Em 1973, Chico Xavier era um best-seller recordista
no Brasil. Tinha escrito 116 livros e vendido mais de 4
milhões de exemplares. A renda com direitos autorais
atingia a média de 30 mil cruzeiros mensais. Ele doava
tudo às editoras espíritas. Sobrevivia com os modestos
386 cruzeiros de sua aposentadoria no Ministério da
Agricultura, ou seja, cerca de 1% do quanto rendiam os
livros a cada mês. De todos os títulos, reverteu a venda
de treze à Comunhão Espírita Cristã. Apenas um dos
livros, lançado um ano antes, Sinal Verde, já
tinha esgotado três edições de 10 mil exemplares cada.
Catorze anos após a fundação, a Comunhão já ocupava
quase o quarteirão inteiro. Ambulatórios médico e
dentário funcionavam ao lado da livraria, um abrigo para
idosos, sala de costuras para confecção de agasalhos,
biblioteca e salão onde eram distribuídos setecentos a
mil pratos de sopa todos os dias. Tanta prosperidade
começou a incomodar o escriturário aposentado. Numa
tarde, Chico chegou ao galpão onde atendia o público e
encontrou dois buracos na parede. Seus assistentes
queriam lhe fazer uma surpresa: instalar aparelhos de
ar-condicionado. O médium foi curto e grosso: eles
entram e eu saio. Este é um local de trabalho.
Do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.
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