O binômio informação x transformação
Todos nós identificados com o ideal espírita devemos
muito do nosso conhecimento ao esforço empreendido pelo
Espírito André Luiz, particularmente no que concerne aos
meandros da vida além-túmulo. Suas valiosas revelações
sobre a vida maior ecoam fortemente em nós. Assim sendo,
graças a ele temos uma noção do que nos aguarda após a
morte, se deixarmos de lado, evidentemente, toda e
qualquer ilusão quanto às nossas supostas qualidades e
credenciais. Com efeito, muitos imaginam ingenuamente
que serão recebidos por santos, divindades ou até mesmo
Jesus no seu retorno à vida espiritual. Infelizmente,
falta a esse grupo de pessoas qualquer noção de
autocrítica ou bom senso. Por isso, engatam na crença –
geralmente vã – de que são portadores de méritos e
privilégios que não correspondem, de maneira alguma, aos
seus atos praticados e conduta na esfera material. Para
essas almas, grandes surpresas – normalmente
desagradáveis – estão lhes reservadas. Em outras
palavras, enormes decepções e frustrações geralmente os
atingem em cheio.
De fato, quem leu o livro Nosso Lar, por exemplo,
há de se lembrar do calvário enfrentado por André Luiz,
nas regiões umbralinas, decorrentes da sua condição de
suicida inconsciente. Nesse sentido, vale destacar que,
cumprido o estágio reparador (8 anos) nas esferas de
sofrimento devido aos seus desatinos, André lentamente
se recupera e abraça o imperativo da mudança interior
pondo mãos à obra. Portanto, os seus livros – um legado
verdadeiramente sublime – são relatos detalhados de um
Espírito em fase de reajustamento às leis divinas. De
modo geral, suas revelações e experiências descortinam a
riqueza e diversidade da vida espiritual, mostrando-nos
com clareza a ação da sabedoria divina.
Dito de outra maneira, se o indivíduo acredita que nem
tudo termina com a morte do corpo físico,
certamente encontrará na leitura das obras desse
Espírito dedicado a espargir luzes, no mínimo, lições
imorredouras, situações profundamente tocantes e, acima
de tudo, lógicos argumentos à reflexão. Não por acaso,
André nos recomenda estudo incansável, conforme
se lê no livro Ideal Espírita (psicografia de
Francisco Cândido Xavier). Na sua visão, “Alcançar novos
conhecimentos é formular novas indagações”. Dada a
relevância do comentário, seu conteúdo nos remete a
considerar, por extensão, o binômio informação x
transformação.
Desse modo, no Espiritismo somos abastecidos por uma
incontável lista de benefícios advindos dos
esclarecimentos de eminentes entidades espirituais.
Graças a esse manancial de informações podemos, se assim
o desejarmos, caminhar pela vida dando passos mais
firmes, tomando decisões mais sensatas, adotando uma
conduta mais equilibrada e nos desenvolvermos
interiormente. A riqueza de informação trazida a lume
pelo Espiritismo nos proporciona um olhar mais profundo
sobre o fenômeno da vida e as nossas possibilidades de
elevação perante Deus. Mais ainda, ao divisar o poder e
o alcance desse conteúdo, temos um autêntico farol a
iluminar os nossos passos. Todavia, não vou negar que
conhecer essa valiosa fonte de luz requer enorme esforço
e aplicação, como bem recomendou o mentor acima citado.
No entanto, é fato de que nem todos estão dispostos a
sacrificar sequer parte do seu tempo para a tarefa de
autoiluminação.
Em função de prioridades questionáveis ou objetivos
pueris, grande parte da humanidade continua se atirando
com sofreguidão à realização de coisas que nada lhe
acrescentam ao Espírito imortal. Por conseguinte, deixam
pouco ou mesmo nenhum espaço à busca do
autoconhecimento. Simplesmente não conseguem olhar com
sinceridade para dentro de si mesmas – aspecto fulcral à
autocrítica. Desse modo, cultivam uma percepção
totalmente equivocada a respeito do que verdadeiramente
são. Seja como for, a informação dessedenta a alma
sequiosa por esclarecimentos e clareia as suas dúvidas
mais agudas. Ademais, a informação lastreada na
qualidade e confiabilidade contém verdades que o
indivíduo deveria se guiar por elas. Não é por outra
razão que Jesus atribuiu-lhe incomensurável valor: “Conhecereis
a verdade e a verdade os libertará” (João, 8:2). Mas
assimilá-la pressupõe iniciativa e disciplina como em
tudo, aliás, na existência.
Tenhamos em mente, assim, que a informação sempre
confere mais responsabilidade ao seu portador. Desse
modo, este não poderá se apresentar à espiritualidade um
dia, alegando ignorância ou desconhecimento,
especialmente se já foi apresentado às verdades
divinas. Segue daí, a necessidade de mudança e de
transformação correspondente. Amparado na fé e na
mente esclarecida pelo conhecimento redentor, o
indivíduo deve se modificar internalizando as lições e
recomendações. Espera-se que a partir do momento de sua
introdução à luz (verdades transmitidas pela
informação), consideráveis transformações sejam
produzidas no seu íntimo. Espera-se ainda que,
doravante, as suas ações sejam compassivas e os seus
sentimentos dulcificados.
Aliás, como outrora afirmou o Espírito Emmanuel, na
obra Vinha de Luz (psicografia de Francisco
Cândido Xavier), “O sentimento é o santuário da
criatura. Sem luz aí dentro, é impossível refletir a paz
luminosa que flui incessantemente de Cima”. Por isso,
propõe ainda ele, “Ofereçamos ao Senhor um coração firme
e terno para que as Divinas Mãos nele gravem os Augustos
Desígnios. Atendida semelhante disposição em nossa vida
íntima, encontraremos em todos os caminhos o abençoado
lugar de cooperadores da Divina Vontade”.
A questão da transformação coloca, enfim, o desafio
diuturno do exercício e conduta coerentemente alinhada
ao bem. É certo que em determinados dias da jornada
falharemos na implementação dessa diretriz, mas também é
certo que a nossa firme disposição em sermos melhores
nos dará a necessária energia para avançarmos. O
indivíduo identificado com o Espiritismo sabe
perfeitamente bem que o seu processo de transformação
será contínuo até que um dia alcance a perfeição
recomendada por Jesus.
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