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por Eder Andrade

 

O exercício do autoperdão segundo o Espiritismo


Em um mundo com tantas reviravoltas e crises socioeconômicas, uma parcela significativa da sociedade vem procurando encontrar uma paz interior por intermédio de vários grupos de autoajuda ou terapias holísticas alternativas, isso sem falar na própria doutrina espírita que procura orientar as pessoas no sentido de promover um autoconhecimento, com a intenção de melhor lidar com suas questões interiores. Uma coisa essas correntes filosóficas e religiosas têm em comum, conduzem o indivíduo, que assim desejar, a um processo de autoperdão e de reforma íntima, através de um estudo evangélico e de autoconhecimento da sua verdadeira natureza e de suas tendências, dessa forma podemos destacar a famosa frase usada na antiguidade e que chegou aos nossos dias, porém não há certeza absoluta em relação a quem foi o autor desta máxima, muitos atribuem a Sócrates, mas há vários autores que atribuem a autoria da frase ao sábio grego Tales de Mileto.

"Conhece-te a ti mesmo" Esta frase está inscrita na entrada do templo de Delfos, construído em honra a Apolo, o deus grego do sol, da beleza e da harmonia. A contemporaneidade dessa frase escrita na História Clássica da Grécia Antiga nos desperta a atenção, pois no livro A Caminho da Luz 4, ditado por Emmanuel e psicografado por Chico Xavier, consta que diversos Espíritos missionários reencarnam com o objetivo de ajudar a humanidade no seu processo evolutivo e um deles foi “Sócrates em Atenas e, infelizmente, o assédio das trevas avassalou o coração das criaturas. Que Sócrates foi condenado à morte, sendo acusado de perverter os jovens atenienses, instilando-lhes o veneno da liberdade nos corações”4.

Na Roda viva das transformações que estamos passando, muitos Espíritos reencarnam com uma programação para, na condição de vigília, despertarem para a realidade espiritual e iniciarem seu processo de transformação moral, porém isso não acontece com todas as pessoas, pois muitas ainda estão muito materializadas e custam a perceber que somos Espíritos imortais, vivendo uma experiência reencarnatória em um corpo de carne e que precisamos vivenciar aprendizagens que podem se transformar em dor moral caso não sejam resignificadas através de um conhecimento doutrinário ou de renovação das emoções e valores. Um trabalho lento e delicado, onde somente com o tempo algumas coisas realmente passam a fazer sentido, rompendo com uma antiga crença e construindo um novo modelo para enxergar a vida.

O Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, hoje conhecido como ESDE, ajuda a acelerar o conhecimento das pessoas, sendo um facilitador para capacitação daqueles que buscam um conhecimento que venha auxiliar no processo de reforma íntima, ressignificação dos sentimentos de maneira a deixar o homem velho para trás, dando oportunidade para a formação de um homem integral.

Um dos maiores benefícios que a doutrina espírita nos oferece é a revelação e o esclarecimento, principalmente que a morte do corpo físico não leva a desaparecer o princípio inteligente que se manifesta por intermédio desse corpo, que somos nós, Espíritos imortais! Este esclarecimento facilita a aceitação abrupta das perdas, pois passamos a entender que não existe morte, não existe fim, apenas uma separação temporária, uma mudança de endereço cósmico como dizem muitas correntes esotéricas, de um até logo, pois um dia poderemos voltar a nos encontrar.

O conhecimento da doutrina espírita não vai impedir a dor da perda de um ente querido, mas pode conter o arrastamento do sofrimento, uma vez que sabemos que não existe morte, apenas uma separação temporária. Os romances espíritas, que são obras secundárias nos reeducam e ensinam a melhor lidar com a dor da perda. Um bom exemplo é o livro de Richard Simonetti 3, que procura esclarecer de forma divertida o processo de desencarne, desconstruindo a visão pesada da morte, das perdas e reorganizando as emoções dentro de um novo prisma 3.

As pessoas se culpam pelo que elas não têm controle e só descobrem isso ao longo da reencarnação, porém, já com o advento da 3ª Revelação, tornou-se possível diminuir o sofrimento daqueles que assim o desejarem, aquelas pessoas que não são refratárias a pensar de forma diferente.

 

“Se eu desejo um resultado diferente em minha vida, tenho que ter atitudes diferentes, pois se continuar agindo da mesma forma, os resultados serão sempre os mesmos.”

 

No livro O Céu e Inferno 2, temos depoimentos que ajudam uma reeducação das emoções, pois existem relatos de companheiros que desencarnaram nas condições mais variadas de ignorância e esclarecimento, reencarnações provacionais e missionárias, e seu desdobramento, após o fim da vida material e o despertar no plano espiritual 2. Não apenas a Codificação ou Pentateuco, mas muitas obras secundárias são verdadeiros mananciais de conhecimento e revelação para nós encarnados.

A carga de sentimentos mal resolvidos que todos nós somos portadores pode ser trabalhada ao longo da reencarnação. Hoje existem terapias alternativas que ajudam a melhor conviver com um desconforto quase inexplicado que invade o nosso ser, porém, quando buscamos ajuda bem direcionada, vamos gradativamente entrando em harmonia interior, na medida em que os sentimentos não resolvidos de vidas passadas e encontram uma solução na atual existência, o que desfaz o nódulo de energias de mágoa, culpa, revolta e indignação que trazemos no nosso inconsciente, por não termos tido o tempo adequado para solucionar a devida questão na antiga encarnação, quando o problema se cristalizou em nosso inconsciente.


Referências:

1) Kardec, Allan; O Evangelho segundo o Espiritismo; FEB.

2) ______, ____; O Céu e o Inferno; FEB.

3) Simonetti, Richard; Quem tem medo da morte; CEAC.

4) Xavier, Francisco Cândido; A Caminho da Luz; FEB; Cap. X; Pág. 89.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita