Ano novo de fraternidade e paz
Na marcha universal rumo ao infinito, desde a
eternidade, pelo tempo terrestre, apresenta-se mais um
ano aos peregrinos da Terra em momentos de transição
planetária.
No permanente agora, mais uma oportunidade de renovação,
recomeço, reconstrução e realização do que ainda não deu
início ou terminou. Momento também para refletir e
aprender com tudo aquilo que serviu de experiência e
lição para não se repetir os erros do passado.
Nas comemorações da passagem de ano, cada um celebra de
uma maneira, sendo que alguns festejam em casa, outros
vão a bailes de réveillon, ou preferem as praias,
assistindo a shows de artistas famosos, seguidos de
fogos de artifícios, ou fazem retiros em locais
específicos, dentre inúmeras formas de marcar essa
ocasião.
Como de costume, no íntimo de cada ser, misturam-se
perspectivas, necessidades, desejos, vontades, prazeres,
promessas, esperanças e anseios por concretizar o sonho
de dias melhores.
Além a tudo isso, o primeiro dia do ano é dedicado ao
“Dia da Fraternidade Universal e da Paz”, denominação
pouco lembrada, cujas atitudes, se praticadas pelas
pessoas, colocariam a Terra em um estágio bem mais
elevado de evolução.
O Espírito Emmanuel, no
livro “Fonte viva”, na psicografia de Francisco Cândido
Xavier, no Capítulo 49, em “União fraternal”, ensina: “A
união fraternal é o sonho sublime da alma humana,
entretanto, não se realizará sem que nos respeitemos uns
aos outros, cultivando a harmonia, à face do ambiente
que fomos chamados a servir. Somente alcançaremos
semelhante realização ‘procurando guardar a unidade do
espírito pelo vínculo da paz’.”
Assim, a união fraternal e a paz deveriam ser o sonho
sublime de todos os seres humanos, como condição para se
cultivar a harmonia e o respeito mútuo na Terra,
mediante o serviço edificante a que todos somos chamados
a realizar em nossas existências.
Ainda Emmanuel, no Capítulo 15, em “Fraternidade”,
esclarece:
“E, ainda hoje, alimentamos a separação e a discórdia,
erguendo trincheiras de incompreensão e animosidade, uns
contra os outros, nos variados setores da interpretação.
(...)
Precisamos, sim, da cultura que aprimora a inteligência,
da justiça que sustenta a ordem, do progresso material
que enriquece o trabalho e de assembleias que favoreçam
o estudo; no entanto, toda a movimentação humana, sem a
luz do amor, pode perder-se nas sombras... (...)
Estendamos, assim, a fraternidade pura e simples,
amparando-nos mutuamente... Fraternidade que trabalha e
ajuda, compreende e perdoa, entre a humildade e o
serviço que asseguram a vitória do bem.”
Apesar dos progressos já alcançados pela Humanidade,
falta, ainda, avançar no campo do amor ao próximo, na
caridade, na fraternidade e na solidariedade para o
bem-estar moral de todos. Contudo, muitos alimentam a
separação e a discórdia, erguendo trincheiras de
incompreensão e animosidade, uns contra os outros,
esquecendo que somente o amor poderá unir os seres
humanos por um laço fraternal universal.
Allan Kardec, no livro “Obras póstumas”, em “Liberdade,
igualdade, fraternidade”, esclarece:
“A fraternidade, na rigorosa acepção do termo, resume
todos os deveres dos homens, uns para com os outros;
significa: devotamento, abnegação, tolerância,
benevolência, indulgência. É, por excelência, a caridade
evangélica e a aplicação da máxima: ‘Proceder para com
os outros, como quereríamos que os outros procedessem
para conosco’. É o oposto do egoísmo. A fraternidade
diz: ‘Um por todos e todos por um’. O egoísmo diz: ‘Cada
um por si’. (...) Ora, sendo o egoísmo a chaga dominante
da sociedade, enquanto ele reinar soberanamente,
impossível será o reinado da fraternidade verdadeira.
Cada um a quererá em seu proveito; não quererá, porém,
praticá-la em proveito dos outros, ou, se o fizer, será
depois de se certificar de que não perderá coisa
alguma.”
O reinado da solidariedade e da fraternidade será
forçosamente o da justiça para todos, com paz e harmonia
entre os indivíduos, as famílias, os povos e as raças.
A despeito de todos os ensinamentos, exemplos e alertas
do Mestre Jesus deixados na Terra, há mais de dois mil
anos, ainda não aprendemos a amar o próximo como a nós
mesmos.
Para tanto, teremos que vencer a luta íntima contra as
próprias imperfeições, com destaque ao egoísmo, ao
orgulho, à vaidade, ao ódio, ao rancor, aos inúmeros
ressentimentos, dentre outras tantas.
Essa luta interna, do bem contra o mal, pode ser
entendida como o renunciar a si mesmo, negar-se a si
mesmo e fazer desaparecer o “eu” (egoísmo), e começar a
enxergar os nossos semelhantes como verdadeiros irmãos,
filhos do mesmo Pai.
Será renunciar às antigas e infelizes aquisições, aos
valores transitórios e às ilusões da matéria, e
colocar-se disposto a acatar novos aprendizados, por
meio de uma reforma íntima. Renunciar à concretização de
sonhos pessoais em favor das realizações coletivas.
No planeta em transição para mundo regenerado, o amor, a
caridade e a fraternidade são uma necessidade
imprescindível de evolução. Somente o progresso moral
assegurará a felicidade na Terra, colocando freio nas
paixões inferiores para fazer reinar a concórdia e a paz
entre os homens. Quando a humanidade se submeter à lei
do amor e da caridade, deixará de haver egoísmo.
Inspirados pelo amor ao semelhante e sem mágoas, devemos
trabalhar pela paz e pelo entendimento entre os homens.
Diante de situações conflituosas, antes da decisão
aconselhada pela ira ou pela violência, devemos
perguntar ao amor o caminho a ser seguido. E o amor
responderá com sabedoria como prosseguir. O amor falará
da mansidão, da brandura, da paz e da esperança.
Jesus com humildade, simplicidade e mansuetude encantou
multidões e a sua paz ratificou suas mensagens e ações.
Em Jesus, devemos buscar as lições de fraternidade e paz
nas nossas lutas da vida, que conduz para a libertação
da alma pela tolerância, bondade, indulgência e amor ao
próximo.
Jesus convidou-nos ao equilíbrio, à candura e à
humildade, para que aprendamos a possuir, em nome do
Pai, todo poder e toda glória da vida. Procuremos, pela
tolerância fraterna, a lição sublime para que estejamos
seguros nas construções imperecíveis da alma. À frente
da crueldade, da violência, da ignorância e da
insensatez, mantenhamos acesa a chama do amor.
Os pacíficos serão reconhecidos como filhos de Deus,
porque obedecem à lei da fraternidade, sabendo que todos
somos irmãos, filhos de um único Pai, que tratam a todos
com brandura, moderação, mansuetude, afabilidade e
paciência.
Existindo uma sociedade mais pacífica na Terra, unida
por um laço de sincera fraternidade, a Humanidade
compreenderá, finalmente, o significado de o Cristo ser
o caminho, a verdade e a vida em direção ao Criador.
Bibliografia:
KARDEC, Allan; tradução de Guillon
Ribeiro. O Evangelho segundo o Espiritismo. 1ª
Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira,
2019.
KARDEC, Allan; tradução de Evandro Noleto
Bezerra. Obras póstumas. 1ª Edição. Rio de
Janeiro/RJ: Federação Espírita Brasileira, 2009.
EMMANUEL (Espírito); psicografado por
Francisco Cândido Xavier. Fonte viva. 1ª Edição.
Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2020.
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