No convívio com o Cristo
“Se me amais guardareis os meus mandamentos….” - Jesus -
João 15:15
Como muito bem nos esclareceu o Espírito Emmanuel,
através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, no
capítulo 175 do livro Palavras de Vida Eterna, é
bastante simples, para nós, desenvolvermos um apaixonamento pela
figura do Cristo, quando lemos sobre sua vida, tecendo
elogios, exaltando sua personalidade, sua força, sua
luz.
É fácil para nós entoar louvores, reconhecendo sua
sabedoria e bondade, chegando até mesmo a abusar do seu
nome, já que sabemos sobre sua tolerância com nossos
erros milenares.
“Tudo isso, realmente, ser-nos-á possível, sem o menor
constrangimento, no campo das manifestações exteriores…” -
afirmou o Benfeitor.
Entretanto, para sermos íntimos de Jesus, para sentirmos
sua presença pacificadora em nossos corações, é
imprescindível amá-lo a partir de sua obra e vida. Não
apenas como bajuladores, como seguidores encantados,
como mariposas que se lançam ao poste de luz, mas antes
será preciso guardar os seus mandamentos, ou seja,
estudar suas falas, sua postura e, a cada desafio da
existência, perguntarmo-nos: “- Nesta situação, como
agiria Jesus?”.
Sim, sabemos que a dificuldade de todos nós reside
justamente nas sombras da nossa personalidade, nas
feridas não reconhecidas, nos melindres acumulados, na
crença de que somos melhores (ou piores) que outros, de
que podemos nos fazer sozinhos, ou, ainda, de que tudo
isso o que Jesus vivenciou e disse cabe apenas aos
santos, muito distantes de nossas possibilidades
íntimas…
Porém, basta um simples exercício de lógica para nos
darmos conta de que absolutamente tudo o que nos foi
ensinado, exemplificado por Jesus, é sim factível,
possível de ser exercitado por todos, ainda que sob
quedas, deslizes, fracassos, enganos circunstanciais.
Ora, o Espírito mais evoluído, mais moralizado que já
veio ao Planeta não traria tantos ensinamentos se não
fossem possíveis de ser aprendidos e reproduzidos.
Acaso suspeitamos que Sua sabedoria e Amor veio à Terra
para lançar sementes estéreis em corações sedentos de
vida e paz?
A questão é que, para que façamos nascer os brotos da
Boa Nova em nós, antes será preciso compreendermos o que
nosso Mestre nos ensinou; que nos decidamos a exercitar
tais ensinamentos em nossas vidas, e, através da
renovação de hábitos, mudarmos nosso panorama interno,
para, então, influenciarmos o mundo, dentro de nossas
possibilidades.
Sendo assim, cabe-nos
refletir que ninguém
faz enormes mudanças do dia para a noite, mas que toda
mudança é possível, a partir da abertura de consciência
e disposição para o novo.
Se temos exemplos maravilhosos de mudanças rápidas,
impressionantes e inspiradoras, através das vidas de
Paulo de Tarso, Maria de Magdala ou Francisco de Assis,
fato é que estes Espíritos, como muitos outros de que
temos notícia, embora transitoriamente equivocados, já
tinham realizado uma caminhada significativa, em vidas
pregressas.
Já sabemos que a Alma não pula etapas - antes é preciso
que o ensinamento, para fazer sentido, esteja em sua
zona proximal de aprendizagem.
Bastou a estes baluartes da fé a presença do Cristo em
suas vidas, para alterarem substancialmente a direção e
a energia de seus corações, conectando-se com seus
talentos e valores mais sagrados, deixando, também, um
legado maravilhoso a nos inspirar na jornada terrena.
Por outro lado, muitos outros que conviveram com o
Cristo não comungaram de suas ideias e disposições...
Mesmo os próprios discípulos se demoraram na trilha,
atolados em seus medos e ignorâncias, sendo preciso,
após a morte, que o Mestre Amigo lhes aparecesse algumas
vezes, relembrando-lhes tudo o que disse e fez, em seus
três anos de dedicação incondicional.
Estejamos nós em qual etapa for, sempre é tempo de
estudar, conhecer, raciocinar e sentir Jesus através dos
evangelhos, mas, acima de tudo, que nossa fé possa ser
coroada pelas obras, tão necessárias (dentro e fora de
nós), a fim de que o convívio com o Cristo ocorra para
além das manifestações exteriores, quanto antes.
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