Há 97 anos realizava-se o 1º Congresso
Espírita Português
A União Espírita Algarvia, uma das primeiras entidades
formadas em torno da doutrina espírita em Portugal, foi
também a responsável pela organização, no Algarve, dos
dois primeiros congressos espíritas realizados em terras
de Camões, ambos a nível regional.
Em face da receptividade que tiveram esses eventos, e
com o apoio expressivo do periódico algarvio "Ecos do
Além", foi organizado na capital do país o 1º Congresso
Espírita Português, que foi realizado no Ateneu
Comercial de Lisboa, nos dias 14 a 17 de maio de 1925.
Repercussão do evento
A afluência de público e a qualidade das comunicações
apresentadas foram elevadas, fato que repercutiu, de
modo geral, na imprensa da capital portuguesa.
Entre os nomes então presentes no conclave,
destacavam-se:
- Viriato Zeferino Passaláqua (general do Exército
português), presidente da comissão organizadora do
congresso
- José Francisco Cabrita (professor), presidente da
seção Moral e Filosofia
- Maria O'Neill (docente da Faculdade de Ciências de
Lisboa e escritora), presidente da seção Ciência
- Afonso Acácio Martins Velho (advogado e escritor),
presidente da seção União e Assistência
- Adolfo Bernardino de Sena Marques e Cunha (docente da
Faculdade de Ciências de Lisboa)
- Amélia dos Santos Costa Cardia (médica e escritora)
- António Joaquim Freire (médico e escritor)
- António Eduardo Lobo Vilela (matemático e escritor)
- Artur Sangreman Henriques (major do Exército
português)
- João Catanho de Menezes (advogado e político)
- João José da Silva (magistrado)
- Leonardo Coimbra (filósofo, professor e político)
- Pedro Cardia (jornalista).
As teses apresentadas no Congresso
O Congresso iniciou-se no dia 14 de maio, quinta-feira,
às 14h, e encerrou-se no dia 17 de maio, domingo, no
final da tarde, com leitura de todas as conclusões
aprovadas e o discurso de despedida do presidente da
comissão organizadora.
Foi publicado na época pela Tipografia Minerva, de
Famalicão (Portugal), um opúsculo que contém o convite,
a ordem do dia, a programação e as conclusões das teses
aprovadas no Congresso, que foram agrupadas em três
seções distintas:
Primeira seção:
Moral e Filosofia, sob a presidência do professor José
Francisco Cabrita.
Sete teses foram apresentadas:
1 – O bem, religião da humanidade
2 – O aperfeiçoamento do espírita
3 – Solidariedade e não caridade
4 – A moral espírita
5 – Destrinça entre a ciência espírita e a moral
espírita; valor moral daquela e influência espiritual
desta
6 – Reencarnação e em que ela se baseia
7 – Espiritualismo e Espiritismo.
Segunda seção:
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Ciência, sob a presidência de Maria O'Neill, docente da
Faculdade de Ciências de Lisboa e escritora. |
Cinco foram as teses apresentadas:
1 – Socialismo e Espiritismo
2 – A atitude da ciência perante o Espiritismo
3 – O Espiritismo como ação social
4 – Podem ser admitidos dogmas na ciência espírita?
5 – Loucura espírita, ou seja, obsessão.
Terceira seção:
União e Assistência, sob a presidência do escritor e
advogado Afonso Acácio Martins Velho.
Quatro teses foram apresentadas:
1 – A união dos espíritas portugueses
2 – Relatório da Comissão Pró-Federação
3 – Porque se não deve confundir Espiritismo com
Espiritualismo no sentido de teosofia, ou seja, a
sabedoria divina
4 – Assistir os deserdados da fortuna moral e material.
Quem foi Viriato Zeferino Passaláqua
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O presidente da Comissão Organizadora do 1º Congresso
Espírita Português, o primeiro realizado no país com
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abrangência nacional, Viriato Zeferino Passaláqua,
pioneiro espírita em Portugal, foi militar do Exército
português, no qual alcançou a patente de general. |
Considerado por seu pares um dos mais cultos exegetas do
Velho e Novo Testamento bíblicos do seu país, além de
presidir o Congresso de maio de 1925, nele colaborou
apresentando as teses "Espiritualismo e Espiritismo" e
"Loucura Espírita", este último versando sobre a
obsessão.
Foi colaborador assíduo das revistas "Luz e Caridade"
(de Braga) e "Estudos Psíquicos", bem como do jornal "O
Mensageiro Espírita", da Federação Espírita Portuguesa.
Nascido em 1836, desencarnou em 14 de março de 1926.
Quando do seu falecimento, a revista "Luz e Caridade"
registou:
"O seu lugar nas hostes espíritas fica vago, porque não
há ninguém que possa substituí-lo. Batalhador
incansável, homem de uma só têmpera, forte na sua
crença, iluminado pelo fulgor da sua fé, ele foi um dos
mais ardorosos propagandistas da religião de Jesus – do
Cristianismo primitivo. Em toda a sua pureza, em toda a
sua grandiosidade."