Se estivesse fisicamente entre nós,
Deolindo Amorim festejaria hoje mais um aniversário
Num dia como hoje, 23 de janeiro, nasceu no ano de 1906
em Baixa Grande (BA) Deolindo Amorim, que desencarnou
aos 78 anos de idade na cidade do Rio de Janeiro.
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Deolindo Amorim
(foto)
nasceu no seio de uma família pobre e católica,
tornando-se |
depois presbiteriano fervoroso. |
Ao
romper, tempos depois, com sua igreja, permaneceu muitos
anos sem definição filosófica ou religiosa.
Mudou-se para o Rio de Janeiro, então capital do país.
Graduou-se em Sociologia, pela Faculdade de Filosofia da
Universidade do Brasil, tendo feito, ainda, outros
cursos de nível superior. Tornou-se jornalista e,
posteriormente, funcionário público, tendo galgado
elevada posição funcional no Ministério da Fazenda.
Por volta de 1935, já no Rio de Janeiro, passou a
frequentar o Centro Espírita Jorge Niemeyer, onde entrou
em contato com a literatura espírita, mostrando-se
profundo admirador das obras de Léon Denis.
Ativismo espírita
Em novembro de 1939 idealizou e promoveu o I Congresso
de Jornalistas e Escritores Espíritas, realizado no
auditório da sede da Associação Brasileira de Imprensa,
no Rio de Janeiro. A importância da iniciativa pode ser
avaliada considerando-se que, no plano externo,
iniciava-se a Segunda Guerra Mundial e, no plano
interno, o Espiritismo era perseguido por setores da
Igreja Católica e pela polícia do Estado Novo.
Na década seguinte esteve ao lado de Leopoldo Machado na
promoção do I Congresso de Mocidades e Juventudes
Espíritas do Brasil, realizado em julho de 1948, no Rio
de Janeiro, bem como na criação do Conselho Consultivo
de Mocidades Espíritas.
Um dos problemas mais emergentes relativos ao bom
entendimento da Doutrina Espírita, em meados do século
XX, foi a constante tentativa de confundi-lo quer seja
com o Candomblé, quer com a Umbanda, quer com as
diversas doutrinas espiritualistas. As confusões eram
muito grandes, principalmente com os cultos
afro-brasileiros. A própria Federação Espírita
Brasileira pretendeu chamar de "Espiritismo" todas as
práticas mediúnicas ou assemelhadas, reservando o nome
de "Doutrina Espírita" para os conceitos decorrentes da
obra codificada por Allan Kardec.
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Africanismo e Espiritismo
Para dirimir dúvidas e lançar luz sobre o assunto, em
1947 Deolindo Amorim publicou "Africanismo e
|
Espiritismo", obra em que deixa clara a
inexistência de ligações filosóficas, práticas
ou doutrinárias entre o Espiritismo e as
correntes espiritualistas apoiadas na cultura
africana trazida pelos escravos e que no Brasil
se converteram em vários cultos de gosto
popular. |
Posteriormente, determinado a explanar didaticamente as
bases da doutrina de Allan Kardec, escreveu "O
Espiritismo e os Problemas Humanos" e o "O Espiritismo à
Luz da Crítica", este último em resposta a um padre que
escrevera uma obra criticando a Doutrina. Seguiu-se a
essas obras o livro "Espiritismo e Criminologia",
oriundo de uma conferência no Instituto de Criminologia
da Universidade do Rio de Janeiro. Por fim, em 1958
lançou a obra "O Espiritismo e as Doutrinas
Espiritualistas", na qual, sem combater nenhuma corrente
ou filosofia espiritualista, como a Teosofia, a Rosacruz
e as diversas seitas de origem asiática e africana,
embora ressaltasse eventuais coincidências de pontos
filosóficos, simplesmente definiu o que é o Espiritismo,
mostrando sua independência.
A fundação do ICEB
Assim que a Faculdade Brasileira de Estudos Psíquicos, a
que pertenceu e da qual foi o último presidente, se
tornou sem condições de prosseguir, Deolindo Amorim
criou em 7 de dezembro de 1957 o Instituto de Cultura
Espírita do Brasil (ICEB), que dirigiu enquanto aqui
viveu.
Jornalista, escritor, erudito conferencista, sócio
remido da ABI, presidente do Instituto de Cultura
Espírita do Brasil e presidente de honra da Associação
Brasileira de Jornalistas e Escritores Espíritas (ABRAJEE),
Deolindo colaborou no "Jornal do Comércio" e
praticamente em toda a imprensa espírita do país, com o
que pôde privar da amizade de grandes vultos do
Espiritismo no Brasil e no exterior, como, por exemplo,
Carlos Imbassahy, Leopoldo Machado, Herculano Pires,
Leôncio Correia e Humberto Mariotti, entre muitos
outros.
Sempre ponderado, agia invariavelmente de forma
conciliadora, não atacando ninguém e expondo o
Espiritismo sem deformações, com o que extasiava a todos
com sua didática exemplar.
A desencarnação
Quando enfermo e já bastante debilitado ante a
enfermidade que o acometeu, não interrompeu totalmente,
nos últimos meses, suas atividades de jornalista e
conferencista, até que lhe soou a hora da partida, fato
que ocorreu no dia 24 de abril de 1984. Ele contava
então 78 anos de idade.
Seu corpo foi sepultado no Cemitério São João Batista,
no Rio de Janeiro. Cerca de 750 pessoas compareceram aos
funerais. O Dr. Américo de Oliveira Borges, presidente
da ABRAJEE, falando naquela oportunidade, exaltou e
ressaltou a figura ímpar do homem, do espírita e do
amigo que regressava então à espiritualidade, deixando
viúva sua dedicada companheira Delta dos Santos Amorim e
três filhos.
Obras publicadas
Foram muitas as obras que nos foram legadas por Deolindo
Amorim, as quais merecem ser lidas e meditadas.
Eis as principais:
-
Africanismo e Espiritismo
-
O Espiritismo e os problemas humanos
-
Análises Espíritas
-
Doutrina Espírita
-
O Espiritismo à Luz da Crítica
-
O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas
-
Espiritismo e Criminologia
-
Ideias e Reminiscências Espíritas
-
Ponderações Doutrinárias.