Chico Xavier e o governo
Todos os Espíritos estão destinados à perfeição, e Deus
lhes fornece as maneiras de alcançá-la por meio da
reencarnação. Emmanuel
(Chico Xavier)
Algumas pessoas com ideal cristão pensam que os
problemas sociais não são seus problemas e sim do
governo, que tem de resolvê-los e teria recursos para
tanto. Que seria só suspender a corrupção e aplicar isso
em favor do povo.
Eu visitei Chico Xavier em Uberaba e participei do
Evangelho embaixo do abacateiro, onde se fazia uma
leitura e depois todos podiam comentar e o seu guia
Emmanuel finalizava com alguma mensagem sobre o tema.
Uma coisa bem simples e fraterna.
Ao lado se formava uma multidão de pessoas carentes que
vinham em busca de ouvi-lo, moradores do bairro e
pessoas necessitadas. E Chico, junto com outros
espíritas, distribuía alimentos e dinheiro para as
pessoas necessitadas.
Conta-se que certa feita um jornalista, depois da
atividade encerrada, quis conversar com o médium e
questionou se aquela atividade não seria paliativa, pois
não resolvia a questão da necessidade daquelas pessoas –
noutros dias elas estariam precisando novamente.
E afirmou, categórico: “Esse é um trabalho do governo,
que tem que produzir melhor distribuição de renda e
gerar mais empregos e melhor educação e saúde para o
povo”.
E Chico, na sua simplicidade, não querendo polemizar,
disse mais ou menos assim: “Meu amigo, se a casa do meu
vizinho está pegando fogo, eu devo procurar uma
mangueira ou balde e ajudar a apagar as chamas até que o
corpo de bombeiros preste o socorro necessário, mesmo
porque até eu que sou vizinho corro risco com o
incêndio”.
Um caso semelhante também é relatado por Adelino da
Silveira, escritor e amigo do médium: “Resposta de Chico
Xavier a uma pessoa que, ao observar os necessitados
tomando sopa, lhe perguntou: O senhor acha que um prato
de sopa vai resolver o problema da fome no mundo?
“Chico, sem titubear disse: O banho também não resolve o
problema da higiene no mundo, mas nem por isso podemos
dispensá-lo”.
Francisco Cândido Xavier (02/04/1910–30/06/2002) viveu
uma existência simples, porém iluminada, principalmente
para nós que apreciamos as belezas e ensinamentos de
suas páginas psicografadas.
Acredito que sua produção literária será estudada nas
escolas e universidades, transformadas em novelas e
filmes e apreciadas pelas demais religiões.
Para finalizar, colho aqui dois ensinos ditados pelos
seus benfeitores espirituais.
“Quem ama o próximo sabe, acima de tudo, compreender. E
quem compreende sabe livrar os olhos e ouvidos do
venenoso visco do escândalo, a fim de ajudar, ao invés
de acusar ou desservir”, por Emmanuel.
E este, por André Luiz: “Estime a solidariedade. Você
não poderá viver sem os outros, embora na maioria dos
casos os outros possam viver sem você”.
Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é
diretor da Editora EME.
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