Nossos
ídolos também sofrem
É sempre importante
reiterar que todas as
criaturas humanas que
habitam nesta acanhada
dimensão - a Terra -,
estão igualmente
sujeitas às leis
cósmicas. Não há
privilégios especiais
concedidos pelo Pai
Celestial. Desse modo,
cada um deve confrontar
a sua própria realidade
espiritual se desfazendo
das impurezas e
imperfeições que lhe
dizem respeito, se
deseja, de fato,
alcançar a felicidade
plena. Sendo assim e
conforme nos indicam as
evidências, a dor, o
sofrimento e a decepção
atingem a todos
indistintamente, até
mesmo os nossos ídolos.
Ou seja, criaturas que
aprendemos a admirar ao
longo da vida pelo que
realizaram.
Nesse sentido, há poucos
dias atrás li um artigo
que reportava o
encerramento – até certo
ponto prematuro,
considerando o seu
enorme potencial
criativo – da carreira
do músico inglês Phil
Collins. No dia 26 de
março passado, num show
no O2 Arena, em Londres,
o inesperado anúncio foi
feito. Seus problemas de
saúde vinham se
agravando – tanto é que
ultimamente ele vinha se
apresentando sentado –
com a quase total perda
de mobilidade. Desse
modo, já não era mais
possível vê-lo
esbanjando alegria e
energia nos palcos,
aliás, uma das suas
marcantes caraterísticas.
Os seus problemas de
coluna foram se
complicando ao longo dos
anos, as cirurgias não
produziram efeito
positivo, e o
excepcional cantor e
baterista já não
conseguia mais tocar.
Phil, a propósito, tocou
por muitos anos no
Genesis, lendária banda
de rock progressivo
formada nos anos 1970.
Vale recordar que o
aclamado grupo musical
foi responsável por
alguns álbuns
considerados icônicos no
gênero, tais como Foxtrot (1972), The
Lamb Lies Down on
Broadway (1974), A
Trick of Tail (1976),
entre outros. Com a
saída do vocalista,
Peter Gabriel, Phil
assumiu a posição, já
que tinha um tom de voz
algo parecido, ao mesmo
tempo que passou a fazer
alguns duetos de bateria
com Chester Thompson, o
novo contratado. Tive o
privilégio de
assisti-los uma vez em
São Paulo, na minha
juventude, num show
absolutamente
antológico, no qual o
famoso músico e os seus
parceiros proporcionaram
uma noite feérica aos
presentes.
Cumpre frisar que o
século passado foi
mágico para o universo
musical. Grandes
cantoras(es),
fantásticas bandas e
conjuntos, estilos
musicais para todos os
gostos, shows
apoteóticos, muita
tecnologia e talento
humano, enfim, deram um
impulso extraordinário a
essa arte em particular.
No entanto, os artistas
também envelhecem. No
corrente século vimos
muitos se aposentarem ou
desencarnarem, já que
eterno é o só o
Espírito. Muitos deles
deixaram lembranças
inesquecíveis em nossas
vidas.
Ainda nos anos 1970, no
entanto, Genesis foi
mudando o seu estilo,
abandonando aquele som
instigante. Steve
Hackett, o guitarrista
solo, deixou o conjunto
em 1977, e o Genesis
embarcou de vez num
outro caminho musical –
bem menos criativo e
empolgante do que o
original, diga-se. A
partir daí, a banda foi
absorvendo uma faceta
mais pop music com
os discos Abacab (1981)
e Invisible Touch (1986).
Enquanto isso acontecia,
Phil Collins abraçou de
vez a carreira solo
paralela, desenvolvendo
vários projetos, tocando
e cantando com outros
músicos consagrados,
fazendo vídeo clipes
alegres e altamente
elaborados, bem como
mostrando toda a sua
fantástica
versatilidade.
Com o tempo o Genesis
foi ficando de lado e o
músico seguiu o seu
caminho. Apesar disso,
em seus extraordinários
shows muitas músicas da
fase do Genesis eram
lembradas para gáudio
dos saudosistas. Phil
Collins foi um músico
altamente produtivo e o
seu legado musical não
será esquecido. Ele
conseguia alternar
variações que iam do
canto suave e melódico
até a intensa potencial
vocal no auge da
carreira. Sempre serão
cantados os seus hits,
como Agains All Odds, I
Wish It Would Rain Down (essa
com a magnifica
participação de Eric
Clapton na guitarra
solo), One More Night, Do
You Remember, entre
outros tantos. Aos 71
anos, Phil deixa-nos uma
mensagem muito bonita do
ponto de vista musical.
Por outro lado, os males
que ora golpeiam a sua
saúde, impedindo-o de
continuar a trabalhar,
também já atingiram
outros. Outros monstros
consagrados no panteão
da música também
enfrentaram dolorosas
experiências. Ludwig van
Beethoven (1779-1827),
por exemplo, passou a
ter, aos 26 anos de
idade apenas,
gravíssimos problemas
auditivos, que
culminaram mais tarde
com a sua surdez,
causando-lhe grandes
depressões, e até mesmo
cogitar sobre o
suicídio. Muitos outros
artistas ainda passam ou
passaram por semelhante
experiência. Em dado
momento, algo começa a
falhar em seus
organismos
dificultando-lhe o
exercício da profissão.
É um processo de
finitude do qual não
podem se livrar a
despeito de todo seu
sucesso e prestígio.
É, enfim, o corpo
exibindo os seus limites
e restrições típicos da
vida material. Por isso,
necessitamos de algo
mais para cultivar, a
saber: a realidade do
Espírito. Afinal, tudo
fica mais palatável
quando passamos a
entender que “Ninguém,
que se encontre no mundo
em processo de
crescimento e saúde, que
não experimente os
camartelos definidores
dos rumos para alcançar
as cumeadas da
felicidade”, como
pondera o Espírito
Joanna de Ângelis.
Posto isto, desejo ao
cantor, baterista e
compositor Phil Collins,
que tantas vezes me
fascinou com a sua
música ímpar e
performances magistrais,
muita força nessa nova
fase de sua vida na qual
outros tantos sucumbiram
(ver, por exemplo, o meu
outro texto
a respeito clicando neste
link).
A sua adversidade não é
única, já que muitos
outros sofrem
amargamente neste mundo
de provas e expiações.
Mas tomara que lhe sirva
de consolo saber que
todo sofrimento tem fim.
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