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por Ricardo Baesso de Oliveira

 

As paixões, segundo Kardec


Allan Kardec define paixão como o excesso de um sentimento ou de uma necessidade. Tal definição foi apresentada pelo codificador no comentário ao item 908 de O Livro dos Espíritos:

Todas as paixões têm seu princípio num sentimento, ou numa necessidade natural. O princípio das paixões não é, assim, um mal, pois que assenta numa das condições providenciais da nossa existência. A paixão propriamente dita é a exageração de uma necessidade ou de um sentimento. Está no excesso e não na causa e este excesso se torna um mal, quando tem como consequência um mal qualquer.

Algumas lições podemos extrair do pensamento de Kardec:

1- A paixão está sempre no exagero, no excesso de condições que são naturais em nossa vida, como apreciar algo, gostar de alguém, depender de coisas que são fundamentais à nossa sobrevivência.

2- Em si mesma, a paixão não é um mal, mas pode tornar-se um mal quando traz algum tipo de dano (seja material, emocional ou espiritual) para o próprio indivíduo ou para outras pessoas.

3- Pode-se admitir boas paixões, que podem levar o homem à realização de grandes coisas, mas uma paixão só será genuinamente boa se apenas produzir o bem. Se o excesso de um sentimento produzir boas coisas de um lado, mas como efeito colateral, coisas más, de outro, não faz sentido considerá-lo como bom em si mesmo.

4- Didaticamente, as paixões podem estar relacionadas a sentimentos ou necessidades.

5- Paixões como excesso de sentimentos: a paixão pelo futebol, pelo carteado, pela política partidária, pela religião, por parceiros, filhos etc.

6- Paixões como excesso de necessidades: gula, dependências químicas, sexolatria, vaidade extremada, fixação no poder etc.

Dentre todas as consequências daninhas das paixões se destaca uma:  o sequestro da consciência. O apaixonado perde a capacidade de ajuizar logicamente, de avaliar as coisas de forma racional, de pensar com lucidez. Assim, não identifica em si mesmo atitudes gravemente equivocadas, que são óbvias para todo o mundo, mas que o pensamento perturbado, pelo excesso do qual foi vitimado, impede que sejam identificadas.

No combate às más paixões, seguindo o pensamento de Kardec, podemos sugerir:

1- Identificação com um grupo de pessoas onde se cultiva a verdade, se preza a justiça e se busca a solidariedade:

Nessas reuniões homogêneas e simpáticas haure novas forças morais; poder-se-ia dizer que aí recupera as perdas fluídicas perdidas diariamente pela irradiação do pensamento, como recupera pelos alimentos as perdas do corpo material. R. E. de dezembro de 1864.

2- Oração sincera:

A prece é o orvalho divino que suaviza o calor das paixões. ESE. Cap. 27, item 23.

3- Sintonia com os bons Espíritos

Pode o homem achar nos Espíritos eficaz assistência para triunfar de suas paixões?

“Se o pedir a Deus e ao seu bom gênio, com sinceridade, os bons Espíritos lhe virão certamente em auxílio, porquanto é essa a missão deles.”  - OLE - item 910.

4- Estudo permanente da Doutrina espírita

[Um rapaz] que se iniciou no Espiritismo há apenas dois meses, captou o seu alcance com tal rapidez que, sem nada ter visto, o aceitou em todas as suas consequências morais [...]; ideias, hauridas num estudo sério do Espiritismo produziram em seu cérebro uma súbita revolução; pareceu-lhe que um véu foi retirado de seus olhos; a vida se lhe apresentou sob outra faceO Poder da Vontade sobre as Paixões – R. E. de julho 1863.

5- Autocontrole, como instrumento da vontade.

Compreende a sua natureza espiritual aquele que as procura reprimir [as paixões]. Vencê-las é, para ele, uma vitória do Espírito sobre a matéria. OLE, item 911.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita