A importância da afetividade
Como em todas as questões que a criatura humana
enfrenta, no sentido de ainda estar distante das
realizações mais elevadas no campo do amor, da moral e
da espiritualidade, desenvolver o afeto, que é o
primeiro passo para a vivência do amor incondicional, é
tarefa das mais árduas.
O alimento afetivo é essencial para o equilíbrio do ser
humano. Apesar dessa relevância, a humanidade terrena
estagia nos primeiros degraus do aprendizado relativo a
questões da vida afetiva.
Várias abordagens podemos fazer, iniciando dizendo que a
afetividade é inerente ao desenvolvimento dos valores do
Espírito na sua caminhada milenar na aquisição de sua
maturidade. Conflitos e frustrações, traumas e
carências, culpas e ódios, indisciplina e revolta, seja
dessa ou de outras existências carnais, são os
componentes principais de quem não conseguiu estabilizar
sua vida emocional e psíquica, sendo essas “feridas do
coração” que irão determinar inibições nas relações
interpessoais.
Assim, conhecer a fundo as nossas emoções, através do
processo do autoconhecimento, tão falado e decantado, e
que poucos se propõem a realizá-lo; reeducar as nossas
tendências, adquirindo, gradativamente, o controle sobre
as reações emocionais; exercitar a sensibilidade: são
medidas de extrema profilaxia para o desenvolvimento
afetivo.
A inteligência é um atributo do Espírito. Muito embora
alguns animais já tenham uma espécie de inteligência, o
que na verdade nos difere dos mesmos é que detemos a
capacidade de pensar com continuidade e de decidir sobre
nossas ações. Em assim sendo, força descomunal tem o
afeto sobre a inteligência dos raciocínios, manifestando
a intuição, a fé e a capacidade de escolha em sintonia
com o bem. Porém, a educação do coração no estágio em
que nos encontramos conta com os empecilhos acima
nominados para o exercício do Amor, já que o afeto é o
caminho para ele.
Numa obra maravilhosa de Ermance Dufaux, intitulada
“Laços de Afeto”, capítulo 8, ela nos orienta que “de
todos os meios que dispomos para o desenvolvimento do
afeto em nós, o mais relevante é a reeducação da
sensibilidade, nos habituando a olhar o mundo, a
natureza, os acontecimentos, as pessoas, sob uma ótica
reflexiva, pelas vias da “meditação espontânea”,
buscando sempre os “porquês” de tudo, ainda que a
princípio não tenhamos condições de compreender com
profundidade em nossas análises”. Trocando em miúdos, e
para uma fácil compreensão, precisamos aprender a
sensibilizar-nos com os dramas da vida, com a dor
alheia, com a fome em todas as partes, com as
ocorrências desastrosas por toda parte, pelo abandono
dos seres, pela carência do outro, por tudo enfim, que
saia do nosso próprio mundo, dos nossos desejos, das
nossas necessidades.
Há que se ressaltar que sensibilidade não se confunde
com emotividade ou comoções sentimentalistas que, muitas
vezes, são manifestações do afeto comprometido pelos
traumas, culpas e frustrações.
A elevação espiritual nos leva ao desenvolvimento da
sensibilidade que sempre ilumina o raciocínio,
levando-nos a entender os motivos subjetivos de cada um
e, assim, impedindo de nos abstermos das preciosas
lições evangélicas do perdão, da tolerância e da
solidariedade e, mais do que isso, da compreensão, único
meio seguro de entendermos as razões e os porquês da
conduta de cada um.
Assim, concluindo o que desejaria externar, desenvolver
o afeto em nós é de extrema relevância para que possamos
melhorar as nossas relações interpessoais, seja qual for
o campo em que elas acontecerem.
Como é possível depreender, temos um longo caminho a
percorrer para que tenhamos relações mais saudáveis,
menos complicadas, menos recheadas de melindres e
incompreensões, menos destoantes com o sentimento de
Amor autêntico, fonte de saúde e vitalidade para todos.
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