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por Maria de la Concepción Parada

 

Aviso, chegada e entendimento


O Espiritismo não tem por objetivo produzir milagres e fenômenos, mas contribuir para que a humanidade adquira emancipação espiritual.

Houve um tempo em que a Doutrina Espírita precisou chamar a atenção das pessoas através dos fenômenos espirituais. O extraordinário codificador do Espiritismo, Allan Kardec, aplicou a metodologia científica aos fenômenos, que à época eram chamados de insólitos. Empregou toda a sua genialidade e cultura a serviço da organização dos ensinos imortais, lançando em livros a filosofia, a ciência e a religião espíritas.

Com seus ensinamentos, o ilustre mestre alertou, orientou e alinhou os estudos na direção do plano espiritual, com intenso foco para o socorro aos Espíritos sofredores que, atrasados em sua evolução e ligados ao mundo da matéria, necessitavam de amparo para aprender a libertar-se, inserindo na espiritualidade ocidental uma forma inédita de pensamento.

Hoje, com o respeito alcançado pelo Espiritismo, é necessário focar na real finalidade da doutrina, na importância das diretrizes espíritas para a segurança e o bom êxito nas tarefas mediúnicas, que possibilitam socorro e aprendizado entre encarnados e desencarnados, rumo ao progresso intelecto-moral da humanidade.

A doutrina não foi ditada nem imposta à crença cega. Assim, em A Gênese, capítulo 1, item 50, Kardec esclarece: “Os Espíritos não ensinam senão justamente o que é mister para guiá-lo no caminho da verdade, mas abstêm-se de revelar o que o homem pode descobrir por si mesmo, deixando-lhe o cuidado de discutir, verificar e submeter tudo ao cadinho da razão, deixando mesmo, muitas vezes, que adquira experiência à sua custa. Fornece-lhe os princípios, os materiais; cabe-lhe aproveitá-los e pô-los em obra”.

O Espírito Viana de Carvalho, no capítulo 28, sob o título “Hora da Divulgação Espírita”, de sua obra Reflexões Espíritas, psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, diz: “Na gênese dos males que afligem o homem e a humanidade permanece a ignorância e muita angústia aguardando a contribuição espírita e muita loucura necessitada de socorro espiritual”.

O Espiritismo não tem por objetivo produzir milagres e fenômenos, nem competir com as ciências ordinárias, mas contribuir para que a humanidade adquira emancipação espiritual, pelo conhecimento.

A mediunidade é coisa santa e deve ser santamente praticada. É sublime missão traduzida no trabalho sério, discreto, na maioria das vezes anônimo. Ela nos foi concedida não para simples passatempo ou para satisfazer nossos caprichos, mas para suavizar sofrimentos alheios e para a prática de verdadeira caridade. Os médiuns não são arautos reencarnados e, em sua maioria, estão em necessárias e rígidas provas para seu próprio aperfeiçoamento. Muitos têm desperdiçado suas vivências desviando-se do caminho, rejeitando a simplicidade, unindo-se ao orgulho, almejando notoriedade, fama, tropeçando nos próprios escândalos, perdendo-se na própria vaidade.

Muitas são as dificuldades que se apresentam na luta de cada dia e que são classificadas como impedimentos de natureza psíquico-fisiológica. Desejam-se as realizações generosas nos domínios da revelação superior, sonha-se com conquistas gloriosas e realizações sublimes; entretanto, há que corrigir as atitudes mentais diante da vida humana.

O coração do homem é bússola que o leva para o bem ou para o mal. Em O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo 8, item 7, o codificador esclarece: “(...) a pessoa que nem sequer pensa no mal já realizou um progresso, aquele que pensa no mal, mas o repele, o progresso está em vias de se realizar. Porém aquele que tem um mau pensamento e nele se satisfaz é porque o mal ainda existe na plenitude de sua força; numa o trabalho está feito, na outra, está por se realizar. Deus que é justo, leva em conta todas as diferenças ao responsabilizar o homem por seus atos e pensamentos”.

É imprescindível operar no bem, na escolha do material, nos esforços de aquisição, na aplicação necessária, demonstrando firmeza, harmonia de conjunto e primores de acabamento. O homem de bem se revisa a cada dia, estimando o trabalho antes do repouso, desenvolvendo tarefas aparentemente pequenas antes das grandes obras, construindo estradas sólidas para a fraternidade legítima, concretizando a elevação dos sentimentos, formando as bases cristãs que santificam o curso das relações entre os homens.

Em todos os trabalhos da mediunidade aceitemos a vontade do Pai, e nos serviços de fé não tentemos baixar até nós os Espíritos Superiores, mas aprendamos a subir até eles, conscientes de que os caminhos do intercâmbio são os mesmos para todos, e mais vale elevar o coração para receber o infinito bem, do que exigir o sacrifício dos benfeitores.

Afastemo-nos do orgulho e da vaidade que nos impedem de refletir a luz divina, colocando as expressões fenomênicas do trabalho em segundo plano e lembrando sempre que o Espírito é tudo.

Dia virá em que o nosso sentido mediúnico estará tão apurado que desaparecerão todas as barreiras que nos separam dos planos espirituais. Apoiados na mediunidade, que no futuro não terá mistérios para ninguém, e na Doutrina Espírita, caminharemos, evoluindo sempre, trabalhando para a felicidade da humanidade, cumprindo nossos deveres e fazendo jus à paz de que tanto necessitamos.

 

Bibliografia:

RIGONATTI, Eliseu. Mediunidade sem lágrimas. São Paulo: Editora Pensamento, 2018.

XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz. Pelo Espírito André Luiz. 43. ed. Brasília: FEB, 2017.

XAVIER, Francisco Cândido. Seara dos Médiuns. Pelo Espírito Emmanuel. 6. ed. “Aviso, chegada e entendimento”. Brasília: FEB, 2015.

 

 

     
     

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