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por Arlene Paes Dias

 

A escola do coração


“O lar... não é somente a morada dos corpos, mas, acima de tudo, a residência das almas.” ¹


Há alguns anos, era fácil falar de família. Um homem e uma mulher se uniam, recebiam os filhos que, no dizer da época, “DEUS MANDAVA”; se responsabilizavam pela educação e manutenção dessas crianças, até elas atingirem a idade de se manterem por si e, assim, poderiam ter sua própria família. E assim seguiam suas vidas, mais ou menos felizes.

As famílias eram formadas pelos pais, filhos, avós, tios, primos, irmãos. Alguns se dando muito bem, outros nem tanto.

Hoje, já não podemos dizer que a família começa com a união de um homem e uma mulher. Melhor dizer que são dois seres, atraídos por um grande afeto que os une, e que faz com que queiram estar juntos para evoluir. E como pretendem ter uma família, adotam crianças que não puderam ser criadas pelos seus pais.

Como é grande o número de casais que se separa e inicia nova união, surgiu o enteado: o filho de um dos cônjuges, que passa a morar com o(a) novo(a) companheiro (a) de seu progenitor(a) e que passa a participar da criação da criança.

Esse novo relacionamento pode provocar o surgimento de novo membro dessa família: o meio-irmão.

E essa família se relacionando, passa a fazer parte de um grupo muito maior que o original.

Só para relembrar, todos os grupos familiares merecem nosso amor, respeito e aceitação. A Doutrina Espírita nos ensina a amar e aceitar todos. Afinal de contas, o principal objetivo de nossa vida na Terra é aprender a amar nosso próximo. Só assim nosso Espírito evoluirá.

E nesse nosso aprendizado, a importância do lar e da família é fundamental. O lar é nossa primeira escola. Podemos nascer em uma família onde há afinidade entre todos os seus membros. Ou encarnar em uma família onde iremos conviver com nossos desafetos. Nesse caso, temos que ter a certeza que estamos juntos para resgates, para aprender a aceitar os que não pensam como nós e com os quais cometemos atos inadequados numa outra vida.

Kardec, no capítulo de “O Evangelho segundo o Espiritismo, diz que as famílias consanguíneas, que apresentam dificuldades de reajuste entre seus membros, são muitas na Terra. E que os membros de nossa família espiritual, aqueles que têm afinidades conosco, sempre viverão próximos a nós para nos dar suporte nos momentos mais delicados.

Vale ressaltar que as famílias difíceis podem não ser fruto de relacionamentos em vidas passadas.  Problemas enfrentados por nós podem estar ocorrendo ou se agravando quando os envolvidos (nós ou os outros) tentam fazer prevalecer suas vontades ou seus pontos de vista.

Nos momentos difíceis, quem consegue sustentar o bom senso e o equilíbrio oferece ao grupo sua contribuição pacificadora.

Esbravejar ou impor sua percepção frente às divergências naturais acabará provocando desunião maior.

É um desafio difícil, mas que temos condição de enfrentar, principalmente se cuidarmos dos nossos pensamentos e ações.

O conhecer-se sempre se mostrou positivo nessas situações.

Todos podemos estar enfrentando uma situação desgastante. Problemas de difícil solução, questões pessoais ou familiares. Vacilamos. Perdemos um pouco a fé. Nossos pensamentos ficam negativos, nossas ações inseguras. Quando isso ocorre, tudo nos incomoda. As imperfeições daqueles que conosco convivem ficam mais aparentes. Não enxergamos as nossas, e nos sentimos perseguidos pela má sorte. Impossível praticar a tolerância, o perdão, a benevolência.

Quando estamos equilibrados, em paz, conseguimos encarar as dificuldades com otimismo. Neste contexto, é fácil aceitar e perdoar todos que conosco convivem, especialmente nossos familiares.

No livro “A vida em família”, Rodolfo Calligaris afirma a importância de reconhecer e discernir esses ciclos temperamentais em nós e no outro. No outro, para podermos desculpar seus comportamentos intempestivos. Em nós mesmos, para agirmos equilibradamente. Assim, nenhum relacionamento nosso poderá se abalar, e nosso ambiente familiar não ficará desestruturado.

Deve ser ressaltado que o empenho de cada um é muito importante para manter a união, o amor e o respeito no lar.

O Espírito Thereza de Brito, através da psicografia de Raul Teixeira, faz algumas recomendações para que a paz vigore em todos os lares:

1. Aprenda a dialogar para solucionar problemas, conversando equilibradamente.

2. Faça o possível para não exigir do outro aquilo que você ainda não oferece.

3. Agradeça coisas mínimas que o beneficiam em casa, e seja gentil com todos que o cercam, familiares ou não.

4. Lembre-se sempre que, por mais liberdade que tenha no seu lar, ninguém precisa suportar seus impulsos negativos, seu mau humor, sua falta de carinho.

O lar é nossa primeira escola. A família é a associação terrena que foi concebida por Deus como oportunidade de aprendermos a amar o próximo em ambiente seguro, para praticarmos

o respeito,

o perdão,

a compreensão,

o carinho,

a compaixão.

Práticas essas que nos ensinarão a amar verdadeiramente.

 

Bibliografia:

1. Luiz, André (Espírito), Missionários da Luz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, 39ª. edição, Rio de Janeiro, FEB, 2004.

2. Calligaris, Rodolfo, A Vida em Família, 9ª. edição, Araras, S.P. IDE Editora, 1983.

3. Brito, Thereza de (Espírito), Vereda Familiar, psicografia de Raul Teixeira, 1ª. edição, Rio de Janeiro, Editora Frater, 1991.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita