Sobre a
homossexualidade
Há alguns anos,
um amigo
demonstrou
profundo
respeito à
questão da
homossexualidade,
afirmando-me
que, em sua
casa, era comum
o encontro de
dois jovens do
sexo masculino
se beijarem e
acariciarem. Em
resposta, eu
disse-lhe que
também tenho
profundo
respeito a essas
pessoas, embora
pessoalmente não
compartilhe das
ideologias de
gênero que façam
do tema um
verdadeiro culto
ao sexo livre e
insistam em
divulgar a
homossexualidade
às nossas
crianças como se
isso fosse algo
que dependa
delas decidir em
tenra idade. Sou
dos que ainda
veem no
comportamento
heterossexual o
normal e na
homossexualidade
algo que
independe da
decisão de uma
criança, que nem
mesmo sabe o que
é libido e o que
é atração sexual
por pessoa do
mesmo sexo. Elas
se amam, e isto
basta-lhes.
Tais reflexões
surgem-me
pós-leitura do
seguinte artigo
do professor
doutor em
Sociologia
Francisco
Jomário
Pereira: A
representação da
homossexualidade
no discurso
espírita de
Divaldo Franco,
publicado na Revista
Movimentação,
Dourados, MS,
V.7, nº.12,
jan./jun. 2020 -
ISSN 2358-9205.
No segundo
parágrafo das Delimitações
Teóricas e
Metodológicas de
seu artigo, seu
autor se diz
"homossexual e
praticante do
espiritismo".
O emissor do
texto enviado a
mim, que não é o
autor, propõe-me
opinar sobre o
assunto. Esta
não é a primeira
e talvez também
não seja a
última vez que
abordo o
assunto. A obra
trata
principalmente
da
homossexualidade
masculina.
O professor
parece não ter
entendido que o
Espiritismo não
é obra nossa e,
sim, dos
Espíritos; por
isso afirma que
sua "análise da
representação da
homossexualidade"
baseia-se no
"discurso
espírita
contemporâneo, a
partir de uma
corrente
específica que
nasce dos
discursos e
obras do médium
e intelectual
espírita Divaldo
Pereira Franco".
Seu texto
utiliza o
seguinte corpora:
"obras escritas
por intermédio
de guias
espirituais,
palestras, e
discursos
proferidos com
repercussão
nacional".
Critica o
médium,
entretanto, como
se tudo o que
este diz e
escreve fosse
produto de sua
mente.
A seguir,
recorto e
comento algumas
de suas frases:
Divaldo concebe
a
homossexualidade
como uma
condição, mas
não na mesma
esfera que a
condição
masculina ou
feminina. Não
seria uma opção
nascer gay, mas
um fato que
ocorre devido a
fatores
anteriores ao
nascimento,
podendo ou não,
posteriormente
ao nascimento,
desencadear as
experiências da
homossexualidade.
Os fatos
anteriores ao
nascimento
derivam de uma
programação ou
reencarnação não
tão
bem-sucedida, os
posteriores
estão atrelados
as (sic)
condições morais
do indivíduo e
da sociedade,
especialmente em
sua educação (p.
42).
O Espírito não
tem sexo, como o
entendemos
quando estamos
encarnados. O
fato de uma
mulher
demonstrar, por
vezes,
características
varonis, e de um
homem, as
feminis não
significa que
ambos tenham
atração por
pessoas do mesmo
sexo.
No último
parágrafo da
página 48 do
artigo, lemos
que:
O espiritismo
pode ser pensado
enquanto efeito,
não podendo a
afirmar (sic) se
positivo ou
negativo,
desejado ou não,
mas estabelece
uma relação
contraditória
com as demais
religiões
cristãs, não é à
toa que foi
combatida pelo
catolicismo
durante o século
XIX e XX.
Observamos a
junção de
elementos
heterogêneos
como a
filosofia,
ciência
positivista,
psicanálise,
psicologia e a
própria
religião, que
são combinados e
recombinados,
assim nasceu o
espiritismo, e
ao chegar no
Brasil ganhou
nova roupagem,
adicionado a ele
o aspecto da
caridade e do
personalismo.
Conforme
expliquei acima,
o Espiritismo é
obra dos
Espíritos, e não
nossa. Sua
elaboração cabe
aos homens, que
gozam de
livre-arbítrio,
mas são
influenciados
pelas entidades
espirituais que
também podem ou
não ser de alta
elevação. Kardec
deixa isso muito
claro em suas
obras. Por outro
lado, os que o
combatem se
baseiam
exclusivamente
em teóricos
encarnados.
Alguns deles com
problemas
psicológicos
graves, como é o
caso dos
filósofos
citados: Marx,
que foi
perseguido
cruelmente e
renegou a
religião, bem
como o
capitalismo em
sua época, e
Foucault,
professor jovem,
muito
inteligente e
imaginativo,
homossexual, que
influenciou
multidões. A
escolha de qual
teoria nos
satisfaz ao
sentimento e à
razão cabe a
cada um de nós.
Fico com a dos
Espíritos, como
Emmanuel e
Philomeno de
Miranda...
Com todo o
respeito ao
professor
Francisco, seu
último parágrafo
contradiz o que
criticara antes
e também se
contradiz:
Por fim,
devemos
ressaltar que, a
homossexualidade
não pode ser
vista, na
doutrina
proposta por
Divaldo Franco,
como uma
transgressão a
conduta moral.
Devemos
esclarecer que
ser homossexual
na Doutrina
Espírita é algo
normal, o erro
existe na
prática sexual,
ou no
homossexualismo
como reforça
Alírio de
Cerqueira Filho.
A sublimação é a
saída mais
acertada para
que a evolução
moral e
espiritual
ocorra. Essa
lógica diverge
das demais
religiões que se
dizem cristãs, é
um avanço
considerável,
mas reforça o
estereótipo em
relação ao homem
gay, de que ele
é um ser
sexualizado e de
que tudo se
resume ao sexo.
O discurso
proferido não
rompe com os
binarismos, os
conceitos
cristãos
adaptados,
reinterpretados
e contidos na
doutrina
espírita, se
ancoram no
heterossexismo
onde se pauta,
orientando as
identidades e as
representações
coletivas que
devem gerir as
relações sociais
dentro da
religião, ou
dentro do espaço
público
religioso,
ainda, a partir
de uma lógica
patriarcal, se
percebe
claramente que
os discursos são
orientados pelo
modelo
heterossexual
ancorado na
lógica
reprodutiva,
familiar e
religiosa. A
partir das
análises, no que
se refere as
(sic) obras
investigadas,
percebemos a
doutrina
espírita como um
dispositivo
normativo,
dotado de
múltiplas
estratégias de
produção de
sujeitos
normalizados.
Toda filosofia e
crença tem por
base normas,
sejam estas
provenientes dos
homens, sejam do
plano
espiritual. O
Espiritismo ou
Doutrina
Espírita não
difere
basicamente das
normas cristãs,
porque se
evidencia,
justamente, no
que prescreve o
contido na
Bíblia, tirado o
aspecto
simbólico do seu
texto, mas, por
vezes,
claramente
exposto na
Escritura
Sagrada. Nesse
sentido,
criticar o
Espiritismo e
sua Doutrina
sobre o assunto
aqui
desenvolvido é
criticar o que
está no Decálogo recebido
por Moisés e o
que o próprio
Jesus falou, em
resposta aos
seus
inquisidores,
como lemos no
capítulo 19 do Evangelho
de Mateus,
ao lhe ser
perguntado se
seria lícito ao
homem repudiar
sua mulher por
qualquer motivo:
"[...] Não
tendes lido que
no princípio o
Criador os fez
macho e fêmea e
disse: Portanto,
deixará o homem
pai e mãe e se
unirá à sua
mulher, e serão
dois numa só
carne?" (Mateus,
19:4 e 5).
Todo espírita
esclarecido deve
conhecer muito
bem o contido
no Antigo
Testamento,
revelação
divina, assim
como a do
Cristo, que
anunciou o
surgimento do
Espiritismo (o
Consolador) para
nos relembrar
suas palavras e
"ficar
eternamente
conosco". Mas
também deve
estudar as obras
de Allan Kardec,
Léon Denis,
Gabriel Delanne,
Ernesto Bozzano,
entre outros, e
seus
continuadores
contemporâneos,
além das obras
mediúnicas
complementares.
O que passar
disso nada mais
é do que má-fé
ou ignorância
derivada de
estudo
incompleto ou de
ideias
preconcebidas e
preconceituosas
em relação à
obra anunciada
por Jesus, que
tem entre seus
grandes
representantes
Espíritos como
Emmanuel, André
Luiz, Maria
Dolores, Joanna
de Ângelis,
Victor Hugo,
Manoel Philomeno
de Miranda...
Todos esses e
outros numes
tutelares estão
muito bem
representados
por Chico Xavier
e Divaldo
Pereira Franco,
aos quais
prestamos nosso
mais profundo
respeito e
gratidão.