O exercício do autoperdão segundo o
Espiritismo
Em um mundo com tantas reviravoltas e crises
socioeconômicas, uma parcela significativa da sociedade
vem procurando encontrar uma paz interior por intermédio
de vários grupos de autoajuda ou terapias holísticas
alternativas, isso sem falar na própria doutrina
espírita que procura orientar as pessoas no sentido de
promover um autoconhecimento, com a intenção de melhor
lidar com suas questões interiores. Uma coisa essas
correntes filosóficas e religiosas têm em comum,
conduzem o indivíduo, que assim desejar, a um processo
de autoperdão e de reforma íntima, através de um estudo
evangélico e de autoconhecimento da sua verdadeira
natureza e de suas tendências, dessa forma podemos
destacar a famosa frase usada na antiguidade e que
chegou aos nossos dias, porém não há certeza absoluta em
relação a quem foi o autor desta máxima, muitos atribuem
a Sócrates, mas há vários autores que atribuem a autoria
da frase ao sábio grego Tales de Mileto.
"Conhece-te a ti mesmo" - Esta
frase está inscrita na entrada do templo de Delfos,
construído em honra a Apolo, o deus grego do sol, da
beleza e da harmonia. A contemporaneidade dessa frase
escrita na História Clássica da Grécia Antiga nos
desperta a atenção, pois no livro A Caminho da Luz 4,
ditado por Emmanuel e psicografado por Chico Xavier,
consta que diversos Espíritos missionários reencarnam
com o objetivo de ajudar a humanidade no seu processo
evolutivo e um deles foi “Sócrates em Atenas e,
infelizmente, o assédio das trevas avassalou o coração
das criaturas. Que Sócrates foi condenado à morte, sendo
acusado de perverter os jovens atenienses,
instilando-lhes o veneno da liberdade nos corações”4.
Na Roda viva das transformações que estamos passando,
muitos Espíritos reencarnam com uma programação para, na
condição de vigília, despertarem para a realidade
espiritual e iniciarem seu processo de transformação
moral, porém isso não acontece com todas as pessoas,
pois muitas ainda estão muito materializadas e custam a
perceber que somos Espíritos imortais, vivendo uma
experiência reencarnatória em um corpo de carne e que
precisamos vivenciar aprendizagens que podem se
transformar em dor moral caso não sejam resignificadas
através de um conhecimento doutrinário ou de renovação
das emoções e valores. Um trabalho lento e delicado,
onde somente com o tempo algumas coisas realmente passam
a fazer sentido, rompendo com uma antiga crença e
construindo um novo modelo para enxergar a vida.
O Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, hoje
conhecido como ESDE, ajuda a acelerar o conhecimento das
pessoas, sendo um facilitador para capacitação daqueles
que buscam um conhecimento que venha auxiliar no
processo de reforma íntima, ressignificação dos
sentimentos de maneira a deixar o homem velho para trás,
dando oportunidade para a formação de um homem integral.
Um dos maiores benefícios que a doutrina espírita nos
oferece é a revelação e o esclarecimento, principalmente
que a morte do corpo físico não leva a desaparecer o
princípio inteligente que se manifesta por intermédio
desse corpo, que somos nós, Espíritos imortais! Este
esclarecimento facilita a aceitação abrupta das perdas,
pois passamos a entender que não existe morte, não
existe fim, apenas uma separação temporária, uma mudança
de endereço cósmico como dizem muitas correntes
esotéricas, de um até logo, pois um dia poderemos voltar
a nos encontrar.
O conhecimento da doutrina espírita não vai impedir a
dor da perda de um ente querido, mas pode conter o
arrastamento do sofrimento, uma vez que sabemos que não
existe morte, apenas uma separação temporária. Os
romances espíritas, que são obras secundárias nos
reeducam e ensinam a melhor lidar com a dor da perda. Um
bom exemplo é o livro de Richard Simonetti 3,
que procura esclarecer de forma divertida o processo de
desencarne, desconstruindo a visão pesada da morte, das
perdas e reorganizando as emoções dentro de um novo
prisma 3.
As pessoas se culpam pelo que elas não têm controle e só
descobrem isso ao longo da reencarnação, porém, já com o
advento da 3ª Revelação, tornou-se possível diminuir o
sofrimento daqueles que assim o desejarem, aquelas
pessoas que não são refratárias a pensar de forma
diferente.
“Se eu desejo um resultado diferente em minha vida,
tenho que ter atitudes diferentes, pois se continuar
agindo da mesma forma, os resultados serão sempre os
mesmos.”
No livro O Céu e Inferno 2,
temos depoimentos que ajudam uma reeducação das emoções,
pois existem relatos de companheiros que desencarnaram
nas condições mais variadas de ignorância e
esclarecimento, reencarnações provacionais e
missionárias, e seu desdobramento, após o fim da vida
material e o despertar no plano espiritual 2.
Não apenas a Codificação ou Pentateuco, mas muitas obras
secundárias são verdadeiros mananciais de conhecimento e
revelação para nós encarnados.
A carga de sentimentos mal resolvidos que todos nós
somos portadores pode ser trabalhada ao longo da
reencarnação. Hoje existem terapias alternativas que
ajudam a melhor conviver com um desconforto quase
inexplicado que invade o nosso ser, porém, quando
buscamos ajuda bem direcionada, vamos gradativamente
entrando em harmonia interior, na medida em que os
sentimentos não resolvidos de vidas passadas e encontram
uma solução na atual existência, o que desfaz o nódulo
de energias de mágoa, culpa, revolta e indignação que
trazemos no nosso inconsciente, por não termos tido o
tempo adequado para solucionar a devida questão na
antiga encarnação, quando o problema se cristalizou em
nosso inconsciente.
Referências:
1) Kardec, Allan; O Evangelho segundo
o Espiritismo; FEB.
2) ______, ____; O Céu e o Inferno;
FEB.
3) Simonetti, Richard; Quem tem medo
da morte; CEAC.
4) Xavier, Francisco Cândido; A
Caminho da Luz; FEB; Cap. X; Pág. 89.
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