O
esquecimento das
vidas passadas
segundo o
Espiritismo
No imaginário
popular, muitas
pessoas
gostariam de
remover a sombra
do esquecimento
que cobre o
passado, tendo
acesso às vidas
pregressas e aos
acontecimentos
que nelas
ocorreram para
melhor
compreender os
desdobramentos
na atual
encarnação, como
se a
responsabilidade
do sucesso
reencarnatório,
na atual
existência
física, recaísse
exclusivamente
na compreensão
dos acertos ou
dos erros das
últimas
existências.
Observamos em O
Livro dos
Espíritos as
perguntas 392
até 3992, onde o
esquecimento do
passado é uma
necessidade para
a evolução do
Espírito, pois
se ele viesse a
se lembrar de
determinados
acontecimentos
em um momento
inoportuno,
poderia
comprometer sua
atual
existência.
Segundo os
Espíritos,
quando
retornamos à
matéria para uma
nova
oportunidade
reencarnatória,
solicitamos do
mundo maior o
esquecimento das
vidas passadas
com o objetivo
de superar as
dificuldades que
nos levaram a
cometer
imprudências,
para não
reincidir nos
mesmos erros.
Para os antigos
gregos, o
esquecimento por
completo das
vidas anteriores
é quase
impossível, pois
nossa história
faz parte da
nossa essência e
dessa forma
trazemos no
nosso âmago as
reminiscências
das lembranças
adormecidas do
pretérito, que
às vezes eclodem
com objetivo de
nos lembrarem
das faltas que
temos por
obrigação
reparar em uma
nova existência
física.
No imaginário
popular,
gostaríamos de
ter o pleno
acesso às
lembranças do
pretérito sem
nenhum tipo de
cautela ou de
ressalva, já que
a curiosidade na
condição de
vigília leva o
encarnado em
alguns casos a
cometer certos
abusos e
imprudências.
Se Deus na sua
infinita bondade
e misericórdia
permitisse o
livre acesso ao
inconsciente
profundo da
alma, na
avaliação do
psiquiatra e
espírita Jorge
Andréa1, poderia
atrapalhar a
reencarnação de
muitos
Espíritos, uma
vez que nem
todos amadurecem
moralmente ao
mesmo tempo, no
mesmo ritmo,
para lidar com
equilíbrio e
prudência as
revelações das
suas encarnações
mais remotas.
Até mesmo nos
mundos mais
evoluídos nem
todos os
Espíritos têm
permissão para
acessar suas
lembranças de
vidas passadas e
quando o fazem
já apresentam um
relativo grau de
amadurecimento.
Somente buscam o
conhecimento de
suas antigas
encarnações por
motivos
terapêuticos e
não por
curiosidades
frívolas,
típicas de um
planeta de
provas e
expiações, como
ocorre na Terra.
Se desejarmos
saber um pouco
mais das nossas
antigas
encarnações
basta observar
nossas
inclinações ou
aptidões e já
teremos uma
forte indicação
do tipo de vida
que levamos ou
tivemos.
Segundo nos
contam os
Espíritos em
obras, como na
série de André
Luiz, “A Vida no
Mundo
Espiritual”, nem
todos os
problemas que
precisamos
superar têm
origem em vidas
passadas,
algumas falhas
ou dívidas
morais foram
contraídas nessa
atual existência
por abusos
cometidos de
forma imprudente
e até mesmo
pueril! Certas
revelações
poderiam
desencadear um
processo de
perturbação,
levando em
alguns casos até
mesmo a uma
obsessão, por
isso a
necessidade do
esquecimento.
Na obra Ação
e Reação3,
podemos observar
que André Luiz e
Hilário,
orientados por
Druso na Mansão
Paz, procuram
conhecer casos
intrincados de
processos de
desequilíbrio,
cuja explicação
reside no mau
uso do
livre-arbítrio
em vidas
passadas,
gerando um
comprometimento
que só pode ser
corrigido em uma
nova encarnação,
quando os
Espíritos na
condição de
algozes tiraram
a vida de suas
vítimas, se
utilizando das
mais variadas
artimanhas para
atingir seu
intento. Vários
casos nos chamam
atenção, porém,
o mais
surpreendente é
que alguns
desejam
reencarnar para
usufruírem do
abafamento que o
corpo de carne
promove nas
lembranças que o
Espírito é
portador na
erraticidade.
Vários
desencarnados
trabalhavam na
enfermaria
atendendo aos
necessitados que
chegavam das
regiões
umbralinas em
profundo
desequilíbrio e
um senhor idoso,
trôpego e
cambaleante, que
já estava na
Mansão Paz há
vinte anos,
pergunta ao
dirigente Druso
quando ele teria
oportunidade de
reencarnar, para
sua mente ficar
livre das
lembranças que o
atormentavam de
forma contínua
gerando um
grande
desconforto, e
Druso lhe diz
que tivesse
paciência, pois
em momento
oportuno a
espiritualidade
iria
providenciar
essa
oportunidade
abençoada3. Esse
relato reforça a
ideia de que
apenas os
Espíritos,
moralmente
amadurecidos,
solicitam de
forma consciente
e responsável o
conhecimento das
vidas anteriores
de forma
terapêutica e
não por mera
curiosidade
frívola.
Fazendo uma
análise dessa
narrativa
podemos perceber
que o processo
de reparação é
muito individual
de cada um, pois
desconhecemos as
vidas anteriores
dos companheiros
que nos cercam e
a reforma íntima
se faz
necessária para
ressignificar a
maneira como
interagimos com
as pessoas e com
a sociedade.
Esse processo de
reeducação do
espírito não se
limita a uma
única
encarnação,
porém, quando
temos a
oportunidade de
iniciá-lo,
passamos a ter
um compromisso
redobrado, pois
não somos mais
meros
espectadores da
realidade e sim
agentes de nossa
transformação
pessoal e dos
outros que nos
cercam. Sabemos
que a natureza
não dá saltos e
precisamos nos
esforçar para
dar um
testemunho de
boa vontade, no
qual
demonstraremos
aos
desencarnados
que percebemos a
necessidade de
renovação com a
reforma íntima,
através do
estudo e da
mudança de
padrão
vibratório,
assim como o
exercício da
caridade
material e
moral. Um
autoconhecimento
representa o
primeiro grande
passo para a
renovação dos
sentimentos que
nos
transformarão em
individualidades
mais livres e
evoluídas.
Referências:
1) Andréa,
Jorge; Psicologia Espírita;
Ed. Societo
Lorenz; v: 1 e
2.
2) Kardec,
Allan; O
Livro dos Espíritos;
FEB.
3) Xavier,
Francisco
Cândido; Ação
e Reação;
FEB. Cap. 2.