É missão
dos pais desenvolver a
inteligência espiritual
dos filhos?
É absolutamente
compreensível que os
pais da atualidade, em
especial aqueles mais
bem-sucedidos do ponto
de vista profissional e
econômico, se empenhem
para que os seus filhos
também o sejam em suas
vidas. Partindo dessa
premissa básica, pode-se
conjecturar que fazem
todo o possível que a
sua prole estude em bons
colégios e faculdades.
No afã de lhes
proporcionar o melhor
nesse particular,
investem pesado para que
façam cursos de línguas,
aulas de reforço
escolar, viagens
internacionais de
intercâmbio cultural e
assim por diante. A
ideia subjacente em todo
esse esforço é que o
filho(a) desenvolva a
sua inteligência e se
capacite para o
aprendizado de inúmeras
disciplinas e campos do
conhecimento – pilar
para o progresso na cada
vez mais exigente
carreira profissional,
seja ela qual for.
Apesar dos contratempos
na esfera do ensino
gerados pela Covid-19,
de maneira geral, as
medidas acima continuam
sendo imprescindíveis.
Sem elas, é pouco
provável que o indivíduo
venha se destacar no
competitivo mercado de
trabalho. Todavia, em
flagrante contraste com
o passado recente, no
qual o indivíduo
começava de baixo numa
empresa e, lentamente,
galgava as promoções,
hoje a dinâmica é outra
muito distinta. Ou seja,
o jovem contemporâneo
precisa mostrar desde
cedo excepcional aptidão
e capacitação, sem as
quais suas chances serão
muito reduzidas.
Desse modo,
privilegia-se o talento
(a inteligência, enfim)
que deve estar no mínimo
em estado latente, isto
é, apta para ser
desenvolvida e
aperfeiçoada. De certa
maneira, é um jogo de
cartas bem marcadas,
pelo menos no que tange
aos melhores empregos e
oportunidades. Por sua
vez, os pais se incumbem
de exercer o papel de
condutores deste
processo como
patrocinadores e/ou
orientadores. Com
efeito, cabe a eles a
missão de lapidar os
seus filhos, bem como
ajudá-los a evitar,
dentro do possível,
fracassos desnecessários
decorrentes de más
decisões e escolhas.
Mas eles também podem,
por exemplo, alertá-los
para o imperativo de
desenvolverem algo mais
além da indispensável
inteligência,
capacitação e preparo.
Nesse sentido, vale a
pena formular a seguinte
indagação: pode a
superinteligência levar
ao desenvolvimento
espiritual? Essa
questão foi, a
propósito, discutida
recentemente num
interessante artigo
publicado no prestigioso
jornal acadêmico Religions, de
autoria do ilustre
Professor Dr. Ted
Peters, da Graduate
Theological Union dos
EUA. Para ele, a nossa
inteligência faz o
julgamento possível.
Dito de outra forma, a
inteligência humana não
dita que tipo de
julgamento dever ser
feito. Assim sendo, de
acordo com ele, “A
bússola moral deve ser
acrescentada para se
fazer sólidos
julgamentos morais ou
espirituais”. Concluindo
o seu raciocínio, ele
sugere que a
manifestação da
inteligência não está
necessariamente
estribada no pilar
moral.
De fato, observa-se
presentemente uma
miríade de
desenvolvimentos
científicos e
tecnológicos apoiados na
inteligência artificial,
por exemplo, na qual a
mão humana ocupa, por
assim dizer,
papel-chave, mas não
necessariamente voltados
para o bem-estar geral.
Conforme sólidas
suspeitas indicam, a
Covid-19 pode ter sido
criada em laboratórios
da China (essa história,
aliás, ainda não foi
suficientemente
esclarecida). Seja como
for, é fato que armas
químicas, biológicas e
mísseis supersônicos
(inclusive nucleares)
foram e têm sido
criados/aperfeiçoados,
mas divorciados do nobre
propósito de ajudar a
humanidade.
Segue daí, então, a
conclusão de que a
inteligência humana,
embora tenha alcançado
altos graus de
desenvolvimento,
continua, não raro,
sendo mal empregada.
Sendo essa a realidade à
qual estamos todos
expostos, os pais podem
e devem ajudar os seus
filhos desde cedo a
também desenvolver a
inteligência da alma, ou
seja, a inteligência
espiritual. Tal
potencialidade tem sido
associada a inúmeras
virtudes tais como
alegria, amor, ausência
de ego, autorrealização,
autotransformação,
consciência, caridade,
compaixão, comunidade,
discernimento, empatia,
fazer o bem,
generosidade, gratidão,
humildade, perdão,
preces, preocupação com
o outro, propósito,
resistência,
responsabilidade,
sabedoria, serenidade,
servir, sofrer,
tolerância,
transcendência, verdade,
visão etc.
Posto isto, os pais
podem trabalhar para
incutir na mente dos
filhos valores
superiores, bem como
orientá-los para o dever
moral de jamais
abandonar preocupações
dessa natureza. Tais
elementos formadores do
caráter podem ser
obtidos através dos
saudáveis diálogos
familiares ou exercícios
práticos. (Parece
insignificante, mas,
definitivamente, não é,
levar as crianças, por
exemplo, a visitar um
parente doente, a um
velório ou mesmo separar
objetos usados para
doação.)
Creio piamente que tais
esforços/iniciativas por
parte dos pais fará
muito bem aos filhos,
particularmente na
maneira como seguirão ao
longo de suas vidas. No
mínimo servirá de
lembrança providencial
nos momentos mais
críticos em que o
livre-arbítrio for
acionado. Lembremos
igualmente que os filhos
também estão sujeitos a
enfrentar testes morais
de variada ordem. Em
assim acontecendo, como
curso natural da vida e
da evolução do Espírito,
é evidente que podem
sucumbir aos apelos da
matéria e, assim, acabar
trilhando por caminhos
ínvios. Se tal
infelicidade vier a
acontecer, aos pais
haverá pelo menos o
sentimento de
consciência tranquila de
tê-los orientado para o
bom caminho.
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