A mensagem de Lavater
Johann Kaspar Lavater (1741-1801), além de pastor, foi filósofo, poeta, teólogo e um entusiasta do magnetismo animal na Suíça. Alguns anos antes de seu desencarne, manteve produtiva correspondência com a imperatriz Maria da Rússia, onde vários temas espíritas foram examinados. Essas cartas foram publicadas por Allan Kardec nas edições da Revista espírita de março, abril e maio de 1868.
Em 13 de março de 1868, na Sociedade de Paris, o Espírito de Lavater, em comunicação verbal através do médium Sr. Morin dá instrutiva mensagem, publicada por Kardec, na Revista de maio de 1868. A profundidade das ideias pode ser notada nos destaques que apresentamos a seguir, precedidos de pequena observação.
a) Ele próprio, na dimensão espiritual, havia se mobilizado para que as cartas chegassem ao conhecimento de Kardec:
Credes, então, que seja por efeito do acaso que esta noite pudestes ouvir o que Lavater tinha obtido e escrito? Não; não é por acaso que a minha mão perispiritual as dirigiu seguramente até vós.
b) Os conhecimentos que adquirimos na dimensão física formam a base de onde se expandem os conhecimentos amealhados na dimensão espiritual:
Os Espíritos, dos quais hoje me sinto feliz em fazer parte, formam, também eles, povos e mundos, mas eles não têm raças; eles estudam, eles veem, e seus estudos podem ser incontestavelmente maiores, mais vastos que os estudos dos homens; mas, não obstante, eles partem sempre dos conhecimentos adquiridos e do ponto culminante do progresso moral e intelectual do tempo e do meio em que vivem.
c) O ensino dos Espíritos é graduado em relação ao grau de amadurecimento dos homens: Se os Espíritos, esses mensageiros divinos, vêm diariamente vos dar instruções de uma ordem mais elevada, é que a generalidade dos seres que as recebem está em condições de compreendê-las. Por força de preparações que sofreram, há instantes em que os homens não necessitam deixar passar sobre si a eternidade de um século para compreender. Desde que se vê elevar-se rapidamente o nível moral, uma espécie de atração os leva para uma certa corrente de ideias que eles devem assimilar, e para o objetivo a que devem aspirar. Mas esses instantes são curtos, e cabe aos homens aproveitá-los.
d) Algumas informações imprecisas vindas da dimensão espiritual podem decorrer das limitações dos Espíritos comunicantes:
[…] não conhecendo a ciência que vos foi revelada depois, eu não podia atrair senão os seres de ideias similares às minhas, às minhas aspirações, e que, com um horizonte mais largo, contudo tinham a mesma visão limitada. Daí, eu confesso, alguns erros que pudestes notar no que vos veio de mim […]
e) A necessidade de o conhecimento espírita chegar às classes populares:
Os que têm chance de desenvolver no povo as ideias progressistas são os filhos do povo; são eles que farão triunfar, por toda parte, os princípios da solidariedade e da caridade, que são a base do Espiritismo.
Assim, em sua sabedoria, Deus escalonou os elementos do progresso: Eles estão no alto, embaixo, sob todas as formas, e preparados para combater todas as resistências. Eles sofrem, assim, um movimento de vai e vem constante, que não pode deixar de estabelecer a harmonia dos sentimentos entre as altas e as baixas classes, e fazer triunfar solidariamente os princípios de autoridade e de liberdade.
f) Obstáculos ao desenvolvimento do Espiritismo:
Mas esses mesmos entraves são úteis para temperar o movimento que, embora um pouco desacelerado, não deixa de ser mais refletido. A Onipotência, por cuja vontade tudo se realiza, saberá muito bem como remover os obstáculos quando for tempo. Um dia o Espiritismo será a fé universal, e admirar-se-ão de que não tenha sido sempre assim.
g) O caráter progressivo do Espiritismo:
Os que presidem o movimento ascensional sabem muito bem o que fazem. Os princípios nascem um a um, conforme os tempos, os lugares e os indivíduos, e estava reservado à vossa época vê-los reunidos em um feixe sólido, lógico e inatacável.