gritou
em alta voz: 'Lázaro,
vem para fora!' O morto
saiu, com os pés e mãos
enfaixados e com o rosto
recoberto com um
sudário. Jesus lhe
disse: 'Desatai-o e
deixai-o ir'.
Os chefes judeus decidem
a morte de Jesus
Muitos dos judeus que
tinham vindo à casa de
Maria, tendo visto o que
ele fizera, creram nele.
Mas alguns dirigiram-se
aos fariseus e lhes
disseram o que Jesus
fizera. Então, o chefe
dos sacerdotes e os
fariseus reuniram o
Conselho e disseram:
'Que faremos? Esse homem
realiza muitos sinais.
Se o deixarmos assim,
todos crerão nele e os
romanos virão,
destruindo o nosso lugar
santo e a nação'. Um
deles, porém, Caifás,
que era Sumo Sacerdote
naquele ano, disse-lhes:
'Vós nada entendeis. Não
compreendeis que é de
vosso interesse que um
só homem morra pelo povo
e não pereça a nação
toda?' Não dizia isso
por si mesmo, mas, sendo
Sumo Sacerdote naquele
ano, profetizou que
Jesus morreria pela
nação – e não só pela
nação, mas também para
congregar na unidade
todos os filhos de Deus
dispersos. Então, a
partir desse dia,
resolveram matá-lo.
Jesus, por isso, não
andava em público, entre
os judeus, mas
retirou-se para a região
próxima do deserto, para
a cidade chamada Efraim,
e aí permaneceu com seus
discípulos.”
No capítulo
Ressurreições, no livro A
Gênese, Allan Kardec
explica que o fato da
volta à vida corporal,
de um indivíduo,
realmente morto, seria
contrário às leis da
natureza. Não é
necessário recorrer a
essa derrogação para
explicar as
ressurreições operadas
pelo Cristo.
Em certos estados
patológicos, quando o
Espírito não está mais
no corpo, e o
perispírito não adere a
ele senão por alguns
pontos, o corpo tem
todas as aparências de
morto, situação esta
verdadeiramente bem
descrita quando se diz
que a vida está por um
fio. Tal estado pode
durar por mais ou menos
tempo; certas partes do
corpo podem mesmo estar
em decomposição, sem que
a vida seja
definitivamente extinta.
Enquanto o derradeiro
fio não for rompido, o
Espírito pode ser
trazido de volta ao
corpo, seja por uma ação
enérgica da
sua própria vontade,
seja pelo influxo fluídico
estranho, igualmente
poderoso. Assim
se explicam certas
prolongações da vida
contra toda
probabilidade, e certas
pretensas
ressurreições. É a
planta que volta a
viver, por vezes por uma
só fibrila da raiz; mas
quando as últimas
moléculas do corpo
fluídico são destacadas
do corpo carnal, ou
quando este último está
num grau de degradação
irreparável, todo
retorno à vida torna-se
impossível.
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