A vida é para ser vivida agora!
O futuro pode ser revelado ao homem? –
pergunta Allan Kardec aos Espíritos superiores, na
questão 868 de O Livro dos Espíritos. “Em
princípio - respondem eles -, o futuro lhe é
oculto e só em casos raros e excepcionais Deus lhe
permite a sua revelação”. Insiste o mestre de Lyon,
na questão 869: Com que fim o futuro é oculto ao
homem? E novamente o esclarecimento não deixa
dúvidas: “Se o
homem conhecesse o futuro, negligenciaria o presente e
não agiria com a mesma liberdade de agora, pois seria
dominado pelo pensamento de que se uma coisa deve
acontecer não adianta ocupar-se dela, ou então
procuraria impedi-la. Deus não quis que assim fosse, a
fim de que cada um pudesse concorrer para a realização
das coisas, mesmo daquelas a que desejaria opor-se.
Assim é que tu mesmo, sem o saber, quase sempre preparas
os acontecimentos que sobrevirão no curso da tua vida”.
Desejando maiores
esclarecimentos, o Codificador inquire, na questão
seguinte, os amigos espirituais: “Mas, se é útil que
o futuro permaneça oculto, por que Deus permite, às
vezes, a sua revelação? E mais uma vez, com a
paciência e a bondade que lhes são peculiares,
respondem: “É
quando esse conhecimento antecipado deve facilitar o
cumprimento das coisas, em vez de embaraçá-lo, levando o
homem a agir de maneira diferente do que o faria se não
o tivesse. Além disso, muitas vezes, é uma prova. A
perspectiva de um conhecimento pode despertar
pensamentos que sejam mais ou menos bons: se um homem
souber, por exemplo, que obterá uma fortuna com a qual
não contava, poderá ser tomado pelo sentimento de
cupidez, pela alegria de aumentar os seus gozos
terrenos, pelo desejo de a obter mais cedo, desejando a
morte daquele que lhe deve deixar, ou então essa
perspectiva despertará nele bons sentimentos e
pensamentos generosos. Se a previsão não se realizar,
será outra prova: a da maneira pela qual ele suportará a
decepção. Mas não deixará por isso de ter o mérito ou o
demérito dos pensamentos bons ou maus que a crença na
previsão lhe provocou”.
Com isso, Allan Kardec nos ensina que o futuro depende
exclusivamente das nossas escolhas. Não podemos saber
por quais vicissitudes passaremos para atingi-lo. Sempre
imperará o nosso livre-arbítrio, pois, caso contrário,
não haverá evolução.
A vida é para ser vivida agora! Antecipar ocorrências
representa precipitação de fatos que, talvez, poderão
não acontecer, conforme o curso que eles tomarem agora.
As emoções canalizadas em relação ao passado ou ao
futuro dissipam ou gastam energia vital, que deve ser
utilizada na ação do momento. “Não andeis, pois,
ansiosos pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã a si
mesmo trará seu cuidado”, afirmou Jesus, conforme
firmado no Evangelho de Mateus, capítulo 6, versículo
31.
Mas, podemos prever os
acontecimentos futuros? Na questão 402 de O Livro dos
Espíritos, na qual Kardec aborda os benfeitores
sobre a liberdade do Espírito durante o sono, respondem
que o conhecimento do futuro se dá pelos sonhos.
Afirmam: “Quando
o corpo repousa, acredita-o, tem o espírito mais
faculdades do que no estado de vigília. Lembra-se do
passado e algumas vezes prevê o futuro”.
Em A Gênese, capítulo
XVII, o Codificador esclarece: “Aquele a quem é dado
o encargo de revelar uma coisa oculta recebe, à sua
revelia, e por inspiração dos Espíritos que a conhecem,
a revelação dela e a transmite maquinalmente sem se
aperceber do que faz. É sabido, aos demais, que assim,
durante o sono, como em estado de vigília, nos da dupla
vista, a alma se desprende e adquire, em grau mais ou
menos alto, as faculdades do espírito livre”. Prossegue
Kardec: “(...)
Muitas vezes, as pessoas dotadas da faculdade de prever
veem os acontecimentos como que desenhados num quadro, o
que também se poderia explicar pela fotografia do
pensamento”.
Em O Livro dos Médiuns, o mestre de Lyon faz
vários comentários a respeito do conhecimento do futuro,
dizendo que esse conhecimento ocorre através de uma
intuição muito vaga daquilo que pode acontecer, e isso
se dá através dos médiuns de pressentimento. Mas, o
homem não deve saber tudo que está por vir, pois se Deus
assim permitisse não trabalharia em prol da sua evolução
e progresso, pois, sabendo o que estaria por acontecer,
negligenciaria o seu presente. Sendo o futuro algo de
bom, permaneceria inerte esperando sua realização, sendo
algo desagradável, cairia em estado de tristeza e
melancolia. Assim, como dizia o saudoso Francisco
Cândido Xavier: se quisermos saber sobre nosso passado,
analisemos nosso presente; mas, se quisermos saber de
nosso futuro, analisemos nosso presente.
Quem de nós já não se interessou pelo conhecimento do
futuro, e quem de nós já não teve acesso a narrativas de
fatos de futuro revelado? A própria natureza humana traz
em si mesma a noção da existência do futuro, e a
esperança é, entre outras coisas, a expectativa de que o
porvir será composto de situações e condições melhores
para se vivenciar e usufruir. Quando buscamos conhecer o
que nos aguarda mais adiante, desejamos saber, em
verdade, se virão facilidades para nossa existência, que
sempre achamos atribulada demais, esquecendo-nos de que
existe um programa reencarnatório que tem como objetivo
maior nos elevar, na condição de Espíritos imortais que
somos, ao desenvolvimento moral decorrente do resultado
de nossos comportamentos diante das provas e expiações
que a justiça divina nos apresenta.
O que importa, portanto, é como experimentamos e
reagimos ao agora, porque, a todo momento, estamos
desenhando nosso futuro através das consequências
daquilo que escolhemos como nossa forma de ser e agir,
seja para o bem ou seja para o mal.
Viver o agora é trabalho de cada um a fim de
construirmos, cada um, um mundo melhor dentro e fora de
nós.
Bibliografia:
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o
Espiritismo – Cap. XXI, Missão dos Profetas.
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns –
Cap. XVI.
KARDEC, Allan. A Gênese – Cap. XVI
– As Predições segundo o Espiritismo.
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