Joias da poesia
contemporânea

Autor: Silva Ramos

 

Usurário


Rico, vivia a sós, desde longínqua data.

Afagava o metal resplandecente e louro...

Nem um pão a ninguém. Somente ouro e mais ouro,

Entre pedras faiscando e baixelas de prata.

 

Conservava o vintém com a devoção de um mouro.

Surge, porém, a dor que o despreza e maltrata

E, depois, vem a morte erguendo a foice ingrata,

Que o lança em desespero a fundo sorvedouro...

 

Sem o corpo de carne é um louco que esbraveja,

Quer governar, ainda, a migalha e a bandeja;

Enjaulado na sombra, excita-se e reage.

 

E conquanto pranteie e se lamente embora,

O infeliz Harpagão possui somente, agora,

Uma cama de terra e um cobertor de laje.

 

Do livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita