“Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o
que fazem”
Historicamente todos conhecem essa frase anotada pelo
evangelista Lucas (cap. 23:34), quando o Cristo disse em
prece se dirigindo a Deus, nosso Pai, que perdoasse a
humanidade, pois nós não sabíamos o que estávamos
fazendo. Essa expressão muito oportuna para os tempos
atuais, nos mostra o quanto de comprometimento
amealhamos ao longo de muitas encarnações, mesmo tendo a
percepção de que nossa consciência nos alertava o
contrário do ato que estávamos praticando, agíamos de
forma imprudente, acumulando compromissos ao longo de
várias encarnações, tendo que agora saldar lembranças e
culpas para com nossa própria consciência, quitar
dívidas morais e estar em paz com nós mesmos.
“A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”
(Gálatas 6-7-8 Bíblia.)
Seria ingenuidade de nossa parte afirmar que o
conhecimento das vidas anteriores poderia nos ajudar a
não recair nos mesmos pontos que falhamos em vidas
passadas e que, se tivéssemos acesso a esses
acontecimentos, teríamos mais recursos para lidar com
nosso passado e nossas infelizes escolhas. Com a
evolução da humanidade, uma grande parcela da população
passou a ter acesso ao conhecimento, ao estudo e à
educação. Esses fatores conjugados e associados a nosso
mundo íntimo fortalecem a nossa perseverança em lutar
contra as más inclinações, impulsos e vícios que
trazemos nessa encarnação e que vão desabrochando à
medida que temos consciência e maturidade para lidar com
nossas questões mais íntimas, que não se cristalizaram
de uma hora para outra, mas sim ao longo de várias
encarnações, sedimentando más inclinações que passaram a
fazer parte da nossa personalidade, se fazendo
necessário uma renovação de valores morais, através de
uma mudança de atitude e uma reforma íntima homeopática,
um trabalho individual nosso como Espíritos imortais.
“E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará." (João
8:32)
O cerne da grande questão do desconhecimento da verdade
está ligado à falta de uma visão espiritual sobre nossa
verdadeira existência enquanto Espíritos imortais.
Diríamos que o sofrimento e as imprudências poderiam ser
minimizados através de uma melhor compreensão da
realidade. Os Iluministas em pleno século XVIII já
afirmavam que apenas a educação poderia mudar os rumos
da sociedade e do próprio homem, pois, recebendo uma
educação apropriada, passariam a ter mais consciência
das suas atitudes. O impressionante dessa afirmação é
sua contemporaneidade, pois, nos dias de hoje, no século
XXI, percebemos a necessidade imediata de educar o homem
para salvar o planeta Terra do aquecimento global, assim
como promover nossa evolução para um Mundo de
Regeneração.
Os depoimentos contidos no livro “O Céu e o Inferno” nos
ajudam, assim como nas outras obras do Pentateuco, a ter
uma visão mais apurada dos acontecimentos. Segundo os
Espíritos relatam, aqueles que já possuem uma maior
vivência do mundo espiritual, têm mais facilidade de
compreensão, ou seja, o conteúdo das obras passa a fazer
mais sentido, facilitando o entendimento, embora isso
não seja nem sempre o suficiente para mudar nossa
conduta, nós é que vamos aplicar o que já sabemos e
estamos aprendendo em nossa atual encarnação!
Encontramos depoimentos de Espíritos que ao
desencarnarem se deram conta do que poderiam ter feito,
mas por diversos motivos e alegações acabaram adiando
uma reforma moral em suas vidas e com isso relatam para
Kardec a fim de que ele alertasse os homens para não
recaírem nos mesmos erros, reincidindo nos mesmos
círculos viciosos de ordem moral, onde o arrastamento
pelas paixões nos leva a tormentos que se transferem de
uma encarnação para outra.
Como vivemos numa sociedade mediana e a natureza não dá
saltos, o ideal seria fazermos o que está ao nosso
alcance, promovermos paralelamente à nossa vida um
esclarecimento moral e uma visão holística,
desenvolvermos uma maior percepção da realidade
espiritual na qual estamos inseridos. O autoconhecimento
e uma reeducação de sentimentos tornam-se importantes
instrumentos para lidarmos com nossas dificuldades
pessoais, porém, é preciso que o indivíduo aceite suas
limitações e busque se capacitar de um conhecimento que
possa ajudá-lo a lidar melhor com sua própria dor. À
medida que a sociedade evolui e o homem amadurece seu
senso moral, vai se reeducando, percebe que muitas
coisas passam a fazer um sentido diferente e assim muda
a +sua conduta diante dele próprio e dos semelhantes. A
partir desse momento sua consciência libera lembranças
equivocadas de um passado distante para poderem ser
saneadas, gerando desconforto, culpa e dor. Algumas
pessoas vivem angústias inexplicáveis e, outros,
depressões que se arrastam por uma existência física
inteira, como um reflexo de uma lembrança doentia que
afeta a consciência e esta, amadurecendo, exigindo
reparação e reequilíbrio. Por conta dessa revelação é
que os benfeitores espirituais nos oferecem obras como O
Céu e o Inferno, onde temos a História de Letil 3,
personagem esse que solicita uma nova encarnação para
quitar com a sua consciência culpada as faltas
cometidas. Com base nesse exemplo e sua história,
percebemos a dimensão das palavras do Cristo ao dizer
que não temos consciência dos atos imprudentes que
muitas vezes cometemos contra o nosso próximo ou contra
nós mesmos, quando o próprio Letil nos deixou em
depoimento que o “O
esquecimento aí é um benefício, porque a lembrança aqui
é uma tortura”,
em outras palavras o esquecimento do passado na condição
de vigília é um benefício, enquanto a lembrança
na erraticidade é um sofrimento, pois a lembrança
precisa dos atos cometidos gera um desconformo moral,
pior, segundo os Espíritos, do que a dor física, seria a
“dor moral da
alma”.
O estudo da doutrina espírita não nos deixa remidos de
viver experiências reparadoras, o que de fato percebemos
é que a capacitação do conhecimento doutrinário facilita
o processo pelo qual precisamos passar para quitar
conosco os equívocos cometidos e, dessa forma, como
Letil, poderemos vivenciar um sofrimento, porém teremos
uma resignação interior diferente, fruto de uma
ressignificação dos sentimentos, o que vai refletir um
amadurecimento nosso enquanto Espíritos imortais.
Se conhecêssemos a verdade, poderíamos ter um pouco mais
de prudência, evitando um comprometimento mais grave,
teríamos mais facilidade de lidar com as nossas
limitações, arrastamentos e inclinações, poderíamos
evitar de cometer um ato imprudente ou dizer uma palavra
ofensiva contra um companheiro de caminhada, evitando
dessa forma anos de sofrimento e dor e às vezes uma
encarnação ou duas para reparação do ato cometido.
Referências:
1) Kardec,
Allan; O Evangelho segundo o Espiritismo; FEB.
2) ___________; O
Livro dos Espíritos; FEB.
3) ___________; O
Céu e o Inferno; FEB; Cap.
VIII – Expiações terrestres.
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