Infância e pertencimento ambiental
“Pois é a brincadeira, e nada mais, que está na origem
de todos os hábitos.” Walter
Benjamin
Nada melhor para avivar a alegria do que contemplar uma
criança a brincar. Uma rotina que inclua subir em
árvores, por exemplo, oferece à criança a possibilidade
de se conhecer, usar seu corpo e gastar energia, mas
também lhe dá a oportunidade de perceber que nós somos
parte da natureza – e com isso incentivá-la a crescer
consciente da necessidade de zelar do mundo à sua volta,
porque o considera como seu ambiente de pertencimento.
As crianças são ensinadas. Pois elas são um primeiro
movimento, inocência, um dedo apontando...
À medida que o normal é cuidarmos do que amamos e
amarmos o que conhecemos, a preocupação dos adultos pelo
meio ambiente tem, sim, relação direta com o convívio
com a natureza na infância. Em outros termos, uma
criança que cresce em contato com áreas verdes tem mais
chance de apreciar e cuidar do meio ambiente na vida
adulta.
Se a memória depende de um saber que o passado
sedimentou, para esta época faz sentido revisitar a
pergunta inquietante lançada
pelo poeta T. S. Eliot: “onde está a sabedoria que
perdemos no conhecimento?”
Daí o nosso compromisso: se quisermos garantir uma nova
geração de cuidadores do meio ambiente, precisamos
investir mais e mais nos vínculos das crianças com o
mundo natural, fomentando cotidianamente a apreciação, o
carinho e o respeito pela natureza e por todos os seres
vivos.
Notinhas
O vínculo com a natureza desde a infância facilita e
promove uma maior consciência, estimulando a formação de
indivíduos adultos responsáveis do ponto de vista
socioambiental.
Por vivermos em uma
sociedade consumista, descartável, que não entende bem
que todo ser humano é parte da natureza, há ainda a
ideia de que a natureza é apenas uma paisagem. De
maneira distinta, aquele que
desde o começo da vida tem vínculo com a natureza,
experimentando na relação com
o mundo natural o sentimento de pertencimento,
conseguirá, na fase adulta, cuidar, proteger, respeitar
e possuir gratidão pelo mundo natural e os demais seres
vivos.