Artigos

por Bruno Abreu

Toda a importância reside em nós


Segundo a Doutrina Espírita, estamos na Terra para aprender e evoluir espiritualmente. A Evolução moral do ser humano é a evolução espiritual.

É de fácil entendimento, independentemente da religião ou se até somos religiosos, que o progresso humano é essencial para a criação de um mundo melhor.

Cada vez que reencarnamos, é colocado um véu sobre os conhecimentos das reencarnações anteriores, mostrando-nos que estes saberes são de pouca importância, deixando apenas os princípios morais, denominados “os tesouros do céu”.

A causa da deficiência moral humana é a sua obsessão furtuita pelos prazeres da vida e a importância individual.

O crescimento moral é o contrário, tal como Kardec afirmou, o combate às nossas más tendências. Esta luta é interna, em cada um de nós, e o seu sucesso se desenvolve pelo hábito de permanecermos imóveis à tentação que surge em nossa mente.

O crescimento moral e espiritual é um bailado individual que acontece na mente de cada um, onde os pares são formados pelo pensamento tentador e a capacidade de ficar imune a este movimento. Recordem-se que a oração é um ótimo aliado.

Ao ultrapassarmos este movimento, se o resultado for negativo, levando a tentação a melhor, amealhamos um tesouro da Terra, se o resultado for positivo e tivermos sido persistentes, reforçaremos e cresceremos na nossa moral.

A maioria das escolhas é a favor de um retorno imediato e visível; infelizmente, muitos de nós não percebem o valor que existe no silencio da moral. Os maiores tesouros permanecem ocultos e dissimulados à visão humana.

A moral parece-nos nada, um vazio, e essa é a nossa grande dificuldade.

As escolhas que surgem a favor da matéria são muito mais vistosas e agradáveis a um ser que não consegue se aperceber da própria constituição ou realidade. A sensibilidade para esta percepção acontece em paralelo com o desapego da importância material, como seres. Com isto, afirmo que o desapego tem que acontecer a nível de toda a matéria, incluindo o ser terreno, dentro da própria psique. Só com o desenrolar desta ação, acontece o desabrochar da sensibilidade alimentada pelo Espírito, por isso os nossos Mestres da humanidade são tão humildes e desapegados. Não existe forma de agradar aos dois Senhores, a Deus e a Mamon.

Desta forma, todo o caminho e o crescimento espiritual acontecem dentro de nós.

A grande dificuldade de desenvolvermos esta consciência é porque raramente olhamos para dentro de nós. Como órgão de visão, usamos unicamente os olhos, que são a porta para o exterior. A consciência de estarmos conscientes de nós, denominada por Jesus como Vigia, que são os olhos para o interior, raramente está em funcionamento. Por este motivo, só vemos o que permanece na superfície de nosso ser, que são as ações e os pensamentos em superfície mental, todo o resto para dentro nos é desconhecido.

Não seria importante nos conhecermos a nós próprios?

Muitas pessoas acreditam que se conhecem, no entanto, sofrem o mesmo que aqueles que não se conhecem, tal como doenças psíquicas e os problemas assoladores que os acompanham. O seu conhecimento sobre si mesmos é apenas uma ideia que têm de que, quando nascem, criam a ilusão e a crença de que se conhecem.

Este caminho interior, de autoconhecimento, é a busca pelo Reino de Deus.

Não é suficiente conhecer o nosso feitio, melhorar as nossas tendências; a raiz onde temos que chegar é bem mais profunda que isto. É necessário conhecer a nossa estrutura, como funcionamos, o que move a humanidade e aquilo que nos faz cometer os erros constantes. Para eliminarmos uma má tendência em nós temos que perceber de onde nasce, o que a motiva e o que a faz repetir constantemente.

Este caminho tornou-se árduo e complicado para nós, pelo hábito constante de olharmos para fora. Temos uma enorme dificuldade de ficar conscientes de nós próprios, mesmo que apenas por dois minutos.

Se estamos reencarnados para progredir, então esta é a tarefa primordial a todo ser humano. É uma pena ser levada de forma tão supérflua e ignorante pela maioria das pessoas e mesmo pelos Centros, que deveriam motivar os frequentadores para esta importantíssima missão.

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita