É desta vida mesmo
Apenas para lembrar ou informar aos que não sabem, nem
toda aflição, dificuldade ou sofrimento provém de vidas
passadas. Muitas situações atuais poderiam não ocorrer,
não fosse nossa rebeldia, teimosia, e são resultantes de
ações da presente existência.
Valiosas páginas em O Evangelho segundo o Espiritismo nos
falam sobre as Causas Anteriores das Aflições e Causas
Atuais das Aflições. Estão lá no capítulo V da obra
indicada, com considerações valiosas para nossa
reflexão.
Entre as causas atuais, e até repetindo trecho do
parágrafo inicial acima, estão a rebeldia, a teimosia,
ou mesmo o ciúme, a inveja, a vaidade, a revolta, a não
aceitação de determinadas situações, que só pioram as
ocorrências. Tais posturas complicam o cotidiano e geram
consequências aflitivas e, na maioria das vezes, nada
têm a ver com o passado, mas com o presente mesmo. Da
mesma forma, ambições, ganâncias, pretensões arrogantes,
intrigas e apegos costumam gerar intensas aflições, que
por sua vez geram noites mal dormidas, desconfortos
físicos intensos, dores musculares, entre outros
desdobramentos.
Claro que há situações aflitivas decorrentes de
equívocos de outras existências e que agora se refletem
de modo acentuado, convocando-nos aos reajustes ou
aprendizados. Mas muitas delas são decorrentes de
posturais atuais, inclusive de acomodações,
negligências, descuidos, preguiça e egos exacerbados.
Em grande índice
situam-se as aflições decorrentes de descuidos e
negligências, não observância das leis, de prazos ou de
descaso com situações do atual cotidiano. Quantos
acidentes e desastres financeiros
não são fruto de distrações ou ambições desmedidas?
Diante, pois, de situações embaraçosas gerando aflições,
há que se pesquisar a causa nas horas ou dias que as
precederam. Mas isso precisa ser feito com
imparcialidade, com justiça e sem desculpas. Pode ser
que as encontremos. Se não encontrarmos tais causas, aí
podemos refletir sobre possíveis causas anteriores. Um
exame sem paixão poderá sim identificar para
as classificarmos em causas anteriores, mas sem o fazer
com fanatismo, sempre prejudicial nessas análises.
Tais considerações surgiram com a leitura da página
Dependência Afetiva, constante do livro Vigiai e Orai,
de Irmão José, psicografia de Carlos Baccelli (edição
DIDIER). A excepcional obra, em tamanho de bolso, possui
dezenas de lições compactas de imenso valor. Usamo-la em
nossas reuniões do Evangelho no Lar.
Utilizo transcrição parcial da pequena e grandiosa
lição:
“(...) Que a tua vida não se arrase por uma frustração
sofrida. (...) Ninguém deve colocar-se completamente à
mercê dos sentimentos alheios. A paixão é doença. Não
sofras por quem te faça sofrer. (...) Existem carmas
criados nesta própria vida, ou seja, nada têm a ver com
o passado. Almas gêmeas na Terra constituem raridade:
almas afins ou provação contam-se aos milhares.”
Quando lemos referido trecho lembramo-nos das
dependências afetivas que depois se transformam em
tragédias conjugais, inclusive com feminicídio. É de se
lamentar, porque muitas vezes são débitos que estão se
criando agora para aflições futuras. Embora, é claro,
possam existir também causas anteriores. E tais
dependências não se restringem a relacionamentos
conjugais, estendendo-se a outros relacionamentos.
Embora, talvez, a palavra “carma” não seja adequada –
melhor que compreendamos como Lei de Causa e Efeito –
ela foi usada para mais fácil compreensão e bem indica o
que ocorre com nossas dificuldades.
A vacina contra as aflições, atuais e futuras, é o
respeito que nos devemos uns aos outros, e a confiança
que sempre devemos buscar nas conexões com o Criador.
Quanto ao passado, em havendo causas, saibamos desde já
com paciência e resignação enfrentar os efeitos,
sabedores que nossa postura de coragem diante de tais
aflições será o melhor remédio. Mas sempre buscando, com
isenção, possíveis causas em nosso comportamento atual.
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