Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Infância e pertencimento ambiental


“Pois é a brincadeira, e nada mais, que está na origem de todos os hábitos.”
 Walter Benjamin


Nada melhor para avivar a alegria do que contemplar uma criança a brincar. Uma rotina que inclua subir em árvores, por exemplo, oferece à criança a possibilidade de se conhecer, usar seu corpo e gastar energia, mas também lhe dá a oportunidade de perceber que nós somos parte da natureza – e com isso incentivá-la a crescer consciente da necessidade de zelar do mundo à sua 
volta, porque o considera como seu ambiente de pertencimento.

As crianças são ensinadas. Pois elas são um primeiro movimento, inocência, um dedo apontando... 

À medida que o normal é cuidarmos do que amamos e amarmos o que conhecemos, a preocupação dos adultos pelo meio ambiente tem, sim, relação direta com o convívio com a natureza na infância. Em outros termos, uma criança que cresce em contato com áreas verdes tem mais chance de apreciar e cuidar do meio ambiente na vida adulta.

Se a memória depende de um saber que o passado sedimentou, para esta época faz sentido revisitar a pergunta inquietante lançada pelo poeta T. S. Eliot: “onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento?” 

Daí o nosso compromisso: se quisermos garantir uma nova geração de cuidadores do meio ambiente, precisamos investir mais e mais nos vínculos das crianças com o mundo natural, fomentando cotidianamente a apreciação, o carinho e o respeito pela natureza e por todos os seres vivos.

 

Notinhas

O vínculo com a natureza desde a infância facilita e promove uma maior consciência, estimulando a formação de indivíduos adultos responsáveis do ponto de vista socioambiental. 

Por vivermos em uma sociedade consumista, descartável, que não entende bem que todo ser humano é parte da natureza, há ainda a ideia de que a natureza é apenas uma paisagem. De maneira distinta, aquele que desde o começo da vida tem vínculo com a natureza, experimentando na relação com o mundo natural o sentimento de pertencimento, conseguirá, na fase adulta, cuidar, proteger, respeitar e possuir gratidão pelo mundo natural e os demais seres vivos.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita