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por Bruno Abreu

 

O que é tão difícil nas palavras de Jesus?


Há dois mil anos que conhecemos os ensinamentos do Mestre, pelo menos no Ocidente.

Ainda hoje, vivemos envoltos em conflitos. Mantemos as guerras ativas, com as mais diversas desculpas.

Podemos não fazer parte destas, mas fazemos das que acontecem dentro do nosso lar, ou nas antipatias laborais e muitas outras situações adversas. Sofremos guerras constantes dentro de nós, sem precisarmos envolver ninguém, conflitos insistentes com os mais diversos temas e os mais absurdos motivos.

Em nossas cabeças, temos a ideia de que poderíamos alterar o rumo do planeta para a paz, na prática de nossa vida, e não conseguimos trazer a paz e harmonia para esta.

Se não temos paz em nosso dia a dia, se não temos paz com nós próprios, como iremos estabilizar o que organizamos? Sejamos nós um membro de uma família ou o presidente de um País. Talvez isto possa explicar a enorme confusão que vivemos em nosso planeta.

Acabamos de iniciar um novo ano, a esta altura já a maioria desistiu da lista de mudanças mentalmente concebida no final do ano passado. A força do pensamento é maior do que a vontade da ação, esta última, é demasiado difícil para nós.

Nos ensinamentos do Mestre, o pilar é o Amor. No roteiro entregue através das palavras escritas por seus discípulos, o caminho é feito através do desapego.

A que nos temos apegado, para que tenhamos de nos desapegar?

Poucos tiveram uma enorme paixão ao amor, podemos assumir, até, que é difícil amar. O Mestre da vida foi o maior exemplo, mas felizmente temos outros, como a madre Teresa e outras almas bondosas que reencarnaram na Terra para nos incentivar.

O nosso apego, que se manifesta na visibilidade, como desejo material e saciação dos próprios vícios, nasce dentro de nós em forma de desejo ardente para aquilo que mais  nos abre o “APETITE”.

Podemos dar o exemplo, como apego, o ódio. Este é uma forma agressiva de estar na vida, é um ímã impressionante, nos segurando as lembranças que nos magoam. O Mestre ensina que para nos libertarmos desta prisão emocional negativa temos que recorrer ao perdão, o desapego de um ódio específico.

Outro exemplo é a agressividade. Esta é originada no apego à raiva que desponta no seguimento da indignação, motivada pelo impulso nascido em uma mente agitada. O desapego pode acontecer se nos lembrarmos do lindo ensinamento de Jesus, onde desafia a atirar a primeira pedra a quem não tiver pecado, nos lembrando de que todos erramos.

O Evangelho do Mestre é um livro prático, que nos deve acompanhar para todo o lado, até termos aberto as portas interiores que nos apresentam a Lei de Deus, inscrita dentro de nós, não fosse lá o seu Reino.

Para abrirmos estas portas, é necessário o desapego e, como pudemos perceber, infelizmente, a maioria do apego humano acontece com os vícios e as emoções negativas.

Estes apegos tornaram-se tão naturais, que passaram a comandar-nos. Quando aparecem, não questionamos, pois tornaram-se hábitos repetitivos que formaram o caráter humano.

O pensamento, que deveria ser o nosso instrumento, tornou-se o nosso ditador. As pessoas acreditam que adoram a sua liberdade, mas infelizmente a maioria age debaixo de uma ditadura imposta pelo funcionamento de sua mente, levando-as a posições de doenças mentais, como a depressão, ou a subjugação de vícios, como o jogo, a droga, a maledicência, a agressividade e muitos outros, sem questionarem se realmente querem ou se seguem um impulso do pensamento que deveria ser o seu instrumento de funcionamento e não seu orientador, pois este nasce e as pessoas agem.

Quando chega a altura de mudarem um pouco em si, não têm essa capacidade, pois o maior dos vícios, é seguir o impulso do pensamento, a ordem do ditador, que muda de opinião em segundos sem nos apercebermos, causando uma instabilidade desnorteadora.

Este é o maior dos apegos, a crença cega no pensamento, anulando o “Vigiai e Orai” a que Jesus nos aconselha.

Para vigiarmos é necessária uma saudável desconfiança, neste caso desenvolvida pela percepção de que o pensamento nem sempre é comandado por nós. Se não estamos de Vigia, logo não podemos Orar, porque o que aparece é aceite de forma mecanizada sem qualquer questionamento. Os hábitos mentais são os mais perigosos, pois aprofundam o hipnotismo sonolento a que Paulo se refere na expressão “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo te esclarecerá”.

Enquanto parte de nós sonha mudar, outra parte nos subjuga.

A nossa sorte é que a subjugação que acontece leva-nos ao sofrimento que nos indica o caminho ao desapego.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita