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por Cláudio Bueno da Silva

A grande esperança


A princípio, todas as religiões têm em seus fundamentos grandes verdades ¹ trazendo, cada uma no seu contexto, contribuições para o aperfeiçoamento do homem, no que tange aos seus hábitos morais.

No entanto, o próprio homem, no exercício das suas funções religiosas, desvia o sentido das doutrinas que professa. Com o tempo, vai introduzindo “verdades” novas, ideias pessoais, conceitos deliberadamente reelaborados, que vão desfigurando as formulações originais que eram para educar a alma, mas que acabam emparedando os crentes nos dogmas, nas fantasias, nas malhas de falsos princípios que atrasam muito o seu progresso.

As religiões se desviaram das suas finalidades essenciais. Seitas e denominações em número cada vez maior, inapelavelmente apegadas à letra, se agarram ao misticismo, ao sagrado, e negam a ciência como se fosse possível viver sem ela. 

Em flagrante contradição com os avanços do mundo, apartado da cultura geral, um contingente imenso de pessoas entra e sai mecanicamente de templos e igrejas com a mente fixada naquilo que ouviram e conservam o das tradições.

A sádica governança política através de estatutos religiosos manipula e mantém milhões de seres atados ao passado arcaico, ao culto de tradições obsoletas. A fé cega, os preconceitos e o sectarismo completam o triste quadro “religioso” da humanidade.

Vê-se isso no mundo, e também no Brasil. A hedionda mistura de fé, ignorância e terror alimenta o ódio que divide pessoas e grupos.

Felizmente há exceções, mas insuficientes para fazer predominar o bom senso e o equilíbrio nesse meio.

Apesar de tudo, a força irresistível do progresso continua pedindo a colaboração dos homens conscientes. Se uma pessoa quer a fraternidade ardentemente, isso nos leva a pensar que dez outras também a podem querer. Se dez a buscam, por que cem, mil, não a buscarão? E assim por diante.

Num raciocínio francamente positivo, é lógico aceitar que muitos milhões, hoje, não querem outra coisa senão a paz, o trabalho, o progresso. Esse pensamento está no coração de muita gente, mesmo em locais da Terra onde vigoram os crimes religiosos, o fanatismo, a violência sectária.

As pessoas que sofrem sob esses regimes querem caminhar para Deus ², pois esse desejo está gravado em sua consciência. Entretanto, são iludidas há séculos por sistemas político-religiosos que se perpetuam no mando; por homens equivocados e bárbaros que as aliciam sob a capa da falsa pureza e santidade, mantendo-as na ignorância da qual não as querem ver se afastar, porque isso as libertaria.

Em meio a esse caos moral em que a humanidade está mergulhada, o Espiritismo se apresenta como a “grande esperança” para o esclarecimento espiritual das massas. Os princípios universais que ele ensina faltam, em parte ou no todo, à maioria das religiões e seitas da atualidade que, corrompidas, não têm como reverter esse quadro.

Sem o conhecimento que o Espiritismo traz da imortalidade da alma, da reencarnação, da comunicabilidade dos Espíritos, os homens continuarão à deriva. Sem o entendimento do mecanismo de causa e efeito que confere “a cada um segundo as suas obras”, continuarão desrespeitando o próximo, infringindo as leis e, com isso, sofrendo e fazendo sofrer.

O Espiritismo tem muito a esclarecer sobre as questões humanas e contribuir com as religiões no sentido de se perceber, de uma vez por todas, que está na hora de trocar o velho pelo novo, o passado pelo futuro, as trevas pela luz.

 

(¹ e ²) “As Leis Morais” (Conhecimento da Lei Natural), O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Lake editora.

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita