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por Bruno Abreu

Permaneça no Presente ou permaneça no Agora?


Muitos já ouvimos a expressão “permanece no presente” ou “permanece no agora”, alguns até dizem que este é o único tempo que existe.

Será que o presente e o agora são a mesma coisa?

Cronologicamente, o tempo presente, que é confundido como agora, tem uma velocidade impossível de alcançar. Quando pensamos presente, já é passado. O máximo a que a nossa mente consegue chegar é aos segundos, daí para baixo, os centésimos de segundo ou milésimos de segundos são inalcançáveis mentalmente.

O tempo agora não pertence ao tempo cronológico, não é o “presente” cronológico, como muitos julgam, pois esse é impossível de alcançar. O tempo agora pertence ao tempo mental.

Como funciona o tempo mental?

O tempo mental tem passado, futuro, presente e agora.

Passado – Quando o pensamento traz uma memória nós passamos para o passado. A mente revive o passado com base no que percepcionou. Este é o tempo mental mais fácil de compreender.

Vivermos neste tempo mental é a forma mais sofredora do ser humano. Ficamos presos a ideias, problemas criados em nossas mentes, emoções permanentes que nos angustiam, e não conseguimos andar para a frente, embora vejamos todo o “mundo” a caminhar.

O tempo cronológico não para, mas, nestes casos, nós nos mantemos presos ao passado.

Futuro – Este existe para a mente, quando o pensamento imagina o futuro. Esta imaginação é feita com base na memória, porque não conseguimos pensar fora do que conhecemos, logo, é uma montagem de um tempo futuro, com construção do conhecimento, efetuado pelo pensamento. É igual ao passado, mas com a ideia de que é futuro.

Repara que não podemos pensar numa língua que não conhecemos. Por que não o podemos fazer?

O pensamento utiliza a memória do ser e esta é construída na reencarnação atual. Todo o funcionamento do pensamento tem que estar condicionado ao conhecimento consciente e/ou inconsciente do ser terreno.

Presente – Se estamos a viver o presente, com base no pensamento, ou seja, a forma percepção, então não é agora.

 O que é a Percepção? – Olhar o presente com a tradução do conhecimento, ou seja, passado. Uma constante análise com base no nosso conhecimento, sobre tudo o que acontece, ou seja, uma tradução do exterior na linguagem interior. Um dos grandes exemplos é a forma como olhamos para os outros. Se é uma pessoa que nos aborreceu, quando olhamos para esta, estamos de pé atrás. Influência do passado no que achamos ser o presente. Esta é a forma que nós normalmente vemos o presente, por isso, vivermos envoltos em problemas, carregados do dia a dia.

Com a percepção, passamos a ver o presente como imaginação nossa e não como uma verdade. Todas as experiências que temos tornam-se uma repetição mental, passou a ser a nossa mente a criar a realidade em vez de vivê-la. O resultado disto é a constante comparação da vida com o que nós queremos, resultando em indignação constante. Este é o principal motivo dos conflitos internos e externos, pois se aceitássemos a vida como ela é, o que Jesus chamou de Fé e resignação, não estaríamos em conflito.

Agora – O agora é o tempo psicológico onde não existe influência do passado, logo não existe influência ou funcionamento do pensamento.

Quando uma criança recebe pela primeira vez uma determinada matéria que nunca tinha escutado, não tem influência do passado ou do pensamento. Este é o estado do agora. É muito utilizado no método de observação científico, para que a observação não possa ser influenciada pelo conhecimento, ou seja, pelo pensamento que é o passado.

Vivermos a vida desta forma, que nos parece impossível sem nunca termos tentado, é o tempo do agora. Um tempo livre, pacífico e cheio de amor. Simplesmente estarmos presentes.

Neste tempo psicológico acontece a Fé e o amor incondicional, porque não existem condições, pois estas são colocadas pelo pensamento de quem as tem, com base no que deseja que aconteça ou como os outros sejam.

Uma das primeiras histórias da Bíblia que todos conhecem, explica isto. Adão e Eva comem a fruta da árvore do conhecimento (criam uma memória que lhes serve para olhar para a vida moral e psicológica), ficam a saber o que é o certo e o errado (criam um caráter forte que sabe o que é certo e errado e passam a comparar os outros e a vida com as suas opiniões) e saem do Paraíso (perdem a paz, pois a indignação que nasce dos desejos de como querem as coisas e os outros toma conta deles, perdem a fé e a resignação).

Por sua vez, Jesus aconselha a mergulharmos em nós, pois o reino de Deus está dentro de nós, mas para isso temos que nos desapegar dos próprios desejos e mentalidades conflituosas, para podermos passar este mar revoltoso e encontrarmos a fé, a paz e o amor incondicional.

O trabalho tão difícil do autoconhecimento, pois só atravessaremos o mar dos próprios defeitos através da compreensão do mal que nos fazem.

Mateus 6:34: “Não vos inquieteis pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal”.

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita