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por Luiz Guimarães Gomes de Sá

 

O conforto no desencarne 


O desencarne é algo inevitável. Todos nós seremos submetidos a essa passagem que faz parte da nossa trajetória evolutiva. As diversas culturas do mundo vivenciam de forma diferente o enfrentamento desse momento difícil, proporcional à concepção de cada povo. Não é fácil resignar-se sem crer na reencarnação, que nada mais é do que parte da caminhada do Espírito imortal em suas inúmeras existências.

Diversas religiões da antiguidade acreditavam na vida após a morte, a exemplo do Budismo e Hinduísmo. Sócrates (468-400 a.C.) defendia o dogma da imortalidade da alma e da vida futura, e Platão (428-348 a.C.) dizia que a alma é imortal, antecede o nascimento e reencarna diversas vezes.

Encontramos no livro Os Mensageiros, pág. 6, Editora FEB, psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito André Luiz: “A morte física não é salto do desequilíbrio, é passo da evolução, simplesmente. (...) “O progresso não sofre estacionamento e a alma caminha, incessantemente, atraída pela Luz Imortal”.

Para os que acreditam que a vida não se limita do berço ao túmulo, o desenlace é uma simples “porta” para que o Espírito retorne à sua verdadeira essência. Essas idas e vindas fazem parte do contexto da vida num processo dinâmico, constante e infinito para a evolução espiritual. 

Como Espíritos em “estágio probatório” no presente corpo físico, vivemos um intercâmbio contínuo com o mundo espiritual. Como exemplo, temos o sono, onde os sonhos são pequenas “viagens” em que o Espírito está momentaneamente liberto.

Léon Denis nos diz no livro Depois da Morte, pág. 161: “Na realidade, nada morre. A morte é apenas aparente. Só a forma exterior muda; o princípio da vida, a alma, mantém-se na sua unidade permanente, indestrutível”. Atentando para essa realidade, a aceitação da partida do ente querido consolida-se na fé e na esperança do amanhã, amparadas que estão nas Bem-Aventuranças anunciadas por Jesus. É com esse suporte que sustentamos a certeza de que sempre teremos existências futuras para os necessários ajustes e correções de rumos.

Para o Espírito que parte, corresponde à libertação do corpo físico, que é um “presídio” para que possa cumprir os trabalhos que o levarão à redenção de suas iniquidades. Passada essa fase, o Ser inteligente do Universo segue o espaço infinito com sua visão ampliada, diferentemente daquela vivenciada de forma reduzida na vida corpórea.

Na Revista Espírita de fevereiro de 1864, págs. 76 e 81, consta: “(...) A reencarnação é necessária enquanto a matéria domina o Espírito”. “(...) A verdadeira amizade, o verdadeiro amor, sendo espiritual, tudo que se refere à matéria não é de sua natureza e em nada concorre para a identificação material.” Nesse caminhar há o alento da libertação relativa, visto que os acertos decorrentes da trajetória evolutiva não se completam numa única existência. Trata-se de um processo lento e progressivo, onde galgamos degraus elevados em razão do nosso esforço para esse mister.

Para os que ficam, há o conforto no cessar das dores do corpo efêmero que, em muitos casos, não mais responde aos agravos do desgaste orgânico. Enfim, o desencarne é um “até breve” considerando que a Família de Deus transcende à família consanguínea do ser humano. (Quem vive na incerteza sofre nos descaminhos da vida.)



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita