Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Ter filhos?


Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu
. Rubem Alves


Brinquei de amarelinha. Na escola da minha filha, as crianças também brincam de amarelinha, especialmente na primeira infância, quando a vida reclama amor, atenção, disciplina, para que a formação se faça de maneira bela e fecunda.

Por sermos humanos, cometemos erros. Às vezes, por puro hábito impensado, deixamos, por exemplo, os filhos esquecidos nos cômodos, absorvidos pelas telas, comportamentos que causam bloqueio nas ações singelas de correr, pular, imaginar, pois, na infância, saúde e felicidade realmente dependem do brincar e, mais justamente, do brincar em contato com a natureza.

Educar é tarefa árdua, trabalhosa. Mas quando cuidamos bem de nossos filhos, ajudamos a todos. Porque eles não se tornarão uma fonte de sofrimento para o mundo, mas sim se moverão como um reservatório de criatividade e alegria. Ou seja, de ação transformadora – e aqui me refiro a práticas simples, mas que agregam sentido à vida privada e pública cotidiana: plantar árvores, reciclar o lixo, respeitar as leis de trânsito, não desperdiçar alimentos, ter coragem de desligar a televisão para conversar com o filho, estar disposto a ser tolerante ou desapegar-se de preconceitos.

Antes de ter um filho seria maravilhoso se as pessoas reservassem um período de tempo para se observarem e, de modo sincero, introspectivo, avaliarem se estão realmente aptas para essa missão. Acho desvantajoso que qualquer indivíduo possa virar mãe ou pai sem nenhum treinamento ou preparação. Mesmo ciente de que a maternidade ou a paternidade dependa do exercício diário de acompanhar o filho, aspirando a educá-lo, segundo um diálogo amoroso e uma escuta profunda. Tudo isso é tão exigente de amor, paciência, perseverança... Ademais, é preciso lembrar que a maior herança que os pais podem deixar aos filhos é sua própria felicidade...

 

Notinha

A decisão de ter filhos deve ser tomada pelo casal – e não apenas por um dos cônjuges –, pois filhos não “salvam” casamentos, por exemplo. Quem optou por ter um filho, ou filhos, precisa entender que essa é uma grande missão de espírito. Ou seja, ter filho é renunciar a muitas coisas, é assumir responsabilidades e estar disposto de coração a conhecer/testar o significado real do que é amor incondicional.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita