O
pescador de afogados
Senhor, não sou digno de
que entres debaixo do
meu telhado, mas dize
somente uma palavra, e o
meu criado há de sarar.
- Mateus 8:8
Em 1974 entrei por
concurso no Banespa, em
Santo André, e um ano
depois estava em
Indaiatuba e fui
trabalhar com um chefe
de serviço, de nome
Paulo de Souza, vindo do
Paraná, que tinha a
faculdade mediúnica de
vidência.
Interessante que sem
desejar, e sem querer,
esse médium descrevia,
às vezes, quem
(Espírito) acompanhava o
cliente. Comecei a
frequentar o Centro
Espírita em Capivari com
o senhor Dionino Ângelo
Colaneri, que muito me
instruiu e deu-me
oportunidade de servir
às crianças do Lar de
Jesus.
Estudando o Evangelho
dos Apóstolos compreendi
um ensinamento de Jesus
que fala da bondade de
Deus, oferecendo muitas
oportunidades para
todos, desde aquele que
já evoluiu e está na
dianteira quanto aos
outros que estão mais
atrás, mas todos recebem
a bênção da vida, do
livre-arbítrio e da
prova na Terra: “E a um
deu cinco talentos, e a
outro dois, e a outro
um, a cada um segundo a
sua capacidade, e
ausentou-se logo para
longe”. (1)
Na cidade de
Guaratinguetá, o
delegado de Polícia
Rafael R. Ranieri foi
procurado por um
funcionário de Posto de
Gasolina para que
intercedesse junto ao
corpo de bombeiros da
capital, para encontrar
o corpo de um colega
que, tentando atravessar
o rio Paraíba, caiu nas
águas e desapareceu.
O doutor Ranieri disse
que demoraria um dia
porque as equipes
naquela época atendiam
muitas cidades do
interior de São Paulo. E
sugeriu procurar o
conhecido Anésio, da
cidade vizinha de São
Luiz do Paraitinga, que
tinha a faculdade de
clarividência e
descobria cadáver no
rio. Ao que o
solicitante, Haroldo,
coçou a cabeça espantado
e disse: “Doutor, sou
católico, não creio
muito nisso e não quero
mexer com essas coisas!
Prefiro os
bombeiros...”.
Os bombeiros vieram,
fizeram as buscas e
depois de alguns dias
desistiram delas. A mãe
do jovem, desesperada,
queria o corpo do
falecido, para ter a
certeza de que ele tinha
se afogado e fazer o
sepultamento. Dessa
feita aceitaram buscar o
clarividente (faculdade
de dupla vista) Anésio.
Vindo à cidade, no
período noturno, disse
que via o corpo do jovem
jogado sobre pedras, no
meio de uns galhos
secos. Alguém ouvindo
disse: “Impossível. O
corpo de bombeiros
vasculhou o rio e não
encontrou, você, sem
sair de Guaratinguetá
está vendo?”. O homem
simples respondeu: “Sim,
vejo-o”.
Anésio, acompanhado de
Haroldo, o funcionário
do posto de gasolina, e
de um funcionário da
Polícia, entrou num
barco e desceu o Paraíba
do Sul. Com as cheias,
as águas estavam
pardacentas; passaram
por cidades que o rio
contorna, Lorena,
Cachoeira, Cruzeiro e,
depois de percorrido
mais de 70 quilômetros,
na cidade de Lavrinhas,
Anésio, olhando na
imensidade, com os olhos
perdidos na
clarividência, exclamou:
“Olhem ele lá, sobre as
pedras!”. Estava lá o
rapaz, macacão do posto
de gasolina, botinas
ainda presas nas roupas,
amarrara-as no macacão,
segundo informações,
para atravessar o rio
pelos cabos de aço que
controla a balsa.(2)
1)
Evangelho de Mateus,
capítulo 25, versículo
15.
2) Forças
libertadoras,
fenômenos espíritas,
R. A. Ranieri, Editora
Eco.
Arnaldo
Divo Rodrigues de
Camargo é diretor da
Editora EME.
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