A escola do coração
“O lar... não é somente a morada dos corpos, mas, acima
de tudo, a residência das almas.” ¹
Há alguns anos, era fácil falar de família. Um homem e
uma mulher se uniam, recebiam os filhos que, no dizer da
época, “DEUS MANDAVA”; se responsabilizavam pela
educação e manutenção dessas crianças, até elas
atingirem a idade de se manterem por si e, assim,
poderiam ter sua própria família. E assim seguiam suas
vidas, mais ou menos felizes.
As famílias eram formadas pelos pais, filhos, avós,
tios, primos, irmãos. Alguns se dando muito bem, outros
nem tanto.
Hoje, já não podemos dizer que a família começa com a
união de um homem e uma mulher. Melhor dizer que são
dois seres, atraídos por um grande afeto que os une, e
que faz com que queiram estar juntos para evoluir. E
como pretendem ter uma família, adotam crianças que não
puderam ser criadas pelos seus pais.
Como é grande o número de casais que se separa e inicia
nova união, surgiu o enteado: o filho de um dos
cônjuges, que passa a morar com o(a) novo(a) companheiro
(a) de seu progenitor(a) e que passa a participar da
criação da criança.
Esse novo relacionamento pode provocar o surgimento de
novo membro dessa família: o meio-irmão.
E essa família se relacionando, passa a fazer parte de
um grupo muito maior que o original.
Só para relembrar, todos os grupos familiares merecem
nosso amor, respeito e aceitação. A Doutrina Espírita
nos ensina a amar e aceitar todos. Afinal de contas, o
principal objetivo de nossa vida na Terra é aprender a
amar nosso próximo. Só assim nosso Espírito evoluirá.
E nesse nosso aprendizado, a importância do lar e da
família é fundamental. O lar é nossa primeira escola.
Podemos nascer em uma família onde há afinidade entre
todos os seus membros. Ou encarnar em uma família onde
iremos conviver com nossos desafetos. Nesse caso, temos
que ter a certeza que estamos juntos para resgates, para
aprender a aceitar os que não pensam como nós e com os
quais cometemos atos inadequados numa outra vida.
Kardec, no capítulo de “O Evangelho segundo o
Espiritismo, diz que as famílias consanguíneas, que
apresentam dificuldades de reajuste entre seus membros,
são muitas na Terra. E que os membros de nossa família
espiritual, aqueles que têm afinidades conosco, sempre
viverão próximos a nós para nos dar suporte nos momentos
mais delicados.
Vale ressaltar que as famílias difíceis podem não ser
fruto de relacionamentos em vidas passadas. Problemas
enfrentados por nós podem estar ocorrendo ou se
agravando quando os envolvidos (nós ou os outros) tentam
fazer prevalecer suas vontades ou seus pontos de vista.
Nos momentos difíceis, quem consegue sustentar o bom
senso e o equilíbrio oferece ao grupo sua contribuição
pacificadora.
Esbravejar ou impor sua percepção frente às divergências
naturais acabará provocando desunião maior.
É um desafio difícil, mas que temos condição de
enfrentar, principalmente se cuidarmos dos nossos
pensamentos e ações.
O conhecer-se sempre se mostrou positivo nessas
situações.
Todos podemos estar enfrentando uma situação
desgastante. Problemas de difícil solução, questões
pessoais ou familiares. Vacilamos. Perdemos um pouco a
fé. Nossos pensamentos ficam negativos, nossas ações
inseguras. Quando isso ocorre, tudo nos incomoda. As
imperfeições daqueles que conosco convivem ficam mais
aparentes. Não enxergamos as nossas, e nos sentimos
perseguidos pela má sorte. Impossível praticar a
tolerância, o perdão, a benevolência.
Quando estamos equilibrados, em paz, conseguimos encarar
as dificuldades com otimismo. Neste contexto, é fácil
aceitar e perdoar todos que conosco convivem,
especialmente nossos familiares.
No livro “A vida em família”, Rodolfo Calligaris afirma
a importância de reconhecer e discernir esses ciclos
temperamentais em nós e no outro. No outro, para
podermos desculpar seus comportamentos intempestivos. Em
nós mesmos, para agirmos equilibradamente. Assim, nenhum
relacionamento nosso poderá se abalar, e nosso ambiente
familiar não ficará desestruturado.
Deve ser ressaltado que o empenho de cada um é muito
importante para manter a união, o amor e o respeito no
lar.
O Espírito Thereza de Brito, através da psicografia de
Raul Teixeira, faz algumas recomendações para que a paz
vigore em todos os lares:
1. Aprenda
a dialogar para solucionar problemas, conversando
equilibradamente.
2. Faça
o possível para não exigir do outro aquilo que você
ainda não oferece.
3. Agradeça
coisas mínimas que o beneficiam em casa, e seja gentil
com todos que o cercam, familiares ou não.
4. Lembre-se
sempre que, por mais liberdade que tenha no seu lar,
ninguém precisa suportar seus impulsos negativos, seu
mau humor, sua falta de carinho.
O lar é nossa primeira escola. A família é a associação
terrena que foi concebida por Deus como oportunidade de
aprendermos a amar o próximo em ambiente seguro, para
praticarmos
o respeito,
o perdão,
a compreensão,
o carinho,
a compaixão.
Práticas essas que nos ensinarão a amar verdadeiramente.
Bibliografia:
1. Luiz,
André (Espírito), Missionários da Luz,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, 39ª. edição,
Rio de Janeiro, FEB, 2004.
2. Calligaris,
Rodolfo, A Vida em Família, 9ª. edição, Araras,
S.P. IDE Editora, 1983.
3. Brito,
Thereza de (Espírito), Vereda Familiar,
psicografia de Raul Teixeira, 1ª. edição, Rio de
Janeiro, Editora Frater, 1991.
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