Aqui se faz, aqui se paga?
O Criador de todas as coisas determinou um processo de
evolução para todas as suas criaturas contemplando
regulares passagens por mundos materiais – as muitas
casas do Pai -, ocupando estruturas biológicos nos
vários reinos da Natureza, sistematicamente, até
aprender o que é permitido pelo Criador, quando
atingirão a perfeição relativa. A partir deste momento,
não há mais necessidade de reencarnar, embora se possa
fazer em função de particulares missões.
Há três caminhos possíveis a trilhar quando alcançamos o
reino hominal: ou fazemos apenas o bem, apenas o mal,
ou, um misto de ações boas e ruins, vivenciando os
resultados positivos ou negativos destas experiências,
em nossas existências futuras – colhe-se conforme a
semeadura -, é da lei.
Nesta breve análise sobre o nosso processo evolutivo,
nos concentraremos naqueles que optaram por não fazer
apenas o bem, desde o início de suas jornadas, conforme
previsto na Doutrina Espírita:
Os Espíritos são criados iguais quanto às faculdades
intelectuais?
“São criados iguais, porém, não sabendo donde vêm,
preciso é que o livre-arbítrio siga seu curso. Eles
progridem mais ou menos rapidamente em inteligência como
em moralidade.”
[Comentário de Allan Kardec] Os Espíritos que desde o
princípio seguem o caminho do bem nem por isso são
Espíritos perfeitos. [...]1 (negritamos)
É o próprio Codificador ratificando a possibilidade de o
Espírito fazer o bem desde o início de sua trajetória de
evolução.
No entanto, e aquele que não optou por este padrão?
Certamente, através de suas más ações, acumula prejuízos
a si mesmo, ao próximo, ou a ambos, que deverão ser
compensados, resgatados, anulados, pagos, seja qual
forma desejarmos usar para caracterizar estes débitos
morais e materiais com terceiros e com ele mesmo.
Sim, qualquer ato destoante dos princípios divinos,
causa danos, não há como fugir desta colheita, pois a
semeadura é livre, mas o resultado é obrigatório.
Apesar disso, a bondade do Magnânimo é tamanha que
permite o pagamento de duas formas possíveis: pela
dor/sofrimento, ou pelo amor. Há sempre dois possíveis
caminhos e, mais uma vez, a escolha é nossa.
No primeiro, o indivíduo é obrigado a pagar, e este
pagamento se faz com dor e incômodo, pois o Espírito nem
sempre deseja quitar a sua dívida, embora saiba que
deve, é a expiação.
O segundo se patenteia através do imortal ensino: o
amor apaga a multidão dos pecados.
Ou seja, as boas ações são vistas por Deus como uma
forma de ressarcir à economia moral do planeta aquilo
que lhe foi lesado pelo indivíduo.
Geralmente, o Espírito permanece um bom período de sua
vida vinculado a um particular planeta, de modo a
construir virtudes e aprimorar sua inteligência, junto
àqueles com quem vem participando de experiências
comuns.
De modo semelhante, este Espírito vai resgatando as suas
dívidas passadas, interagindo constantemente com outros
Espíritos reencarnados neste mesmo orbe.
Contudo, coincidentemente, a Terra está atravessando uma
transição de mundo de provas e expiações para
regeneração, há décadas, quando talvez bilhões serão
daqui retirados. Sendo assim, todos estes devedores da
Terra que ainda não quitaram as suas dívidas e já foram
e estejam sendo transferidos para outro orbe, junto com
todos aqueles que ainda terão que mudar de casa, durante
este processo, pois não possuem condições morais de
permanecer no planeta, ou seja, não herdarão a Terra,
responderão à pergunta: Aqui
se faz, aqui se paga?
- Não, nem
sempre!
Transferidos de mundo, passarão a pagar seus débitos em
outro orbe, contrariando parcialmente a afirmação de
que: tudo de
mal que se faz aqui, necessariamente, aqui se paga.
No entanto, o que nos proporciona alívio, é que
independentemente de onde o Espírito transgressor das
leis deverá quitar seus débitos, a Bondade Infinita do
Universo, sempre proporcionará meios para que todas as
suas ovelhas sejam salvas, mais cedo, ou mais tarde.
Referência:
1 KARDEC,
Allan. O
Livro dos Espíritos.
Tradução Guillon Ribeiro. 69. ed. Rio de Janeiro: FEB,
1987. q. 127.